Ferrari está no nível da Mercedes. Mas corre o risco de ficar para trás
Poucos acreditavam em um bom desempenho da Ferrari em 2017 antes da pré-temporada começar. Afinal, o time italiano parecia perdido após ter se tornado apenas a terceira força ano passado, sem nenhuma vitória sequer, e contava com um grupo de engenheiros pouco experientes para projetar o carro.
Porém, o SF70-H se mostrou uma grande surpresa: criativo, como há muito tempo não se via em Maranello, e rápido, o carro demonstrou um rendimento na primeira etapa do ano, na Austrália, capaz de andar de igual para igual com a Mercedes, que dominou os últimos três anos.
Ainda que tenham ficado um pouco atrás em uma volta lançada na classificação, os italianos demonstraram cuidar melhor dos pneus e venceram a corrida, com Sebastian Vettel.
O segredo do novo carro logo emergiu: o projeto, na verdade, foi concebido por James Allison e Dirk de Beer, ambos demitidos da Scuderia ano passado. O inglês agora é diretor técnico da Mercedes e o holandês foi contratado pela Williams.
Isso é motivo para preocupação para a Ferrari, uma vez que o desenvolvimento do carro será fundamental neste ano devido às novas regras. E quem vai conduzir isso em Maranello será um grupo liderado por um diretor técnico especializado em motores, Mattia Binotto, pelo projetista Simone Resta, oficialmente o pai das máquinas dos últimos anos, e um especialista em aerodinâmica que veio das competições de GT e não tem experiência prévia na F-1.
A equipe sabe do desafio de manter o ritmo de desenvolvimento mesmo sem suas peças-chave no comando técnico. Perguntado como a Scuderia pretende evitar uma perda de rendimento, o chefe Maurizio Arrivabene foi evasivo. “O que posso dizer é que estamos nos esforçamos para fazer o melhor trabalho possível e evitar os mesmos resultados do ano passado. É isso. O que mais posso dizer?”
Falar pouco e fazer mais, inclusive, tem sido o mantra da Scuderia neste ano, após Arrivabene e o presidente da Ferrari, Sergio Marchionne, terem elevado as expectativas em 2016. Tal estratégia foi pedida pelo próprio Sebastian Vettel, que não demonstra preocupação com o desenvolvimento ao longo do ano e prefere salientar a maneira como a equipe está trabalhando, sem fazer alarde como no passado recente. “A função de vocês [jornalistas] é falar e criar expectativas. O nosso é trabalhar. E fico feliz em continuar trabalhando mais e falando menos”, garantiu.
A Ferrari deve passar por um teste importante na China, próxima etapa, pois trata-se de uma pista com mais curvas de alta velocidade, teoricamente favoráveis à Mercedes, e as temperaturas deverão estar mais baixas, o que também seria melhor para os rivais.
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