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Escudo no cockpit e motor menos 'verde': bastidores foram agitados na China

Depois do halo e da aerotela, Fórmula 1 estuda terceira opção de proteção para o cockpit - Alexander Nemenov e Eric Alonso/AFP
Depois do halo e da aerotela, Fórmula 1 estuda terceira opção de proteção para o cockpit Imagem: Alexander Nemenov e Eric Alonso/AFP

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Xangai (China)

11/04/2017 04h00

A Fórmula 1 acabou de passar por uma extensa mudanças nas regras, mas já está estudando o que pode ser feito em um futuro próximo em duas áreas: no aumento da proteção do cockpit e na mudança do conceito dos motores. E a pressa em ter uma definição nestes dois temas complicados movimentou os bastidores do GP da China.

Ainda na semana retrasada, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) fez uma reunião com as montadoras que estão atualmente na categoria e observadores, interessados em entender os novos caminhos da categoria tendo em vista um possível investimento. Os dirigentes partem de um consenso de que as unidades de potência atuais são demasiadamente complicadas e caras e buscam uma alternativa que não abandone totalmente a energia híbrida, mas que mantenha a linhagem dos motores de competição.

Robert Fernley, da Force India, vê dois problemas centrais: a falta de barulho e a complexidade das atuais unidades de potência. “Mas não acho que o princípio do motor deva ser abandonado, mas apenas simplificado. O que estamos fazendo hoje vai além até do que os torcedores mais sofisticados conseguem entender.”

Mas essa ideia de mudar o motor não é apoiada por todos. “Pular para uma versão potencialmente barata de motor, mas começar o desenvolvimento do zero poderia ser mais caro do que manter este motor com alta tecnologia congelado ou com investimento reduzido. Acho que isso precisa ser discutido”, defendeu Guenther Steiner, diretor técnico da Haas.

Essa é uma questão que coloca pressão na FIA, pois, no caso de uma mudança, as montadoras precisam de pelo menos dois anos para desenvolverem seus motores. Mas esta não é o único problema da entidade no momento.

Escudo
Na reunião dos pilotos da sexta-feira em Xangai, foi apresentado o chamado escudo, uma terceira opção que vem sendo avaliada pela FIA para aumentar a proteção no cockpit. Em princípio, o halo, testado em várias oportunidades pelos pilotos ano passado, seria adotado em 2018, mas ele não tem o apoio da maioria dos pilotos. A questão estética de um dispositivo que já foi apelidado de chinelo havaianas devido a seu formato, não agrada os pilotos, assim como a diminuição da visibilidade.

Outra proposta que chegou a ser testada ano passado foi a aerotela, mas ela foi abandonada também por problemas de visibilidade. A opção apresentada aos pilotos na China seria semelhante à aerotela, porém mais alongada, praticamente fechando completamente o cockpit, como em aviões de caça.
Novamente, os pilotos ficaram divididos e muitos questionaram a visibilidade, especialmente sob chuva. “É até pior do que a aerotela porque não dá para ver nada. Vai ficar sujo. Não acredito no projeto”, afirmou Daniil Kvyat, da Toro Rosso.
“Os pilotos estão divididos”, revelou Romain Grosjean, da Haas. “Alguns querem o halo o quanto antes e outros não querem nada. Eu sou contra colocar qualquer uma das três opções. A F-1 está de volta ao que deveria ser agora, com estes carros. Não quero que nada destrua isso.”
A FIA corre contra o tempo para tentar implementar qualquer uma das proteções em 2018. Até 30 de abril, uma votação de maioria simples entre as equipes permite que isso faça parte do regulamento. A partir desta data, é necessária unanimidade.

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