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Desafetos no Inter, Tite e D'Alessandro se reencontram dois anos depois

Gringo e Tite tiveram bate-boca em julho de 2009 que culminou com saída do técnico - Alexandre Lops/AI Internacional
Gringo e Tite tiveram bate-boca em julho de 2009 que culminou com saída do técnico Imagem: Alexandre Lops/AI Internacional

Jeremias Wernek e Carmelito Bifano

Em Porto Alegre

13/07/2011 07h05

A décima rodada do Campeonato Brasileiro fará com que dois personagens da história recente do Internacional voltem a se cruzar. Do lado do Corinthians, Tite. Na parte vermelha, D’Alessandro. Eles foram campeões no estádio Beira-Rio, mas o final da parceria foi conturbado. A história ainda é controversa, mas as rusgas são fato.

   DISCUSSÃO AFASTOU GRINGO DO TIME

  • Nem Tite e muito menos D'Alessandro confirmam - publicamente - a discussão que ocorreu em 25 de julho de 2009, no Rio de Janeiro; logo depois, o gringo foi afastado do grupo principal e nem sequer viajou para o Japão. Na volta, não ganhou vaga imediatamente e Tite foi demitido após derrota para o Coritiba, por 2 a 0, em 04 de outubro daquele ano

A demissão de Tite, consumada em outubro de 2009, passou pelo relacionamento com D’Alessandro. O gringo, peça chave na conquista da Copa Sul-Americana – na temporada anterior, discutiu com o chefe no intervalo do jogo com o Botafogo, pelo Brasileirão.

O bate-boca no vestiário do Engenhão ocorreu poucas semanas depois da final da Copa do Brasil. Onde o Inter foi batido pelo Corinthians e D’Ale perdeu a cabeça, quase indo para as vias de fato com o zagueiro William. E o estopim para a crise interna não se apagou mais.

Imediatamente, o camisa 10 foi afastado dos treinos. Oficialmente, a decisão era para recuperar a forma física do argentino. Mas o ato de insubordinação calou fundo em Tite. E a cúpula, naquele momento, respaldou o treinador. O gringo ficou de fora da viagem do clube ao Japão, onde disputou, e faturou, a Copa Suruga.

Até hoje, nenhuma das duas partes confirma a discussão. Mas com intensidades diferentes. “Não ocorreu nada. Não foi nada. Estava jogando mal, então não posso reclamar”, disse o jogador, em entrevista ao jornal Diário Gaúcho, quase um mês após o episódio.

“Entendo as perguntas. Os esclarecimentos foram dados antes. As perguntas vão continuar e vou dar a mesma resposta”, apontou Tite, em tom mais amplo e menos apaziguador, um dia após o afastamento do camisa 10.

Duas semanas depois de ficar treinando em separado, D’Ale voltou ao convívio com os demais jogadores.  Entrou no final da partida contra o Sport e até marcou gol. 56 dias depois, Tite foi demitido. Neste lapso temporal, a vaga de titular não ficou de forma absoluta com o meia.

Na última partida de Tite no Inter, a imagem emblemática: D’Alessandro foi chamado durante o segundo tempo da derrota colorada para o Coritiba, no Paraná. Correndo lentamente, o gringo atendeu a solicitação. Mas não mudou o panorama que terminou com 2 a 0.

Para amigos, Tite revelou frases da discussão com D’Alessandro. Mas jamais quis tocar no assunto publicamente. Os demais companheiros, porém, confirmaram o caso de forma indireta, aos poucos. “D’Alessandro é um jogador inteligente, que sabe o que quer. Em determinado momento, tomou decisões que só cabe a ele dizer. Agora, ele está com outra atitude e não há ninguém melhor do que ele para esclarecer o que aconteceu”, disse Alecsandro, atualmente no Vasco, mas à época dono da camisa nove do Inter.

O esclarecimento, no entanto jamais veio. Do final de 2009 para cá, Tite foi para o Al-Wahda, voltou para o Brasil e assumiu o Corinthians. Balançou no cargo, mas permaneceu mesmo após a queda precoce na Libertadores. E agora lidera o Brasileirão. Já D’Alessandro, trabalhou com Mário Sérgio, Jorge Fossati e Celso Roth no Beira-Rio. Faturou mais um Campeonato Gaúcho, venceu a Libertadores e foi eleito o “rei da América” pelo jornal El País, em 2010.