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Honda começa o ano pressionada pela McLaren e sem acertar a mão no motor

Dan Istitene/Getty Images
Imagem: Dan Istitene/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

16/03/2017 04h00

A partir deste ano, ao longo das 20 etapas do campeonato da Fórmula 1, cada piloto tem o direito de usar quatro unidades de potência. E apenas em oito dias de testes na pré-temporada, a McLaren-Honda já quebrou mais do que isso. Não é por acaso que, mesmo no terceiro ano do retorno de uma das parcerias mais vencedoras da história, os sinais de tensão já estão claros.

Mas por que a Honda não consegue se acertar?

Havia a esperança de que os japoneses dessem um grande salto nesta temporada, quando o regulamento deixaria de controlar o número de mudanças que as fornecedoras poderiam fazer nos motores. Ainda mais depois do avanço que foi observado ao longo do ano passado, em que a McLaren chegou a se colocar entre as seis melhores equipes.

Porém, entendendo que seu projeto inicial, que focava em ocupar o mínimo de espaço, havia chegado ao limite, os japoneses optaram por começar do zero em 2017, sob o risco de não acertar de primeira.

E foi o que aconteceu. A sequência de quebras nos testes teria como causa o excesso de vibração do motor, que estaria causando panes elétricas no carro, algo para o qual a Honda não tinha uma resposta imediata. Assim, mesmo com a equipe trocando constantemente as peças para encontrar a fonte do problema, o carro continua “desligando-se”.

Não por acaso, além de Fernando Alonso e Stoffel Vandoorne não terem feito sequências maiores do que 11 voltas na pré-temporada, a dupla também não pôde usar a potência máxima: a melhor volta no Circuito da Catalunha ficou a mais de 3s do tempo mais rápido, obtido pela Ferrari.

Clima tenso
Os testes foram marcados por frases fortes de Alonso, que chegou a dizer que “todos na McLaren estão prontos para vencer, menos a Honda”, e definiu o motor como “sem potência e sem confiabilidade”, ao mesmo tempo em que elogiou o equilíbrio do carro.

O tom crítico também foi adotado pela própria chefia da McLaren. O chefe Eric Boullier disse que a equipe esperava encontrar problemas com um projeto novo, mas não tantos. “Isso também é um problema nossa, mas são problemas que não pudemos resolver antes dos testes. Alguns deles são do motor, mas o chassi também é muito pesado. Só devemos trabalhar para ter menos problemas e poder correr mais.”

Quando perguntado pelo jornal espanhol “As” se acredita que a McLaren estaria vencendo corridas se tivesse o motor Mercedes, o francês afirmou que “sim, estaríamos vencendo novamente.”

Há de se lembrar, contudo, que a McLaren decidiu firmar parceria com a Honda, que voltou à F-1 somente em 2015, quando os motores V6 turbo híbridos já estavam sendo usados há um ano, por considerar que não conseguiria vencer caso fosse cliente da Mercedes, que tem time próprio. Com o equipamento dos alemães, a equipe foi quinta colocada em 2014.

A falta de opções é um dos entraves para uma eventual quebra de contrato entre as partes, embora acredita-se que haja cláusulas que permitam isso de ambos os lados.

A Honda levará ao GP da Austrália, que abre a temporada dia 26 de março, uma versão de sua unidade de potência já com modificações, o mesmo acontecendo com o próprio carro. Mas nem mesmo Alonso esconde que o objetivo para a prova de Melbourne é, pela primeira vez no ano, completar os 300km de uma corrida.

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