Por que a Indy está testando o escudo e a F-1 ainda teima com o halo?
Enquanto a Fórmula 1 se prepara para estrear o halo, polêmica proteção de cockpit que interfere bastante no visual dos carros, a Fórmula Indy testa uma solução bem mais harmônica, parecida a um avião de caça, e gera a pergunta: por que a maior categoria do automobilismo não conseguiu fazer o escudo emplacar?
A resposta está na pressa da Federação Internacional de Automobilismo para ter algum tipo de proteção já para 2018. A explicação do presidente da entidade, Jean Todt, é simples: “Tendo a tecnologia disponível, por que iríamos arriscar fazer mais um ano sem nenhuma proteção?”
A vontade de Todt era introduzir o halo em 2017, mas a falta de dados fez com que a entidade voltasse atrás. Isso porque, em 2016, apenas Ferrari e Red Bull tinham testado e havia questões acerca da visibilidade. Ao longo do ano passado, novas versões foram testadas, por todas as equipes e em diferentes pistas.
A FIA, então, determinou que não voltaria atrás novamente e que a Fórmula 1 teria algum tipo de proteção extra para o cockpit a partir de 2018, restando definir qual seria o modelo.
O teste do escudo na F-1
Embora houvesse grande pressão para que a solução se assemelhasse à utilizada por aviões de caça, o halo continuou sendo estudado. Até que, em abril do ano passado, foi decidido em uma reunião do Conselho que outro dispositivo, chamado escudo, seria priorizado.
O escudo, entretanto, foi testado apenas uma vez, por Sebastian Vettel, nos treinos livres do GP da Inglaterra, em julho do ano passado. A reação do alemão foi extremamente negativa: Vettel disse ter sentido tontura logo que saiu dos boxes, e a FIA também divulgou que o dispositivo não teria passado por todos os testes com resultados tão positivos quanto o halo. Tendo de fechar rapidamente o regulamento para 2018, em poucas semanas a FIA voltou atrás e definiu que o halo seria, enfim, adotado.
“Depois de desenvolvermos e avaliarmos um grande número de dispositivos ao longo dos últimos cinco anos, ficou claro que o halo apresenta a melhor performance geral em termos de segurança”, justificou a entidade na época.
Isso não quer dizer que a introdução do halo seja definitiva: soluções semelhantes ao escudo continuam sendo desenvolvidas e poderão ser introduzidas a partir de 2019.
Indy ainda tem dúvidas
Na Indy, o projeto ainda engatinha e teve seu primeiro teste no início deste mês. A proteção norte-americana foi desenvolvida pela PPG, parceira da categoria e que também faz o mesmo tipo de produto para aviões de caça.
Visualmente, o escudo da Indy é um pouco mais alto do que o testado por Vettel, apesar de o princípio ser o mesmo. Após conduzir o primeiro teste, Scott Dixon disse que “é um pouco diferente em termos de visibilidade ter uma tela na sua frente, mas não tive problemas com reflexos e o carro se comportou de maneira muito boa.”
O fato de a Indy ter um fornecedor de chassi único, a Dallara, ajuda no desenvolvimento. Outra questão que complica a adoção do escudo na F-1 é o fato da categoria correr em pista molhada, algo que não ocorre nas provas ovais na Indy. Até por conta disso, os norte-americanos estão planejando um novo teste com o escudo, em pista de rua. A grande preocupação com este tipo de pista é que, nela, os pilotos mudam mais frequentemente seu foco de visão, e isso pode fazer com que a tontura relatada por Vettel também seja sentida com a versão da Indy.
A categoria ainda não divulgou qual o cronograma de testes, mas a meta é introduzir o escudo na temporada 2019.
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