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Em três anos, São Paulo vai de modelo a comum e vira principal 'degolador' de técnicos

Juvenal Juvêncio , presidente do São Paulo, que tem seis demissões em três anos - Juca Varella/Folhapress
Juvenal Juvêncio , presidente do São Paulo, que tem seis demissões em três anos Imagem: Juca Varella/Folhapress

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

27/06/2012 06h00

O São Paulo foi considerado um clube modelo na última década tanto pela grande quantidade de títulos conquistados (três Campeonatos Brasileiros, uma Libertadores e um Mundial de Clubes) como pela estabilidade dada para a comissão técnica trabalhar.

COMPARE AS DEGOLAS EM SÃO PAULO

ClubeDemissões de 2005 a maio de 2009Demissões de 2009 a 2012
São PauloNenhuma6
Corinthians81
Palmeiras83
Santos54

Tanto é que dentro deste período de títulos, de 2004 até 2009, o time do Morumbi não demitiu nenhum treinador. Depois da saída de Cuca, em 2004, passaram Leão e Paulo Autuori, em 2005. Mas ambos saíram porque quiseram, com propostas do Japão.

Muricy assumiu o comando em 2006 e ficou por mais de três anos. Mas, após a queda para o Cruzeiro, na Libertadores, foi demitido e aí o clube desandou no respaldo a seus comandantes.

A queda de Leão é a sexta de lá pra cá. Depois de Muricy, rodaram Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Paulo Cesar Carpegiani, Adilson Batista e agora Emerson Leão, o sexto degolado. Baresi, que era das categorias de base, chegou a ser efetivado, mas depois de maus resultados foi “rebaixado” novamente.

No período em que foi modelo e passou cinco anos sem demitir, o São Paulo viu seus três principais rivais, Corinthians, Palmeiras e Santos, fazerem trocas em grandes quantidades. O time do Parque São Jorge destituiu oito comandantes nesse período, mesmo número do Palmeiras. O Santos dispensou cinco.

Mas de 2009 pra cá, quando acabou a estabilidade no comando do time do Morumbi, ele foi recordista em demissões. Suas seis superam fácil o Corinthians, que só demitiu Adilson Batista, o Palmeiras (mandou embora Luxemburgo, Muricy e Antônio Carlos), e o Santos, com quatro demissões (Vágner Mancini, Vanderlei Luxemburgo, Dorival Junior e Adilson Batista).

O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, chegou a culpar o elenco pela fraca campanha de 2011. Fez uma reformulação que culminou na saída de nomes Dagoberto, Carlinhos Paraíba, Marlos, Jean e Juan, entre outros.

Nesta terça, ao explicar a demissão de Leão, adotou discurso diferente. Deu a entender que o time rendeu abaixo do que poderia e falou que não existem bons treinadores no país.

"Temos uma equipe competitiva. Trouxemos 23 jogadores novos. O problema agora não foi do plantel, como aconteceu no ano passado. O problema agora foi o técnico", falou. "O Brasil não é muito brilhante em técnicos. É muito penoso contratar técnico", concluiu.

Marco Aurélio Cunha ocupou o cargo de superintendente de futebol do São Paulo durante oito anos e deixou a função no começo de 2011. Não quis tecer críticas diretas à atual gestão, mas, como dirigente que esteve presente no período da mudança de atitudes da diretoria em relação à política de técnicos, palpitou.

“Todo sucesso é uma coisa dividida entre todos os setores e por quem trabalhou lá. Quando você acha que o sucesso pertence ao comando, começa a errar. O grande problema é como é que você fará para engrenar nos momentos de dificuldade depois que atingiu um ápice. A concorrência te copia. Se você não aperfeiçoa sua metodologia, vai ter dificuldades”, falou.

“O futebol não é fácil, existe o fator sorte, mas geralmente se ganha quando um time merece. No todo, existe uma média positiva se você cumprir suas missões. Mas quando você concentra decisões e passa a ouvir menos, o risco aumenta. Perdemos aquela coisa de ouvir, prestar atenção. Os projetos ficaram altos demais”, continuou.

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