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Ba-Vi: Vitória só recebe multa, Mancini é absolvido e Kanu pega dez jogos

Briga generalizada no clássico entre Bahia e Vitória - MARGARIDA NEIDE/AGÊNCIA A TARDE/ESTADÃO CONTEÚDO - MARGARIDA NEIDE/AGÊNCIA A TARDE/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MARGARIDA NEIDE/AGÊNCIA A TARDE/ESTADÃO CONTEÚDO

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

27/02/2018 21h56Atualizada em 01/03/2018 08h54

O Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol da Bahia (TJD-BA) julgou na noite desta terça-feira (27) os 15 denunciados do polêmico clássico entre Vitória e Bahia, realizado no domingo retrasado (18), pelo Campeonato Baiano. O primeiro a ter conhecimento de sua sentença foi o zagueiro Kanu, que recebeu dez jogos de suspensão por agressão - evitou punição pela acusação de ameaça. Já o técnico Vágner Mancini, acusado de orientar Bruno Bispo a forçar o segundo amarelo para provocar o fim do jogo, acabou absolvido - confira todas as penas mais abaixo.

Além do treinador, os zagueiros Ramon e Bruno Bispo, o atacante André Lima e o supervisor Mário Silva, todos envolvidos na polêmica que resultou no fim antecipado do jogo, também foram absolvidos.

Já o Vitória, julgado por encerrar a partida 'de forma intencional' e prejudicar terceiros, ficou livre de rebaixamento ou exclusão do Campeonato Baiano e terá de pagar multa de R$ 100 mil. "Não é factível que o Vitória tenha entregado o jogo para prejudicar o Bahia”, justificou o presidente da sessão, Jaime Barreiros.

Rhayner, Denílson e Yago, do Vitória, e Edson e Rodrigo Becão, do Bahia, denunciados por agressão, foram punidos com oito jogos, enquanto Vinícius, que provocou a torcida rubro-negra comemorando seu gol com uma dança, levou dois jogos. Já o zagueiro tricolor Lucas Fonseca e o goleiro rubro-negro Fernando Miguel, julgados por ato hostil, foram absolvidos pelo tribunal.

Bahia, Vitória e Procuradoria irão recorrer

Roberto Dantas, diretor jurídico do Vitória, durante julgamento do Ba-VI no TJD - Maurícia da Matta/E.C. Vitória - Maurícia da Matta/E.C. Vitória
Roberto Dantas, diretor jurídico do Vitória
Imagem: Maurícia da Matta/E.C. Vitória
O Vitória deixou o julgamento, no geral, satisfeito, mas ainda assim já informou que irá recorrer de algumas das decisões: a multa imposta de R$ 100 mil e as punições aos jogadores.

“O Vitória saiu muito satisfeito desse julgamento. Quanto à decisão que absolveu o Vitória do pedido de exclusão e rebaixamento achamos que foi muito técnica, um julgamento justo. Em relação à aplicação da multa, o Vitória discorda, entende que todos os atletas, os membros da comissão técnica e funcionários foram absolvidos, de modo que não fez muito sentido essa decisão e pretendemos a recorrer. E com relação às penas, achamos que foram exageradas e também pretendemos recorrer”, disse o diretor jurídico Roberto Dantas em entrevista ao UOL Esporte.

Assim como o clube rubro-negro, a Procuradoria do TJD-BA também promete recorrer de todas as decisões. "A Procuradoria vai recorrer. O julgamento foi permeado de casuísmos, coisas absurdas. Não é possível se ter prova, por exemplo, do Kanu ameaçando os jogadores, dizendo que sabe onde eles moram, que iria pegar em casa, e o tribunal desconsiderar essa ameaça sob o argumento de que ele estava em um momento de descontrole. São argumentos absurdos que não podem ratificados perante o pleno do TJD. A Procuradoria vai insistir nas penas de rebaixamento e desclassificação do Vitória, vai insistir na pena de ameaça para Kanu, insistir na condenação de Mancini e de todos que foram absolvidos", disse o procurador-geral do TJD-BA, Ruy João Ribeiro.

O Bahia, por sua vez, convocou em caráter de urgência uma reunião com o Conselho Deliberativo do clube para esta quarta-feira (28) a fim de deliberar sobre o julgamento e suas consequências - haverá pronunciamento oficial em seguida. Após o julgamento, porém, advogados do clube tricolor garantiram que também irão recorrer quanto às punições aos jogadores – além de entrar como interessado na questão do não rebaixamento e exclusão do Vitória.

Sendo assim, será realizado novo julgamento, em segunda instância, no Tribunal Pleno do TJD-BA, provavelmente já na próxima semana, de acordo com Ruy João.

Leitura labial

Em seu depoimento, Vágner Mancini voltou a negar que tenha orientado o zagueiro Bruno Bispo a forçar o segundo amarelo e, consequentemente, ser expulso de campo. Questionado pelo procurador-geral Ruy João sobre qual frase disse (a Ramon), o técnico rubro-negro afirmou que não saberia dizer, uma vez que fala muitas coisas aos atletas durante uma partida.

"Não há como tirar conclusões sobre o que o técnico disse, apenas suposições", alegou o presidente da sessão. Já o relator Maurício Saporito argumentou que ninguém é perito para afirmar o que foi dito pelo técnico à beira do gramado e alegou que a Procuradoria deveria ter solicitado perícia para o caso.

Confusão entre jogadores de Vitória e Bahia no clássico pelo Campeonato Baiano - Felipe Oliveira/EC Bahia - Felipe Oliveira/EC Bahia
Imagem: Felipe Oliveira/EC Bahia

CONFIRA TODAS AS PENAS:

Esporte Clube Vitória
Denúncia: Provocar suspensão do jogo causando prejuízo desportivo a terceiros
Pena: Pena de R$ 100 mil

Vágner Mancini (técnico)
Denúncia: Ferir ética disciplinar/suspender jogo
Pena: Absolvido

Mario Silva (supervisor)
Denúncia: Ferir ética disciplinar / suspender jogo
Pena: Absolvido

Bruno Bispo
Denúncia: Ferir ética disciplinar / suspender jogo
Pena: Absolvido

André Lima
Denúncia: Ferir ética disciplinar / suspender jogo
Pena: Absolvido

Ramon
Denúncia: Ferir ética disciplinar / suspender jogo
Pena: Absolvido

Fernando Miguel
Denúncia: Ato hostil
Pena: Absolvido

Kanu
Denúncia: Agressão e ameaça
Pena: 10 jogos

Yago
Denúncia: Agressão
Pena: 8 jogos

Denílson
Denúncia: Agressão
Pena: 8 jogos

Rhayner
Denúncia: Agressão
Pena: 8 jogos

Lucas Fonseca
Denúncia: Ato hostil (empurrar com força excessiva pescoço)
Pena: Absolvido

Vinicius
Denúncia: Comemorar com gestos obscenos
Pena: 2 jogos

Edson
Denúncia: Agressão
Pena: 8 jogos

Rodrigo Becão
Denúncia: Agressão
Pena: 8 jogos

TJD nega liminar, e resultado é mantido

O Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol da Bahia (TJD-BA) indeferiu o pedido de liminar do Vitória para reverter a decisão da Federação Bahiana de Futebol (FBF) de declarar o Bahia vencedor (por 3 a 0) do clássico disputado no dia 18 de fevereiro, no Barradão, pela sexta rodada do Baianão.

O fato de a liminar ter sido negada, porém, não impede que o resultado ainda possa ser alterado. Segundo Roberto Araújo, secretário-geral do TJD, esclareceu ao UOL Esporte, o mandado de garantia protocolado pelo Vitória segue em tramitação, agora com Bahia e Federação convocados a se manifestar. Leia mais

Relembre o que aconteceu no confronto

A partida foi encerrada antecipadamente porque o Vitória ficou com apenas seis jogadores em campo - um time precisa ter ao menos sete para seguir jogando. Kanu, Rhayner, Denilson, Uillian Correia e Bruno Bispo, do Vitória, levaram vermelho. No Bahia, os expulsos foram Lucas Fonseca, Vinícius, Rodrigo Becão e Edson, sendo que os dois últimos estavam no banco.

Denilson abriu o placar para o Vitória no primeiro tempo. A briga começou quando Vinicius, do Bahia, fez o gol do empate, no segundo tempo. Ele converteu a penalidade e fez uma dança de "créu" na comemoração, em frente à torcida rubro-negra, o que irritou os jogadores do Vitória. Com isso, uma briga generalizada teve início e fez com que a partida ficasse paralisada por 16 minutos.

Depois da briga, a partida foi reiniciada, mas durou pouco. Primeiro, Uillian Correia foi expulso por fazer falta dura em Zé Rafael. Depois, Bruno Bispo também recebeu o cartão vermelho por chutar a bola para longe e retardar uma cobrança de falta e deixou o Vitória com apenas seis jogadores em campo, o que fez o árbitro encerrar a partida aos 34min do segundo tempo. Agora, caberá aos auditores da comissão disciplinar do TJD-BA julgarem se as expulsões foram ou não propositais.