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Fórmula 1

Promessa brasileira busca seguir passos de Leclerc para chegar à Fórmula 1

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Londres (ING)

19/07/2019 04h00

  • Desde a adolescência, quando estava no kart, seu talento no automobilismo é comentado.
  • Nicolas Todt, filho de Jean Todt e um dos melhores empresários do automobilismo, gerencia sua carreira.
  • Hoje, ele faz parte de um programa de desenvolvimento de pilotos de uma equipe de Fórmula 1.

A história acima é do brasileiro Caio Collet, mas poderia da nova estrela da Ferrari, Charles Leclerc. Pelo menos por enquanto, existem paralelos entre as carreiras da revelação sul-americana, hoje com 17 anos e na fila para a Fórmula 1, e a do piloto monegasco, de 21.

"Acho que Leclerc fez um ótimo caminho: foi o caminho perfeito, porque ele ganhou todos os campeonatos no primeiro ano, desde a GP3. É o que você tem que fazer", reconheceu Collet em entrevista ao UOL Esporte. "No meu caso, esse ano está muito bom em termos de apoio, com a Renault, o Nicolas e os patrocinadores que eu tenho, mas tenho que fazer a minha parte senão eu volto [para o Brasil]."

Essa sensação de ter de aproveitar ao máximo as oportunidades é algo que Collet já conhece bem. Ele foi levado pelo empresário brasileiro Gastão Fráguas para disputar campeonatos europeus de kart ainda em 2015 e escolheu uma prova que seria disputada na semana de seu aniversário para estrear, já que precisava ter 13 anos para entrar no grid. Foi no kart que chamou a atenção de Todt, que passou a representa-lo na Europa.

Entrar em uma equipe de peso de pilotos empresariados pelo francês foi algo que chegou na hora certa para Caio. "Ano passado, se eu não tivesse o Nicolas do meu lado e se não tivesse ganhado o shootout no começo da temporada [uma competição de triagem que lhe garantiu na F4 na ocasião], eu já teria voltado para o Brasil. Para mim, é tudo ou nada."

caio collet - Renault F1/Divulgação - Renault F1/Divulgação
Caio Collet tem 17 anos
Imagem: Renault F1/Divulgação

O salto do kart para a Fórmula 4 não poderia ter sido melhor: Collet foi campeão por antecipação do campeonato francês da categoria, chamando a atenção da Renault. E, no começo deste ano, passou a fazer parte da academia de pilotos da montadora francesa. Com isso, está disputando a Renault Eurocup, que usa um chassi de Fórmula 3 e é, portanto, mais um passo na carreira do piloto, que atualmente é o quinto colocado e melhor estreante do grid.

"Principalmente a primeira etapa foi difícil para mim, porque não tinha andado muito na pré-temporada. Mas, depois, acho que consegui me adaptar bem. Estou pegando o jeito. Tenho ficado entre os cinco primeiros e acho que temos tudo para conseguir uma vitória ou pelo menos lutar por pódios daqui para frente."

Agora como piloto do programa da Renault, Collet tem, por um lado, a tranquilidade de contar com uma boa estrutura e, por outro, a forte pressão por resultados. A equipe traça objetivos para cada um de seus pilotos e, se ele não for atingido, dará lugar a outro ao final da temporada.

"É mais pressão porque você precisa gerar resultado. Se você andar para trás, está fora. Mas também é uma oportunidade muito boa, você fica mais perto da Fórmula 1, de estar na fábrica, e isso não tem preço", disse Caio, que já marcou presença no paddock da Fórmula 1 em duas oportunidades como piloto Renault.

"É tudo muito novo. É bem legal encontrar gente como o Prost ou o Cyril [Abiteboul], que é o chefe da equipe. Você acaba ficando meio nervoso, dá uma ajeitada na camiseta para ver se está tudo certinho. Mas vai acostumando."

Não que o piloto de 17 anos não esteja acostumado a ter uma certa fama. Afinal, há anos ele é citado por Felipe Massa como alguém em quem os brasileiros devem ficar de olho. "O Felipe me ajudou muito na carreira. Sempre fala de mim nas entrevistas que ele dá. Ter um cara como ele me apoiando mostra que nosso trabalho está indo no caminho certo", comemorou o piloto, que tenta deixar os elogios de lado na hora de entrar na pista.

"É sempre bom ouvir essas coisas. É uma motivação extra fora da pista mas, dentro dela, procuro não pensar muito nisso, acho que não tem muito por quê. Acabaria mais me atrapalhando do que ajudando. Dentro da pista, procuro focar no que tenho de fazer."

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