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Fórmula 1

Análise: Como a Mercedes virou o jogo para cima da Ferrari em dois meses

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

18/07/2017 06h19

O próprio Lewis Hamilton disse que nunca viu uma mobilização tão grande em seus dez anos de Fórmula 1: a equipe Mercedes montou um esquema de trabalho de 24h por dia durante as menos de duas semanas entre os GPs de Mônaco e do Canadá, do fim de maio ao início de junho, com a única meta de compreender o comportamento do carro com os pneus ultramacios, especialmente em asfaltos lisos e no calor.

O esforço acabou gerando um conhecimento de formas de acertar o carro, bastante diferente dos modelos anteriores que dominaram a F-1 devido às mudanças de regulamento, assim como resultou em ideias novas sobre como preparar os pneus para uma volta lançada na classificação.
Toda essa mobilização tinha um porquê: naquele ponto do campeonato, Hamilton tinha 25 pontos de desvantagem para Sebastian Vettel, da Ferrari, e chegara em primeiro ou segundo em todas as corridas, a não ser quando havia a tal combinação de pneu ultramacio + asfalto liso.

Do início de junho para cá, a virada teve seus desafios, mas está se concretizando. Já no Canadá, Hamilton e o companheiro Valtteri Bottas se diziam mais confiantes para tirar tudo do carro e o inglês venceu. Nas duas provas seguintes, em Baku e na Áustria, o tricampeão teve um ritmo forte, mas os resultados deixaram a desejar por outros fatores - um apoiador de capacete mal colocado e uma caixa de câmbio quebrada.

Enquanto isso, Bottas fazia três segundos lugares e vencia uma prova, justamente em Spielberg, onde foram usados os ultramacios em um asfalto liso.

Vettel vence em Mônaco - AP - AP
Dobradinha da Ferrari em Mônaco provocou reação
Imagem: AP
E foi assim que a vantagem que a Ferrari tinha nas primeiras provas e que ficou clara em provas como no Bahrein e em Mônaco, desapareceu. E a vantagem de Vettel caiu de 25 pontos para apenas um em quatro provas.

Briga de potência
Outra batalha que vem sendo travada entre as equipes de Vettel e Hamilton é nos motores, cujo desenvolvimento está liberado neste ano, ao contrário do que vinha acontecendo nas últimas temporadas, quando havia uma série de restrições.

A grande vantagem do motor Mercedes desde a introdução das configurações atuais, em 2014, é sua configuração superior de classificação, que gera mais potência em uma volta lançada. E este também tem sido o grande alvo da Ferrari desde o ano passado.

Os italianos conseguiram chegar perto no início do ano, mas uma combinação de dois fatores fez a diferença voltar a aumentar nas últimas provas: primeiramente, a FIA resolveu intervir, apertando a fiscalização em quem estava usando lubrificantes como combustível, o que era o caso da Ferrari. E, em Silverstone, a Mercedes deu um grande salto de performance com sua primeira grande atualização do ano.

A Ferrari também levou uma atualização a Silverstone, mas a diferença na classificação demonstrou que o salto da Mercedes foi maior: devido a uma combinação de preparação de pneu e da potência em si, Hamilton foi quase meio segundo mais veloz que as Ferrari, diferença que não se repete na corrida, situação em que o ritmo ferrarista tende a ser mais forte.

E agora?
Um teste importante será na próxima etapa, na Hungria, em um circuito que tem características semelhantes a Mônaco, onde a Ferrari dominou. Os pneus serão os médios, macios e supermacios, mesma escolha da Inglaterra, mas por outro lado espera-se mais calor em Budapeste em relação ao Principado e o asfalto é mais abrasivo. Tal combinação aponta, em teoria, a favor do time de Maranello, e uma vitória da Mercedes colocaria séria pressão nos italianos antes da pausa de agosto, quando as fábricas fecham por duas semanas antes do início da segunda parte da temporada.

Já foram disputadas 10 das 20 etapas do calendário e Vettel soma 177 pontos contra 176 de Hamilton. Bottas também está na briga, com 154. O GP da Hungria será dia 30 de julho.

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