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Ba-Vi: Procurador do TJD pede desclassificação e rebaixamento do Vitória

Briga generalizada no clássico entre Bahia e Vitória - MARGARIDA NEIDE/AGÊNCIA A TARDE/ESTADÃO CONTEÚDO - MARGARIDA NEIDE/AGÊNCIA A TARDE/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MARGARIDA NEIDE/AGÊNCIA A TARDE/ESTADÃO CONTEÚDO

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

22/02/2018 19h05

O Procurador Hermes Hilarião Teixeira Neto, do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol da Bahia (TJD-BA), ofereceu, nesta quinta-feira (22), denúncia contra todos os envolvidos na confusão do Ba-Vi do último domingo (18). O que mais chama atenção no documento é o pedido de desclassificação e rebaixamento do Vitória no Campeonato Baiano 2018. Em sua avaliação, o clube rubro-negro encerrou a partida 'de forma intencional' e acabou prejudicando terceiros. O presidente Ricardo David, por sua vez, diz que a denúncia foi 'irresponsável e tendenciosa'.

‘Na nossa avaliação, o Vitoria, através do Mário Silva, que é o supervisor de futebol, do Vagner Mancini e de outros atletas, deram ensejo, de forma intencional, ao encerramento da partida. Isso gera aplicação do art. 205 [veja abaixo], parágrafo II do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, porque o Vitória, além de dar ensejo ao encerramento da partida, prejudicou diretamente o Jequié e o Fluminense de Feira”, disse Hermes em entrevista à Rádio Transamérica FM, de Salvador.

Art.205 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva - Reprodução/CBJD - Reprodução/CBJD
Imagem: Reprodução/CBJD

“Por essa razão, por ter tido um prejuízo desportivo desses times que não participaram da partida, eu estou pedindo a desclassificação do Vitória do Campeonato Baiano. Em razão do Código Disciplinar da Fifa, que se aplica ao Campeonato Baiano, em razão do seu próprio regulamento, do art. 79, item II, pelo fato de o Vitória ter dado causa ao encerramento da partida, e ter contrariado a ética desportiva, estou pedindo, em nome da Procuradoria, é claro, o rebaixamento do Esporte Clube Vitória”, acrescentou.

Além de Vágner Mancini e Mário Silva, o Procurador ofereceu denúncia contra 12 jogadores, sendo oito do Vitória (Kanu, Denílson, Rhayner, Yago, Fernando Miguel, Bruno Bispo, Ramon e André Lima) e quatro do Bahia (Vinícius, Edson, Rodrigo Becão e Lucas Fonseca) - veja todas elas mais abaixo.

Com a denúncia tendo sido apresentada nesta quinta-feira (22), o julgamento deve acontecer já na próxima terça (27).

Vitória: Procurador é tricolor e irresponsável

O Vitória ainda não foi notificado oficialmente, mas já tomou conhecimento das denúncias oferecidas pelo Procurador. O presidente Ricardo David classifica a atitude de Hermes como ‘irresponsável’ e ainda o acusa de ser torcedor do Bahia.

Ricardo David, presidente do Vitória - Maurícia da Matta/E.C. Vitória - Maurícia da Matta/E.C. Vitória
Imagem: Maurícia da Matta/E.C. Vitória
“Estamos aqui reunidos, mas ainda não recebemos a notificação para entender essa atitude descabida, absurda, arbitrária, desproporcional, tendenciosa, para não dizer irresponsável, de um procurador do TJD que não tem a intenção que devia ter, um torcedor declarado do Bahia”, disse o presidente rubro-negro em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Ricardo David se diz tranquilo quanto ao resultado do julgamento e vê como impossível um suposto descenso do Vitória para a segunda divisão.

“Eu não tenho dúvida do resultado disso, o Vitória não será punido, absolutamente. Os atletas, obviamente, claro. Aí fica por questão de interpretação, foram citados na súmula, não temos nada a declarar sobre isso. Mas punir a instituição com exclusão e segunda divisão. Isso é de uma responsabilidade sem precedentes de alguém tendencioso”, acrescentou.

O presidente do Vitória atentou ainda para o fato de o procurador não ter feito denúncias relacionadas à depredação do Barradão por parte da torcida do Bahia: "Nós tivemos o estádio depredado e não tivemos nenhuma citação. Não é interpretação, não. Tivemos fatos visíveis, documentados".

VEJA TODAS AS DENÚNCIAS OFERECIDAS

INFRATORES – FATO – PENA LIMITE

Vitória - Provocar suspensão do jogo causando prejuízo desportivo a terceiros – Desclassificação do Campeonato Baiano 2018, Rebaixamento para a Série B do Campeonato Baiano, multa de até 100 mil

Vágner Mancini – Fere ética disciplinar/suspender jogo – 01 a 06 partidas

Kanu – Agressão + ameaça – 100 reais a 100 mil + 04 a 12 partidas

Yago – Agressão – 04 a 12 partidas

Denílson – Agressão – 04 a 12 partidas

Rhayner – Agressão – 04 a 12 partidas

Edson – Agressão – 04 a 12 partidas

Rodrigo Becão – Agressão – 04 a 12 partidas

Fernando Miguel – Ato hostil – 01 a 03 partidas

Lucas Fonseca – Empurrar com força excessiva pescoço / ato desleal e hostil – 01 a 03 partidas

Vinicius – Comemorar com gestos obscenos – 02 a 06 partidas

Bruno Bispo – Fere ética disciplinar / suspender jogo – 01 a 06 partidas

André Lima – Fere ética disciplinar / suspender jogo – 01 a 06 partidas

Ramon – Fere ética disciplinar / suspender jogo – 01 a 06 partidas

Mario Silva (supervisor) – Fere ética disciplinar / suspender jogo – 01 a 06 partidas

O que aconteceu no confronto

A partida foi encerrada antecipadamente porque o Vitória ficou com apenas seis jogadores em campo - um time precisa ter ao menos sete para seguir jogando. Kanu, Rhayner, Denilson, Uillian Correia e Bruno Bispo, do Vitória, levaram vermelho. No Bahia, os expulsos foram Lucas Fonseca, Vinícius, Rodrigo Becão e Edson, sendo que os dois últimos estavam no banco.

Denilson abriu o placar para o Vitória no 1º tempo. A briga começou quando Vinicius, do Bahia, fez o gol do empate, no 2º tempo. Ele converteu a penalidade e fez uma dança de "créu" na comemoração, em frente à torcida rubro-negra, o que irritou os jogadores do Vitória. Com isso, uma briga generalizada teve início e fez com que a partida ficasse paralisada por 16 minutos.

Depois da briga, a partida foi reiniciada, mas durou pouco. Primeiro, Uillian Correia foi expulso por fazer falta dura em Zé Rafael. Depois, Bruno Bispo também recebeu o cartão vermelho por chutar a bola para longe e retardar uma cobrança de falta e deixou o Vitória com apenas seis jogadores em campo, o que fez o árbitro encerrar a partida aos 34min do segundo tempo. Agora, caberá aos auditores da comissão disciplinar do TJD-BA julgarem se as expulsões foram ou não propositais.