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Milton Cruz vira 'faz-tudo' e até dobra turno para tentar salvar ano do São Paulo

Milton Cruz acumula funções de técnico-interino e olheiro no fim da temporada - Fabio Braga/Folhapress
Milton Cruz acumula funções de técnico-interino e olheiro no fim da temporada Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Luiza Oliveira

Em São Paulo

24/10/2011 07h02

Milton Cruz está longe de ser presidente do São Paulo, não tem status de dirigente, não é badalado como os craques Rogério Ceni e Luis Fabiano e tampouco tem os salários supervalorizados dos técnicos. Mas mesmo desconhecido do grande público, ele se tornou uma peça-chave e acumula funções para tentar salvar a temporada do time tricolor.

Duas das principais funções do clube nesta época do ano se acumulam sob a responsabilidade de Milton. Desde a saída de Adilson Batista, ele assumiu como técnico-interino e tem que manter a equipe na briga pelo título brasileiro e por uma vaga na Copa Libertadores.

Mas seu principal papel é como auxiliar e olheiro. É ele quem observa jogadores, colhe informações, sugere contratações e orienta a diretoria na busca de reforços. O trabalho se torna imprescindível nos últimos meses do ano quando o clube se planeja para montar o plantel para a próxima temporada.

Ele vem se desdobrando para dar conta do recado. Às vezes trabalha dobrado, até no período noturno. “Não é fácil, tem que brigar, ligar, ir atrás, assistir a jogos. Tem que ficar preso o tempo inteiro, observar durante a noite. São muitos jogadores que estão se destacando, não é fácil. Mas com um pouco de sacrifício a gente consegue conciliar”, disse.

Milton tem moral e está em alta no clube. A diretoria se apressa para buscar um novo comandante, justamente por uma preocupação com o auxiliar. A cúpula não quer que a imagem dele fique desgastada caso os resultados sejam desfavoráveis até o fim do ano. Além disso, os cartolas reconhecem a importância do trabalho como observador e o veem como insubstituível neste momento.

“A gente acha que não dá para conciliar. O Milton tem uma função muito importante no clube, especialmente nessa época do ano. A gente o escuta bastante. Não tem outra pessoa que faça o papel dele”, disse o vice de futebol João Paulo de Jesus Lopes.

Em campo, o momento não é dos melhores. O time continua sem jogar bem, apresenta os mesmos erros da ‘era Adilson Batista’ e é obrigado a conviver com as vaias e críticas da torcida. Após o empate sem gols com o Coritiba, neste domingo, a equipe ouviu gritos de ‘timinho’ ao deixar o gramado no Morumbi.

Mas Milton tem os números a seu favor. Não perdeu um jogo sequer dos quatro em que comandou o São Paulo em 2011. Após a saída de Paulo César Carpegiani, venceu as duas partidas contra o Cruzeiro e o Internacional até a chegada de Adilson. Na nova entressafra, superou o Libertad por 1 a 0, quarta-feira, pela Copa Sul-Americana, e conseguiu um empate neste domingo.