Topo

Fórmula 1

Dona da Fórmula 1 e equipes estão em pé de guerra por calendário. Entenda

Chase Carey, diretor-geral da Fórmula 1 - Clive Mason/Getty Images
Chase Carey, diretor-geral da Fórmula 1 Imagem: Clive Mason/Getty Images

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Spielberg (AUT)

26/06/2019 12h00

A Liberty Media, empresa que detém os direitos comerciais da Fórmula 1, está tentando convencer as equipes a aumentar o número de etapas no calendário da categoria, mas não tem tido sucesso. No último fim de semana, em Paul Ricard, foram apresentadas três opções para um segundo GP nos EUA (Indianápolis, Long Beach e Miami), mas os times se veem no limite operacional e não concordam com a visão de expansão dos donos.

Em teoria, a Liberty poderia aumentar o calendário sem consultar as equipes, mas existe um pano de fundo complicado no momento: como apenas a Renault tem um contrato para disputar o campeonato de F1 além de 2020, os times ganharam um grande poder de barganha.

LEIA TAMBÉM:

Doria manda recado a Bolsonaro e promete luta para manter F-1 em São Paulo

Ferrari descobre erro de cálculo no carro e admite estar sem respostas

"Schumacher continua lutando, é tudo o que eu posso dizer", diz Jean Todt

No caso do calendário, desde que a Liberty Media assumiu, fala-se em 25 provas no ano. Isso é visto pelos norte-americanos como importante para a saúde financeira da categoria, uma vez que as taxas cobradas pelos organizadores das provas são grandes fontes de receita, ao lado dos direitos de TV. Como a tendência é que os contratos de TV percam valor por conta da internet, a saída seria aumentar o campeonato.

As equipes concordam com este ponto, mas temem que isso acabe gerando uma economia burra, uma vez que elas teriam que gastar mais aumentando a equipe que vai às corridas. "Entendemos a realidade comercial da F1, sua necessidade de crescer, mas já estamos no ponto de saturação em termos de pessoal. Não acho que seria possível aumentar o número de corridas sem aumentar também o número de funcionários", lembrou Cyril Abiteboul, da Renault. "Também há custos significativos de mandar peças para as corridas. Além disso, se aumentarmos o número de corridas, a vida útil dos motores também tem que aumentar. Deveríamos focar em qualidade ao invés de volume."

Essa questão do aumento do número de funcionários é um grande temor das equipes médias, uma vez que isso aumentaria a diferença em relação aos grandes. "O que temos visto é cada vez mais gente pedindo para ficar em um cargo na fábrica", disse Otmar Szafnauer, chefe da Racing Point. "E se tivermos que fazer uma rotação, o nível de qualidade dificilmente seria mantido. Simplesmente não há tanta mão de obra qualificada."

Outro ponto levantado pelo chefe da Mercedes, Toto Wolff, é a exclusividade de um GP. "Só há um Super Bowl, e não 25. Podemos chegar a um ponto em que vamos saturar o apetite dos fãs. Pessoalmente, acho que o calendário deveria ser mais compacto, de 16 a 18 corridas."

Esse número, que foi mantido nas décadas de 80 e 90 e no início dos anos 2000, é um consenso no paddock, mas dificilmente será adotado pela Liberty neste cenário de queda de valor dos contratos de TV. Uma ideia de Abiteboul, contudo, pode ser a saída de que a categoria precisa: "Todo ano temos o mesmo calendário, as corridas são feitas na mesma ordem, e isso é chato. Um calendário rotativo criaria uma nova dinâmica."

Por enquanto, a Liberty trabalha com 21 corridas para 2020, com a estreia do Vietnã e a volta do GP da Holanda. Três corridas, contudo, estão bastante ameaçadas: Espanha, Alemanha e México. Inglaterra e Itália também não têm contrato, mas devem renovar em breve.

Fórmula 1