Topo

Parece provocação, mas não é. Brasileiro imita um inseto para comemorar gol

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

16/04/2015 06h00

Houve época que as coreografias eram moda na comemoração de gols. Também teve jogador imitando porco, Papai Noel, coelho da Páscoa e por aí vai. Mas Leonardo Bittencourt, 21 anos, faz os movimentos de uma borboleta. Não há conotação ofensiva ou provocação no gesto, a encenação é uma homenagem feita nos gramados do Campeonato Alemão a um primo que mora no Brasil.

Tudo começa num campinho de terra batida nos fundos do prédio do avô, no bairro Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Nascido na Alemanha e filho de brasileiros, ele vinha ao Brasil nas festas de final de ano e se juntava aos primos João Pedro Bittencourt e João Luiz Bittencourt, que são gêmeos. Passavam boa parte do tempo jogando bola.

No meio dos peladeiros, o primo João Luiz tinha o apelido de filé de borboleta por ser muito magro. Deboche se paga com deboche e ele colocava as mãos atrás das costas e saia pulando e batendo asas cada vez que fazia gol. Em março de 2013 o gesto foi repetido por Leonardo na Alemanha.

O palco não era um campinho de terra, mas os gramados do Campeonato Alemão vestindo a camisa do Borussia Dortmund. O técnico Jürgen Klopp não se conteve e abriu um sorriso com a comemoração esquisita. João Luiz não acreditou quando soube da homenagem.

“Muita emoção saber que (Leonardo) teve a frieza de lembrar numa hora tão importante. Fico feliz demais. Nem acreditei quando fez”.

A imitação foi repetida mais duas vezes, mas quando Leo vestia a camisa do Hannover. Filho do ex-jogador Franklin, com passagens por Fluminense e Bragantino, ele nasceu em Leipzig e cresceu na Alemanha. Iniciou no futebol aos quatro anos ao ser foi matriculado numa escolinha de futebol. 

Escalou os degraus e com 17 anos assinou o primeiro contrato profissional com o Energie Cottbus. O clube seguinte foi o Borussia e agora é titular do Hannover. O jogador também integra a seleção Sub-21 da Alemanha.

As qualidade que permitiram a convocação englobam ser um meia de velocidade e drible afirma o próprio Leonardo. O modo dele joga lembra o jeito de Willian do Chelsea. Leo conta que a mistura Brasil-Alemanha permitiu assimilar o melhor de dois países com muita tradição no futebol.

“Tenho a disciplina alemã aliada a malandragem e o gingado brasileiro”.

Ele confia que esta combinação será suficiente para obter um lugar na seleção principal da Alemanha e uma vaga numa equipe de ponta da Europa. O Brasil não está nos planos por enquanto, mas no futuro nenhuma possibilidade é descartada. 

João Luiz avisa que se houver transferência para o país o destino tem que ser o Flamengo, time que torce fervorosamente. Aliás, ele viu uma foto do primo com a camisa da Flalemanha e achou que caiu muito bem. Se o sonho se realizar, poderá ver a comemoração borboleta no Maracanã.

O primo confia que Leonardo não vai esquecer da homenagem porque a amizade entre o trio é forte. Prova disso é que Leo tem uma tatuagem no braço esquerdo com a bandeira do Brasil e as iniciais JP (João Pedro), JL (João Luiz) e LJ (Leonardo Jesus). Embaixo está escrito “pra sempre” e acima "trigêmeos". A palavra não está ali de graça. Todos no trio tem 21 anos, semelhanças físicas e muitas vezes foram tratados como trigêmeos por outras pessoas.