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Achou a nova F-1 muito chata? Calma, ainda é cedo para criticar

Clive Mason/Getty Images
Imagem: Clive Mason/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Xangai (China)

05/04/2017 04h00

Nem a vitória de Sebastian Vettel com a Ferrari, demonstrando um ritmo forte e capaz de brigar de igual para igual com a Mercedes, foi capaz de esconder a frustração dos torcedores com a falta de ação na pista na primeira prova da temporada da Fórmula 1, disputada na Austrália, há pouco mais de uma semana. Porém, ainda que um dos efeitos colaterais do regulamento que estreia em 2017 seja a maior dificuldade de se ultrapassar, há alguns detalhes que podem “consertar” a categoria nas próximas etapas.

Primeiramente, é preciso lembrar que o circuito de Albert Park é pouco representativo, por não ser um circuito permanente e ter pouca variação de tipos de curvas, além de retas curtas. Tanto, que os números de ultrapassagens no GP da Austrália costumam ficar abaixo da média: ano passado, foram 37 manobras em Melbourne, contra 52 por GP em média. Em 2017, o número caiu para cinco.

O efeito negativo do novo regulamento nas ultrapassagens era esperado. Afinal, os carros ganharam velocidade por meio do aumento da pressão aerodinâmica gerada nas curvas, o que os torna mais sensíveis ao ar turbulento quando tentam seguir um rival de perto. E os pilotos dizem que, mesmo a 2s de distância, já começam a ter dificuldade de usar as linhas corretas na pista. Já a menor degradação dos pneus, algo pedido pela FIA à Pirelli para este ano, diminuiu muito as diferenças de rendimento durante a prova, outro fator que gerava muitas ultrapassagens.

No entanto, mesmo que não se espere que a categoria volte a ter o mesmo tipo de corrida especialmente de 2011 para cá, há motivos para acreditar que não teremos 20 GPs da Austrália. Afinal, o mesmo carro que ganha pressão aerodinâmica, também ganha arrasto nas retas, ou seja, é mais resistente ao ar. Assim, quando se tira parte dessa resistência - por meio do vácuo ou da asa traseira móvel - ele automaticamente passa a ser muito mais rápido que quem vai à frente.

E é justamente essa teoria que será colocada à prova neste final de semana, na China, em um circuito que tem uma das curvas mais longas do calendário.

A expectativa é de que o carro que estiver na zona de DRS (abertura da asa móvel, que ajuda a aumentar a velocidade dos carros e facilitar as ultrapassagens) será 20km/h mais rápido que o que estiver à frente, o que deve aumentar consideravelmente as chances de ultrapassagem.

Em relação aos pneus, acredita-se que a Pirelli possa intervir selecionando compostos mais macios, o que poderá ser feito a partir do GP da Espanha, quinta etapa da temporada. Optando por compostos que normalmente não seriam usados devido à degradação excessiva, a fornecedora de pneus pode contribuir para que os pilotos arrisquem fazer estratégias diferentes - e o encontro de táticas distintas na pista costuma gerar emoção.

Isso só pode ser feito a partir da Espanha, contudo, pela falta de tempo hábil para resolver a questão para as etapas disputadas em abril, todas fora da Europa: depois da China, a F-1 vai para o Bahrein dia 16 de abril e para a Rússia, dia 30.

Neste final de semana, as atividades para o GP da China começam com os treinos livres às 23h da quinta-feira pelo horário de Brasília, e a segunda sessão às 3h da sexta. O terceiro treino começará à 1h do sábado e o treino oficial será disputado a partir das 4h. Na madrugada do domingo, a corrida começa às 3h.

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