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Com hospital novo, veja como será o atendimento médico para GP do Brasil

Simulação de acidente em Interlagos para o GP do Brasil de Fórmula 1 - Duda Bairros Fotografia/Divulgação
Simulação de acidente em Interlagos para o GP do Brasil de Fórmula 1 Imagem: Duda Bairros Fotografia/Divulgação

Gabriel Lima

Colaboração para o UOL

08/11/2017 04h00

Com a estrutura do atendimento médico considerada uma das três melhores do Mundial de Fórmula 1, o GP do Brasil passou por uma mudança relevante nesta área para sua edição de 2017. A prova está marcada para este domingo no autódromo de Interlagos e é a penúltima da temporada. 

A partir deste ano e até 2020 – quando vence o contrato da Prefeitura de São Paulo com a Fórmula 1 – o Leforte será o hospital oficial do GP do Brasil de F-1. A novidade chega após o fim do contrato entre os promotores e o hospital São Luiz, que por muitos anos foi o hospital oficial da F-1 no Brasil.

Médico FIA e diretor médico da corrida brasileira, Dino Altmann diz que a nova parceria com o hospital tem todos os ingredientes para dar certo.

“Já vai nascer grande. É uma estrutura que seguramente a partir do primeiro ano vai continuar entre as três melhores do circuito mundial de Fórmula 1 – não tenho dúvidas disso”, comentou.

“Diferente de outros circuitos, há essa interação entre atendimento médico na pista com o hospital. Isso exige comunicação e um entendimento, o que torna tudo muito mais eficiente. As unidades Liberdade e Morumbi estarão à disposição da Fórmula 1. Toda a estrutura do autódromo também será montada pelo hospital Leforte.”

O hospital terá 32 médicos e mais 120 profissionais trabalhando na operação. O atendimento geral de pista, incluindo integrantes de atendimento médico, sinalização, box, resgate e combate a incêndio, terá 250 pessoas.

Dino Altmann - Duda Bairros Fotografia - Duda Bairros Fotografia
Imagem: Duda Bairros Fotografia

Altmann destaca que os simulados antes da corrida são de suma importância para que saia tudo certo em situações de perigo.

“Nós fazemos simulados de transferência do piloto do autódromo para as unidades de recepção e até a unidade de emergência”, disse.

“Isso é super importante, porque sair do autódromo é uma coisa, mas chegar na unidade de referência é outra. Como é a mesma empresa que faz tudo isso, nós podemos fazer este treinamento”, falou Altmann antes do primeiro simulado, duas semanas antes do GP.

“Mesmo na sexta-feira da corrida, que já é o primeiro dia de treinos, há um segundo simulado. Simulamos um acidente no autódromo, a vítima é atendida no centro médico, é transportada para as duas unidades – sendo recebida nos helipontos – e transferida para as unidades de emergência.”

“Isso parece simples, mas envolve uma comunicação muito boa do autódromo com o hospital de referência.”

“Temos uma pessoa que está esperando um chamado do autódromo com um telefone móvel livre durante todo o tempo e um hospital que está sempre pronto para receber. Existe reserva de sala de emergência, centro cirúrgico e leito de UTI. Temos tudo isso de prontidão.”

Simulação de acidente - Duda Bairros Fotografia/Divulgação - Duda Bairros Fotografia/Divulgação
Imagem: Duda Bairros Fotografia/Divulgação

Cuidado na extração

Além da transferência de vítimas para as unidades do hospital, os médicos, juntamente aos fiscais de pista, treinam também a extração de um piloto de um carro capotado. Este treino foi aprimorado neste ano, com a adição de um monocoque cedido pela FIA igual ao de um carro de Fórmula 1.

Cada cuidado é essencial. A equipe de resgate desvira o carro em etapas, com o médico segurando a cabeça do piloto para que nenhum ferimento possa ser agravado. Antes mesmo da chegada dos médicos, os fiscais precisam se assegurar de que o carro não se encontra mais energizado pelos sistemas elétricos de recuperação de energia (chamados de ERS – Energy Recovery System).

Ao lado do cockpit e na base da câmera onboard existem luzes de led, que se estiverem vermelhas indicam que o carro pode dar um choque de até 1000 volts em alguém que encoste nele. Os fiscais devem esperar que a luz fique verde para chegar perto e tocar no carro.

Ao lado, há outra luz – azul – que pisca se o piloto tiver sofrido um impacto superior a 15 vezes a força da gravidade. Mesmo se o piloto sair do carro andando, o procedimento padrão é leva-lo para uma bateria de checagens no centro médico da pista.

“Na grande maioria das vezes, nunca é uma vítima de trauma, e sim um paciente estável”, disse Altmann.

“Mas tudo isso exige este treinamento, por isso o fazemos. Temos uma dinâmica muito eficiente para alguém que sofre um trauma no autódromo”, finalizou.