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Pilotos definem 5 regras da Fórmula E que tornariam a F-1 mais competitiva

Etapa do México de Fórmula E - Divulgação/Fórmula E
Etapa do México de Fórmula E Imagem: Divulgação/Fórmula E

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Manama (Bahrein)

27/03/2019 04h00

Após seis das 13 etapas disputadas no campeonato, a Fórmula E está mais disputada do que nunca: foram seis vencedores, de seis equipes diferentes. Com isso, os seis primeiros na tabela estão divididos por 10 pontos. O cenário não poderia ser mais diferente do que na Fórmula 1, cujos campeonatos têm sido disputados por dois pilotos nos últimos anos - Lewis Hamilton e Nico Rosberg de 2014 a 2016 e Hamilton e Sebastian Vettel nas últimas duas temporadas.

Trata-se de categorias com propostas distintas: na F1, é essencial que cada equipe faça seu próprio chassi, enquanto na F-E 80% dos carros são padronizados, o que diminui bastante a diferença entre as equipes. Mas os pilotos apontam que as regras também têm papel fundamental nessa competitividade vista na temporada 2018-2019.

Que regras da F-E deixariam a F-1 mais competitiva?

1. Final de semana compacto: os pilotos da F-E são quase unânimes em afirmar que o mais difícil da categoria é fazer treino livre, classificação e corrida no mesmo dia. "Você precisa dar um feedback muito rápido. Não é como na F1, onde você pode testar algo e pensar se vai usar ou não no dia seguinte”, compara Felipe Nasr, que fez três provas na F-E. “Você não tem tempo para pensar. Então você precisa de uma boa equipe para ajudá-lo a filtrar e priorizar as informações, porque às vezes tudo o que você quer mudar vai funcionar, mas você tem que priorizar algumas coisas para ter certeza que elas funcionam. Então, cada volta conta. É muito intenso".

Na F-1, são 3h de treinos livres na sexta, mais uma hora no sábado, antes da classificação. E não é permitido mexer no carro até a corrida. A categoria, inclusive, estuda mudar o formato do final de semana.

2. Limitação de potência: pelas regras da F-E, o uso da potência máxima, de 250kwh, é limitado nos treinos livres, e isso gera muitas dificuldades para os pilotos na hora da definição do grid de largada, na qual eles só têm uma tentativa. Na F-1, a única limitação é de jogos de pneus disponíveis a cada sessão de treino livre, e na classificação os pilotos que chegam até a definição da pole position geralmente dão de 4 a 6 voltas lançadas. "O desafio é enorme porque você tem o direito de usar a potência máxima durante uma volta somente durante os treinos e talvez você seja surpreendido pelo tráfego”, explica Felipe Massa. “Então, tendo apenas uma volta, você sabe que, se frear no mesmo lugar, você vai perder a curva porque vai chegar mais rápido, já que tem mais energia. Você precisa ficar bem calmo para dar uma boa volta. Se você pensa: 'Agora vou dar a volta da minha vida', você vai ser lento e se atrapalhar. "

3. Volta única de classificação e divisão por grupos: a definição do grid com apenas uma volta é um formato que a F-1 já experimentou no passado, entre 2003 e 2005. Mas na F-E ele é um pouco diferente, pois os primeiros colocados do campeonato caem no primeiro grupo, que teoricamente pega a pista em piores condições. "Acho que essa regra significa que ninguém vai escapar e se tornar o líder disparado: se você está no grupo 1, é provável que a classificação seja muito dura e que vai ter que ultrapassar na corrida. E eu acho que é assim que este campeonato será decidido", explicou o inglês Sam Bird, um dos seis vencedores da temporada.

4. Mais peças padronizadas: Uma das grandes discussões na F-1 atualmente é o aumento do número de peças padronizadas, o que diminuiria o custo e o abismo entre as equipes. Projetos para padronizar parte do câmbio a partir de 2021, por exemplo, já estão em andamento. E o equilíbrio e controle de gastos da F-E, que tem o dobro de montadoras do que a F-1, mostra que esse é o caminho.

5. Menos áreas de escape: até pelas velocidades mais baixas, a Fórmula E corre em pistas com muito menos áreas de escape que a F-1, e Lucas Di Grassi vê este como um diferencial importante da categoria. "Você precisa se sentir confortável para correr em circuitos de rua, sempre perto do muro, e sem cometer erros - e isso não é fácil. E você precisa fazer a coisa certa no momento certo", defende o quinto colocado no campeonato e um dos pilotos que venceram nesta temporada. Uma adaptação possível para a F-1 seria evitar pistas com áreas de escape asfaltadas, priorizando aquelas que punem mais os erros dos pilotos, com grama e brita.

Enquanto a Fórmula E vive sua temporada mais competitiva da história e tem o português Antonio Felix da Costa como o líder, a Fórmula 1 se prepara para a segunda etapa do campeonato neste final de semana, no Bahrein. Na corrida de abertura, Valtteri Bottas venceu, com Lewis Hamilton em segundo e Max Verstappen em terceiro. Já a Fórmula E volta dia 13 de abril, com o e-Prix de Roma, na Itália.

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