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Categoria japonesa é pouco conhecida. Mas mudou carreiras de jovens da F-1

Stoffel Vandoorne teve dificuldades em seu início em categoria japonesa - Mark Thompson/Getty Images
Stoffel Vandoorne teve dificuldades em seu início em categoria japonesa Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Suzuka (JAP)

06/10/2017 04h00

Em um passado não muito distante, correr em categorias de base no Japão era considerado algo próprio de quem não era bom o bastante ou não conseguia boas oportunidades na Europa. Mas, nos últimos anos, a principal categoria de monopostos do país, a Super Fórmula, vem conquistando espaço na formação de pilotos. Que o digam dois dos últimos a estrear na F-1, o belga Stoffel Vandoorne, da McLaren, e o francês Pierre Gasly, que acaba de estrear pela Toro Rosso.

Os dois se viram em situações semelhantes: campeões da GP2 e apoiados por times grandes, mas sem espaço na F-1, foram correr no Japão. E garantem que ganharam muito com isso.

Afinal, os carros da Super Fórmula só perdem para os F-1 em termos de velocidade de contorno de curva e tecnicamente trata-se de uma escola bem diferente da europeia.

“É difícil dizer se é o segundo melhor carro do mundo, mas gostei do tempo que passei lá. É um carro muito rápido em curvas de alta velocidade e foi um prazer pilotar aqui”, disse Vandoorne ao UOL Esporte em Suzuka, onde disputa o GP do Japão de F-1 neste final de semana.

Gasly concorda: “Para mim é um dos melhores carros do mundo, talvez o melhor depois do F-1. É muito rápido e também muito leve - ele pesa menos de 600kg [o F-1 atualmente tem peso mínimo de 722kg] - e isso faz com que o carro seja muito veloz nas curvas. Carlos me perguntou, inclusive, qual o tempo que estávamos rodando nos testes de inverno, e é algo em torno de 4 ou 5s mais lento em relação à pole do F-1, então é um carro bem rápido.”

Gasly é atualmente o vice-líder do campeonato da Super Fórmula, e tem chances reais de ser campeão na rodada dupla que encerra o campeonato em Suzuka daqui duas semanas, uma vez que vem em franca evolução na temporada. Porém, é possível que o francês perca a final, caso a Toro Rosso lhe convoque para disputar o GP dos Estados Unidos, que ocorre na mesma data.

A exemplo do que também aconteceu com Vandoorne ano passado, Gasly começou mal o ano e foi melhorando ao longo da temporada. Ambos explicaram que a maneira como os japoneses trabalham - o acerto do carro, por exemplo, é totalmente focado em estabilidade nas curvas, enquanto na Europa a prioridade são as freadas - tornou a adaptação difícil. E acabou fazendo com que eles se tornassem pilotos melhores.

“Quando eu cheguei aqui, fiquei surpreso com a maneira como a equipe trabalhava, então foi uma questão de mudar tudo. Na parte do acerto, eu tinha que fazer praticamente sozinho, então foi um grande desafio para mim transformar a maneira da equipe trabalhar e traduzir isso em resultados”, disse Vandoorne.

“Acho que me tornei um piloto muito melhor porque tive que me envolver mais na parte técnica do que quando estava na GP2 ou na F-Renault 3.5”, avalia Gasly. “Eles têm um jeito diferente de trabalhar e de acertar o carro e senti que tinha que estar a par de tudo. Não que não confiasse neles, mas porque queria. Aprofundei-me nos aspectos técnicos do carro e acho que cresci muito como piloto.”

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