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"Glória eterna". Flavio Gomes ironiza boicote de fãs de Senna ao seu livro

"Ímola 1994", livro lançado pelo jornalista Flavio Gomes - Divulgação
"Ímola 1994", livro lançado pelo jornalista Flavio Gomes Imagem: Divulgação

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

19/04/2021 04h00

Autor do recém-lançado livro "Ímola 1994 - A trajetória de um repórter até o acidente que chocou o mundo", Flavio Gomes ironizou o boicote proposto a ele e à obra pela Torcida Ayrton Senna (TAS), fã-clube dedicado ao piloto brasileiro tricampeão mundial. Os fãs argumentam que o jornalista 'não respeita Ayrton Senna' e 'conta histórias de conteúdo duvidoso'.

Em contato com o UOL Esporte, Flavio Gomes ressaltou que 'o livro sequer é sobre Ayrton Senna' e disse que 'propor um boicote a uma obra essencialmente jornalística é algo tão ridículo quanto a devoção deles' ao ídolo.

"O Brasil enlouqueceu de vez. Opera num raciocínio binário que se confunde com o silogismo mais tosco. 'Eu sou um cidadão de bem e sou devoto de Ayrton Senna; Flavio Gomes não é devoto de Senna como eu; portanto, Flavio Gomes não é um cidadão de bem e vou atacá-lo'. Essa é a lógica desses malucos", disse.

"Nem leram o livro. Leram um trecho que, no fundo, humaniza o ídolo deles — um cara que na mente doentia desses doidos não falava palavrão e jamais faria uma sacanagem inofensiva. São incapazes de entender isso. Uns birutas que não merecem muita atenção. O livro sequer é sobre Ayrton Senna. Nem isso conseguem entender. Não tem foto dele na capa, não uso seu nome no título. Fazem parte da Igreja Sagrada da Sexta Marcha. Propor um boicote a uma obra essencialmente jornalística é algo tão ridículo quanto a devoção deles. Quero é distância desses lunáticos", completa.

Em seu canal no Youtube, Gomes explicou que o livro aborda os bastidores, dificuldades e particularidades da cobertura do acidente que matou Senna, em uma época em que não havia internet.

Troca de farpas

A polêmica tomou conta das redes sociais nos últimos dias, após membros do fã-clube sugerirem o boicote ao livro.

"Quem gosta e respeita o Automobilismo, a F1 e Ayrton Senna, não alimenta e não dá dinheiro para quem não tem o mínimo respeito, fala mal e conta histórias de conteúdo duvidoso", diz a mensagem, ainda acompanhada por hashtags como #babaca, #frustrado e #enrustido.

O jornalista, por sua vez, compartilhou a postagem em seu Twitter e ironizou a campanha iniciada pelo fã-clube de Senna. "Ah, gente, isso aqui é a GLÓRIA ETERNA! Não vou ver sozinho!", escreveu.

Procurado pela reportagem, o fã-clube de Ayrton Senna preferiu não se pronunciar.

O livro custa R$ 84,90 — já com frete para qualquer lugar do Brasil — e está à venda apenas no site da Gulliver Editora: www.gullivereditora.com.br.

"Herói de nada"

Recentemente, em participação no quadro Sincerão, do UOL, Flavio Gomes criticou a imagem de herói a que Ayrton Senna é vinculado e deu ênfase ao assunto quando questionado 'o que mais o incomodava nos debates com os jovens'.

"Criou-se uma imagem de um sujeito infalível, de um herói nacional. Herói de nada. Herói é bombeiro, professor, gente que vive com um salário-mínimo", disse.

O jornalista ainda fez críticas ao atual conceito dos jovens de que os grandes pilotos da atualidade correm contra ninguém e disse que, 'se é assim, é preciso dizer que Senna também não corria contra ninguém'.

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