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Da frieza ao choro solitário: engenheiro de Massa relembra decisão de 2008

Felipe Massa chora após ficar sem o título mundial no GP do Brasil de 2008 - Oliver Multhaup/AP
Felipe Massa chora após ficar sem o título mundial no GP do Brasil de 2008 Imagem: Oliver Multhaup/AP

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

10/11/2018 04h00

Há 10 anos a Fórmula 1 vivia sua decisão de título mais dramática: Lewis Hamilton precisava chegar em quinto lugar caso o rival Felipe Massa vencesse a corrida. Em um dia em que todas as estações do ano decidiram se encontrar em Interlagos, com direito a largada adiada por conta da chuva, que voltou na parte final da prova, Massa venceu de ponta a ponta. E Hamilton, que tinha andado em quinto por boa parte da prova e perdera a posição nas voltas finais, recuperou a posição, passando Timo Glock, que se arrastava com pneus de pista seca na chuva, na última curva da última volta.

Engenheiro de pista de Massa na época, Rob Smedley, hoje chefe de performance da Williams, equipe para a qual foi junto do brasileiro em 2014, lembra bem do apoio da torcida brasileira naquele GP do Brasil de 2008. Afinal, algo raro na história da Fórmula 1 poderia acontecer: um piloto ser campeão em casa.

“Quando eu cheguei no circuito lá pelas 10h da manhã o circuito estava absolutamente cheio e os torcedores já estavam gritando o nome dele desde cedo e continuaram fazendo isso até a hora da corrida. Nunca vi um clima daqueles antes ou depois na minha carreira. No grid, foi incrível, parecia uma final de campeonato de futebol. Nunca vi algo parecido”, lembrou o engenheiro ao UOL Esporte.

Coube ao britânico avisar Massa que ele tinha vencido a corrida, mas não o campeonato. Smedley conta que, naquela última volta, ele parecia ser o único que estava mantendo os pés no chão na equipe Ferrari.

“Eu estava sendo quase derrubado do pitwall porque o pessoal estava gritando que tínhamos ganhado, que éramos campeões. E eu falava para eles que tínhamos que esperar. Estava até difícil eu me comunicar com o Felipe porque o pessoal estava me puxando. Mas depois o informei o que tinha acontecido. E isso era parte do meu trabalho, não senti nenhuma emoção naquele momento.”

Mas, logo depois, o engenheiro conta que desabou. E demorou mais de duas horas para voltar ao box da equipe. “Depois eu fiquei muito emocionado, uns 15 minutos depois da corrida. E então eu precisei desaparecer por pelo menos umas duas horas para poder me emocionar sozinho.”

Perguntado pelo UOL Esporte sobre o significado daquele dia, Smedley disse que o fato de Massa não ter sido campeão não tira o brilhantismo de uma temporada muito forte do piloto brasileiro.

“Ele foi o campeão moral. Está naquele grupo especial de grandes pilotos que quase foram campeões. Mas isso não mudou muita coisa. Com energia positiva e tudo o que construímos naquela temporada, não seria um nome em um troféu que mudaria tudo. Foi aquele tipo de coisa que acontece.”

Aquela seria a última vitória de Felipe Massa na Fórmula 1. Depois de se aposentar da categoria no final do ano passado, o piloto prepara-se para estrear na Fórmula E em dezembro.

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