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Obcecado pelo título, D'Ale monta fórmula pelo tetra e quer Inter impecável em casa

Após lesão na coxa, gringo estreia em seu quarto Brasileirão contra o São Paulo - Agência Freelancer
Após lesão na coxa, gringo estreia em seu quarto Brasileirão contra o São Paulo Imagem: Agência Freelancer

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

04/06/2012 06h00

D’Alessandro tem uma fórmula para vencer o Brasileirão. Às vésperas de abrir sua quarta participação na história do campeonato, o capitão do Inter faz cálculos para ter uma campanha capaz de quebrar o jejum de 33 anos do clube no certame. Nas contas do gringo, 70% de aproveitamento no Beira-Rio e mais um punhado de êxitos fora de Porto Alegre serão suficientes.

  70% DE APROVEITAMENTO NO BEIRA-RIO

  • Agência Freelancer

    Em 2011, Corinthians foi campeão com 21 vitórias; D'Alessandro calcula índice semelhante para o Inter conseguir o seu quarto título do Brasileirão

Em entrevista ao UOL Esporte, D’Ale monta um mapa de onde é mais difícil de jogar no Brasil. Elege o nordeste como região mais complicada, pelo calor e o longo deslocamento. Elogia os times de Santos e Corinthians e admite que o Internacional precisa melhorar a bola aérea para ser campeão.

Em quase 30 minutos de bate-papo, D’Alessandro despejou suas histórias de três anos e meio jogando o Campeonato Brasileiro. Lembrou da frustração de 2009, e de outros anos, em que tropeços no Beira-Rio acabaram influenciando demais na briga vermelha.

“Não se tem tempo para lamentar na hora, mas depois dói”, sentencia. “Fica um sentimento de que a gente poderia ter feito mais. No fim você lamenta os pontos perdidos, aquela vitória que escapou nos minutos finais. O empate fora de casa que não deu certo. Tudo isso”, completa.

Pelo cálculo de D’Alessandro, o Inter precisa vencer entre 13 e 14 jogos ao lado do seu torcedor. E acumular de cinco a seis vitórias fora de casa. O índice fecha com a campanha do campeão do ano passado. O Corinthians faturou a taça com 21 vitórias. Número que está dentro da margem projetada pelo gringo.

“Com esse aproveitamento, vamos estar na briga. É muito difícil vencer todos os 19 jogos em casa, muito difícil. Mas a gente tem que brigar por cada ponto e ter, no mínimo, 70% de aproveitamento no nosso estádio”, afirma. Em 2011, o Inter passou longe dos números imaginados por D’Ale. O colorado só conseguiu 10 vitórias no Beira-Rio, onde ainda empatou seis vezes e perdeu outros três jogos. Como visitante o time obteve seis vitórias.

Dos estádios mais difíceis de jogar, D'Ale não foge. Lista a Ilha do Retiro, o estádio dos Aflitos, o Pituaçu, a Vila Belmiro e ainda o Serra Dourada. O histórico estádio no litoral paulista, nas palavras do jogador, é o oposto do campo tradicional no Brasil. Já em Goiânia, o clima local e as dimensões do gramado saltam aos olhos.

Confira abaixo a entrevista com o capitão do Inter e seus planos para o Brasileirão.

UOL Esporte: O quê as outras edições de Brasileirão que você disputou (metade de 2008, 2009, 2010 e 2011) deixaram de experiência para o de agora? O que você aprendeu que precisa ser feito para conquistar o título?

O que fica de cada campeonato é a coisa de poder ter feito um pouco mais. Você lamenta lá no fim os pontos perdidos em casa. Os jogos que estavam ganhos, aquele que o adversário virou. Quando chega no final, aí tu fica lamentando muito. Fica complicado, não tem tempo para se lamentar na hora, mas dói depois.

D'ALE LISTA ONDE É MAIS DIFÍCIL DE JOGAR

Local e nome do estádioQuando o Inter joga lá
Recife - Ilha do Retiro (Sport)23/06 - 6ª rodada
Salvador - Pituaçu (Bahia)01/07 - 7ª rodada
Santos - Vila Belmiro (Santos)01/10 - 28ª rodada
Goiânia - Serra Dourada (Atlético-GO)17/10 - 30ª rodada
Recife - Aflitos (Náutico)04/11 - 34ª rodada

Você já conseguiu identificar algum tipo de fórmula ou caminho para evitar essa oscilação e ficar na ponta por muito tempo?

O Brasileirão é muito complicado. Então o dever de casa é obrigação, ganhar em casa sempre. Tem jogos muito difíceis, que serão complicados, com gente grande em casa. Mas mesmo assim, temos que pegar os três pontos. E tem adversários aí que tu pode fazer seis. Sem desmerecer a ninguém, mas a gente tem grupo para ganhar fora de casa. Claro que é muito difícil fazer o 100% em casa, mas tu tem que estar perto do 65, 70% de vitórias em casa. Aí a gente pode ganhar umas cinco ou seis partidas fora. Fica uma pontuação legal, para brigar lá em cima. Tem uma regra: a maioria dos pontos em casa, sempre.

Destes três campeonato e meio que você jogou aqui no Brasil, qual o local mais complicado de atuar? Seja pelo estádio, pelo estado do gramado, clima ou por distância. Qual o ponto do caminho que é mais difícil?

Em Goiânia não joguei nunca, sempre aconteceu alguma coisa e não joguei. Mas é difícil jogar no Nordeste. Distância complica, o Brasil é muito cumprido. Muito grande. Para ir jogar no Nordeste tem que sair sexta, são sete ou oito horas de voo. Mesmo tempo de viagem aos Estados Unidos! Complica, mas tem o horário do jogo. No verão tem dias que acontece jogo com 40°. Jogar contra Sport, Náutico é complicado. Depois tem campos que são complicados, todos tem seu ponto. Mas alguns são mais ainda. Em Goiás é difícil. Na Vila é muito difícil. Lá muda tudo, é muito diferente de todos os outros campos do Brasil. Quando vinha jogar aqui, imaginava campos de 500 metros de cumprimento. Aí na Vila tem cinco metros do lado e nos fundos, diminui muito. O Náutico igual, o campo é pequeno.

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UOL Esporte: Qual o quesito desse grupo do Inter, a virtude dele, que dá alento quando você pensa em buscar o título?

D'Alessandro: O nosso time tem elenco, tem qualidade. Não podemos deixar de pensar e saber que temos qualidade demais nesse grupo. Somando isso a experiência dos caras mais grandes, mais velhos. A mistura que temos com jovens, com gente que está surgindo. A gente tem uma mistura muito boa. Não adianta ter um time só de jovens ou só os mais velhos. A gente pode fazer um grande campeonato. Vai ser complicado? Vai, mas vamos firmes. Jogo a jogo.

UOL Esporte: E até onde pode ser vantagem outros postulantes ao título também estarem em mais uma competição nesta largada?

D'Alessandro: O que a gente tem que saber é que não temos outra competição. O grupo precisa pensar que só joga o Brasileirão, são seis meses só com isso. O Santos tem um elenco bom, a Libertadores vai acabar e ele volta a focar no Campeonato. O Corinthians a mesma coisa, perdeu agora, mas pode se recuperar. Na Argentina você perde dois e fica na cola da tabela, aqui não. Nós só temos essa competição e precisamos focar. Temos um jogo pedreira pela frente, então é concentração. Pensar que se não der para ganhar fora tem que correr para buscar o empate. Um ponto fora é muito melhor do que perder. É bom ganhar, mas quando não dá tem que saber ser esperto. Um pontinho é sempre bom.

É o Santos o time mais completo, com mais qualidades?

Eles têm uma qualidade importante, importante. Com qualidade mais individual do que coletiva. Diferente do Corinthians, que é compacto e com muita marcação. O Tite conseguiu formar um time muito fechado e compacto, mas não tem as características individuais do Santos. Nós temos as duas coisas. Não vou dizer que o Inter é o melhor time, mas estamos aí para brigar. A gente tem individualidades muito importantes, jogador de seleção. E temos que conseguir caprichar mais na outra coisa. Não tomar gols bobos, não ficar refém da bola parada. Ser um grupo mais compacto. A bola parada tem sido uma coisa que a gente treina, mas estamos sofrendo. O grupo é compacto, mas se a gente melhorar fica bem melhor.