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MVP do Super Bowl estreitou amizade com Brady e superou gancho por doping

Julian Edelman e Tom Brady do New England Patriots celebram no segundo tempo contra o Los Angeles Rams no Super Bowl LIII no Mercedes-Benz Stadium - STREETER LECKA/AFP
Julian Edelman e Tom Brady do New England Patriots celebram no segundo tempo contra o Los Angeles Rams no Super Bowl LIII no Mercedes-Benz Stadium Imagem: STREETER LECKA/AFP

Do UOL, em São Paulo

05/02/2019 04h00

O californiano Julian Edelman trilhou um caminho incomum para se tornar o melhor jogador do Super Bowl 2019 no último domingo. Aos 32 anos, o wide receiver do New England Patriots saiu de uma universidade pouco conceituada, esteve perto de desistir da NFL, se consolidou como o alvo preferido dos passes de Tom Brady, ajudou seu time a vencer o Los Angeles Rams por 13 a 3 e agora está cotado para entrar no Hall da Fama do futebol americano.

"Ele é como o canivete suíço do Super Bowl", classificou a TV CNN, destacando a versatilidade do jogador, que já atuou em diversas funções no campo.

A trajetória de Edelman, que começou como quarterback do College of San Mateo, na Califórnia, e depois se transferiu a Kent State, em Ohio, inclui também uma grave lesão no joelho que o tirou de toda a temporada retrasada. No ano passado, ele sofreu uma suspensão de quatro jogos por violar a política antidoping da NFL. O protocolo da liga americana proíbe a divulgação da substância encontrada nos testes, mas o que sabe é que Edelman foi pego pelo uso de PED's (drogas para aumento de performance).

Na ocasião, o receiver pediu desculpas ao time e aos torcedores, e apelou na Justiça contra a punição, mas ela acabou mantida. O caso não teve grande repercussão no restante do ano. A vitória de Edelman no Super Bowl deu vazão a críticas segundo as quais a NFL dá de ombros ao uso de substâncias para aumento de performance entre seus atletas.

"Esse é o segredo sujo na NFL", escreveu a colunista do USA Today Nancy Armour. "Eles não se importam com as drogas para aumento de performance - pelo menos não ao ponto de dar punições que desencorajem seu uso - porque o jogo se beneficia delas." Armour acredita que, por causa do doping, o receiver não deveria sequer estar apto a disputar as partidas de pós-temporada.

Mas ao voltar do gancho, Edelman estreitou a parceria com Brady, que o considera um "irmão mais novo" e se tornou peça chave no time de Bill Belichick.

Edelman Brady - ZUMAPRESS - ZUMAPRESS
Imagem: ZUMAPRESS

"Nós temos uma relação incrível, Julian e eu, eu confio bastante nele", Brady costuma dizer. "Eu não tenho um irmão mais novo, mas é como se ele fosse o meu irmão mais novo e ele sabe o quanto eu o amo." Os colegas de vestiário costumam dizer que os dois mantêm um "bromance", brincadeira que junta as palavras "brothers" e romance.

"Ele tem me ajudado muito", devolveu Edelman depois do terceiro Super Bowl ao lado do "irmão mais velho". "Ele tem me ajudado a melhorar, me ensinando através de suas ações e como ele é como um jogador, como profissional, como pai e homem de família. É uma honra jogar com um cara como ele."

A trajetória de Brady e Edelman guarda ainda outros pontos em comum. Brady foi "drafitado" apenas na sexta rodada de 2000 e nove anos depois Edelman precisou esperar até a sétima rodada para ouvir seu nome ser chamado pelos Patriots. Com 1,78 metros, estatura menor que a ideal para um quarterback, ele precisou mudar de posição para aumentar suas chances de NFL.

Antes, esteve muito perto de assinar com a liga canadense. O contrato com o British Columbia Lions foi preterido em cima da hora. "Eu tinha uma sensação estranha na barriga e disse ao meu pai que eu não tinha crescido querendo jogar na CFL [a liga canadense]. Então eu tentei a NFL. Tudo acontece por uma razão."

O calouro chegou ao Patriots como fã de Brady e desenvolveu com ele uma forma de incentivo própria de amigos íntimos. Um exemplo foi visto em uma partida em que Edelman foi flagrado gritando na cara de Brady, de 41 anos, "Você está muito velho!", depois que o veterano acertou um passe para touchdown no primeiro tempo.

Contra os Rams no último domingo, em um jogo em que as defesas sobressaíram contra os ataques (os 16 pontos do placar combinado fizeram a menor pontuação da história do Super Bowl), Edelman teve a melhor performance. Mas essa atuação será suficiente para colocá-lo no panteão das lendas do esporte?

Segundo muitos comentaristas, sim. "Como melhor jogador do Super Bowl deste ano, Edelman está garantindo um lugar em Canton [Ohio], no Hall da Fama do Futebol", escreveu no Twitter o jornalista Adam Schefter, da ESPN.

"Dizem que o melhor amigo do homem é o cachorro", escreveu Nate Burleson, ele próprio um ex-wide receiver, atualmente comentarista da CBS. "Bem, o maior cachorro em campo foi o melhor amigo de Tom Brady. Edelman deveria ser eleito o melhor jogador e quando se aposentar deveria ir ao Hall da Fama."

"Estou vivendo um sonho", disse Edelman após o Super Bowl de domingo. "É muito surreal. Eu sempre fui ensinado quando garoto que você sempre tem que trabalhar duro. Trabalhe o máximo que puder, dê sempre mais, e nós vamos ver onde isso vai dar."

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que foi publicado, Julian Edelman não recebeu o passe para o touchdown dos Patriots