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Novo companheiro de Verstappen já tinha desistido de um futuro na F-1

Alexander Albon começou o ano com a Toro Rosso, e agora está na Red Bull - William West/AFP
Alexander Albon começou o ano com a Toro Rosso, e agora está na Red Bull Imagem: William West/AFP

Julianne Cerasoli

Do UOL, em Spa-Francorchamps (BEL)

31/08/2019 04h00

"Todos sofrem para chegar na Fórmula 1, ninguém teve uma carreira perfeita. Alguns têm uma carreira mais fácil e a minha não foi", diz Alex Albon, o novo piloto da Red Bull, tetracampeã de construtores entre 2010 e 2013, ainda com o olhar tímido e um sorriso no rosto. Mas o fato é que sua trajetória é mais do que isso: o piloto mesmo admite que pensou que seu sonho de chegar à Fórmula 1 tinha acabado por duas vezes. Uma delas, inclusive, 12 meses atrás.

"Nem parece real para mim estar na Fórmula 1, nunca caiu a ficha. Imagine agora estar na Red Bull", disse Albon em seu primeiro dia oficial de trabalho com a equipe, na Bélgica. Dentro da pista, no entanto, ele deu conta do recado, andando com tempos próximos do companheiro Max Verstappen.

Há um ano, o piloto nascido e criado na Inglaterra, mas que corre pela Tailândia, país de sua mãe e do qual também tem passaporte, justamente para tentar angariar patrocínio asiático e se segurar na carreira, Albon estava em seu segundo ano de Fórmula 2, após ter sido décimo na primeira temporada, mas ainda não tinha deslanchado na categoria. "Passei a primeira metade do ano passado sem sequer saber se eu ia correr na Fórmula 2 até o final. Acho que isso te torna mais forte. Mentalmente, me sinto muito forte nesse lado de ter ou não uma vaga", revelou o piloto ao UOL Esporte.

Afinal, esse não era um sentimento novo para ele: em 2012, a própria Red Bull, que tinha contratado o piloto ainda no kart, demitiu Albon aos 12 anos. Quando isso aconteceu, ele julgou que seria o fim. "E essa segunda foi por quase. Mas não sei se isso soa ruim mas eu nunca pensei algo do tipo 'vou ter que fazer uma universidade', mas pensava que teria que lutar - não ganhar dinheiro, correr de graça, esse tipo de coisa. Foi duro."

Mesmo com todos os obstáculos, Albon diz que nunca teve um plano B. "Você tem que se dedicar muito para atingir seus sonhos, então não tinha outra opção. E, quando ficou claro para mim, no fim do ano passado, que eu não tinha uma chance na F-1, comecei a perseguir uma carreira profissional, então a F-E era o segundo melhor campeonato. Mas daí o mercado de pilotos virou uma loucura, e eu acabei aqui!"

Albon se refere ao contrato que chegou a assinar com a Nissan para se transferir para a categoria de carros elétricos. Na época, o piloto de 23 anos acreditava não ter mais chances na F-1, e chegou a ser anunciado pela Nissan em 20 de setembro de 2018.

"Tinha um sentimento duplo, porque quando eu assinei, logo depois do GP da Hungria, eu estava vindo de um ano em que eu não tinha nada para, de repente, estar assinando com o segundo melhor campeonato no automobilismo. Eu estava me profissionalizando, e isso era especial. Os pilotos da F-E são super talentosos e respeitados. Mas, ao mesmo tempo, estava desistindo de um sonho que sempre tive."

Esse sentimento duplo, contudo, não durou muito: Albon fez uma ótima segunda metade de campeonato na F-2 e chegou à etapa decisiva com chances de título. Terminou em terceiro, mas Helmut Marko, o consultor da Red Bull, que cuida do programa de jovens pilotos - o mesmo que tinha demitido Albon em 2012 - o chamou de volta, e o piloto finalmente ganhou sua chance na Fórmula 1.

Albon impressionou pela primeira vez logo na terceira etapa, quando largou dos boxes e pontuou, ganhando a eleição popular de piloto do dia daquele GP. Ele não tinha qualquer experiência na categoria antes do primeiro teste na pré-temporada, algo muito diferente do que aconteceu com os outros estreantes, como Lando Norris e George Russell, que vinham de anos fazendo parte dos programas de jovens pilotos de McLaren e Mercedes.

Outro ponto alto de sua primeira metade do campeonato foi a performance do GP da Alemanha, que acabou ofuscada porque foi seu então companheiro, Daniil Kvyat, que subiu ao pódio. Mas isso só aconteceu por um detalhe: Albon estava entre os primeiros colocados quando a pista começou a secar e a equipe decidiu arriscar colocar o piloto que estava mais atrás com os pneus de pista seca. A aposta estava correta e Kvyat chegou em terceiro, enquanto Albon foi o sexto.

Dentro da equipe, que também pertence à Red Bull, a performance chamou a atenção e, quando o time principal decidiu que tinha dado todas as chances para Pierre Gasly se recuperar do início ruim de campeonato que teve, Albon foi o escolhido para substituí-lo. Nada mal para quem, há 12 meses, já tinha se conformado que o sonho de sequer estar no grid da Fórmula 1 um dia tinha ficado para trás.

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