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Pilotos resolvem 'barracos' em reuniões internas. E quem sofre é Verstappen

Charles Coates/Getty Images
Imagem: Charles Coates/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Cidade do México (MEX)

27/10/2016 06h00

A adoção da chamada “regra Verstappen”, que visa punir pilotos que se defendam mudando de trajetória após o ponto de freada das curvas foi a última das mudanças que os pilotos têm conquistado nos últimos meses por meio de muita pressão durante as reuniões que fazem a cada GP com a direção de prova. E foi também resultado de um descontentamento com a maneira como especialmente o holandês vinha evitando ser ultrapassado.

As broncas com Verstappen não são de hoje e ganharam força na reunião do GP da Alemanha, quando vários pilotos concordaram que as ações do holandês na corrida anterior, na Hungria, tinham passado do limite. Mas qual limite, uma vez que não havia uma regra que deixava explícito que o tipo de defesa de Max era ilegal?

A questão é que os pilotos respeitam um código não escrito de regras, que leva em consideração movimentos potencialmente perigosos. É como um acordo de cavalheiros do qual Verstappen não via por que fazer parte, uma vez que não havia, nas regras, algo que impedisse esse tipo de defesa.

Como só as queixas não levaram o holandês a mudar de atitude, a pressão dos pilotos passou a ser para colocar essa tal ‘regra de conduta’ no regulamento em si, o que foi feito durante o final de semana do GP dos Estados Unidos, depois de outra reunião longa e tensa.

O próprio holandês testemunhou que os pilotos que mais se queixaram foram Sergio Perez e a dupla de pilotos da Ferrari. “Eu falei qual era meu ponto de vista. Se o piloto da frente pode ficar na direita, então o que está atrás pode desviar para a esquerda, pois ele está mais longe do ponto de freada daquele que está perseguindo”, defendeu-se. “Não acho que deveria ser algo importante. Mas a maioria dos pilotos parece ter outra opinião.”

Após a decisão de colocar o ‘modo de conduta’ nas regras, pilotos cuja opinião tem muito peso, como os campeões do mundo Jenson Button e Lewis Hamilton, deixaram clara sua posição.

“Quando você parte para uma manobra, está no limite, quase perdendo o controle. E se alguém tira o espaço no qual você está mergulhando, você vai se dar mal. Em 15 anos correndo na F1 nunca tinha tido problema, só nos últimos dois anos”, disse Button, sem citar nominalmente Verstappen, que estreou ano passado.

“Sempre tivemos as mesmas regras, mas tem uns novatos que não estão cumprindo-as”, concordou Hamilton. “Tem a ver com o respeito que temos um pelo outro. Estamos correndo em velocidades altas; você tem de se comprometer com um movimento de defesa. E ficar lá. É ótimo que Charlie [Whiting, diretor de provas e quem coordena as reuniões] concorda com a maioria dos pilotos. As regras têm de ser claras.”

Pilotos com voz ativa
Depois de pedir em diversas ocasiões ano passado para serem mais ouvidos, os pilotos têm visto resultados práticos neste ano. Além da ‘regra Verstappen’, o grande exemplo do ano foi a pressão pela ampliação dos testes com o halo antes que o dispositivo que aumenta a segurança na região da cabeça seja adotado.

Nas últimas corridas, vários pilotos têm provado a novidade - no México, neste final de semana, inclusive, um deles será Felipe Massa, que explicou ao UOL Esporte a dinâmica das reuniões.

“A gente conversa primeiro sobre a corrida que passou e cada piloto dá sua opinião. Depois que já foi tudo resolvido sobre a corrida anterior, passa para a daquele final de semana - o que os pilotos achavam da pista e qual a opinião geral.”

E engana-se quem pensa que apenas os mais experientes falam. Em sua segunda temporada na Fórmula 1, Felipe Nasr gosta do tipo de participação que é estendido a todos - e comemora algumas das evoluções que os pilotos conseguiram recentemente.

“Todo mundo está aberto a opinar em todas as situações. Acho bom que o diretor de prova tenha interesse sobre nossas opiniões e acho que as reuniões são muito válidas, são várias decisões importantes. Limites de pista, bandeira amarela, mais testes para adoção do halo, foi tudo discutido nestas reuniões. Eles têm que ouvir quem está na pista, quem vive estas condições.”

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