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"Segura e limpinha" na F-1, Interlagos sofre com violência e sujeira no ano

Morador da região de Interlagos tem visão privilegiada do autódromo - TV UOL - TV UOL
Imagem: TV UOL

Luiza Oliveira

Do UOL, em São Paulo

13/11/2016 06h00

Quem passeia pelo bairro de Interlagos durante o fim de semana do GP do Brasil tem uma boa impressão. Os policiais estão por todos os lados, as ruas estão limpas e até o chão está pintado com cheiro de tinta fresca. Mas essa não é a realidade, ao menos na visão dos moradores do local.  Eles reclamam da ‘maquiagem’ que é feita na região apenas no período do GP.

A vizinhança do autódromo aprova o evento por causa das benfeitorias que são feitas durante o fim de semana, mas lamenta o descaso das autoridades no restante do ano. A principal insatisfação é em relação à segurança.

“Quando chega essa época, fica tudo bonitinho para o pessoal de fora ver. Mas quando vai embora, volta tudo ao normal de novo. Se você vier aqui no fim de semana, vai ver um batalhão de policial. Mas se se voltar na terça-feira já não vai ver mais nenhum aqui. Vai ver uma viatura aqui fora ou se tiver algum carro de corrida lá dentro porque, na verdade, eles vêm para cá para proteger os carros e o pessoal que vem de fora, não a população”, disse o motorista Marcio dos Santos que mora em frente ao autódromo.

Paulo Oliveira, que trabalha como ajudante geral, já foi vítima de violência no bairro e tem a mesma opinião. “A segurança que tem aqui é só na época da Formula 1. Aqui é cada um por si e Deus por todos”, conta.

De fato, o esforço da Polícia Militar é grande no período. De acordo com a corporação, são 350 homens trabalhando para o evento neste fim de semana, o que inclui tropa de choque, cavalaria e policiais em motocicletas, viaturas ou a pé. O número é mais de dez vezes superior ao efetivo em um período normal que tem cerca de 30 policiais circulando com no máximo oito viaturas.

O capitão da Polícia Militar Odair Macedo de Camargo explica que não é possível manter o mesmo efetivo durante todo o ano. “É um evento de proporção internacional sediado na cidade. Não da para ter esse efetivo todo, que vem de varias regiões, concentrado aqui sempre. Senão todo mundo ia querer morar em Interlagos”, diz.

Além da falta de segurança, outro problema apontado pelos moradores é a sujeira do bairro. Eles reclamam de bueiros entupidos, do lixo presente nas ruas e até de uma água parada que se tornou foco de dengue e moradia para animais.

“A casa que a gente nora aqui atrás tem uma água parada, o pessoal joga um monte de água e lixo lá. Aparece um monte de cobra, tudo quanto é bicho vai para a casa da gente. Eles não veem isso ai. Mas na Fórmula 1 querem tudo bonitinho. Esse povo só quer ganhar dinheiro, e o povo só se lasca”, esbraveja Paulo Oliveira.

A reportagem do UOL Esporte entrou em contato com a Subprefeitura Capela do Socorro que é responsável pela região. O órgão informou em nota oficial que “realiza serviços de zeladoria e manutenção, como limpeza de vias e bueiros, pintura de guias, podas de árvores e corte de mato, tapa buracos, dentre outros, durante todo o ano periodicamente, respeitando uma programação que visa atender não só no bairro de Interlagos, onde está localizado o autódromo, mas a todos os bairros da região”.

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