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Tite se irrita com pressão de empresários por saída de Paulinho do Corinthians

Paulinho conduz a bola durante partida entre Corinthians e Náutico, pelo Brasileirão - Danilo Verpa/Folhapress
Paulinho conduz a bola durante partida entre Corinthians e Náutico, pelo Brasileirão Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

15/07/2012 06h00

O técnico Tite tentou esconder a sua irritação com a novela da possível saída de Paulinho, mas não conseguiu. Na coletiva concedida após a vitória por 2 a 1 em cima do Náutico, o técnico do Corinthians afirmou que a pressão exercida em cima do volante foi muito forte para um ser humano aguentar.

A irritação foi facilmente percebida pelas respirações profundas do treinador antes das respostas dadas. Quem acompanha o dia a dia corintiano sabe que a pausa para responder e a “puxada de ar” são sinais de que o treinador se controla para não soltar o verbo.

“Torcedor corintiano”, começou ele em tom de discurso populista. “Por trás de um atleta, existe uma série de interesses que podem prejudicar a cabeça de cada um. Cada um deles é um ser humano e são ‘n’ objetivos para cada um. O Paulo tem sorte de ser privilegiado neste aspecto. É inteligente como pessoa. Ele estava muito pressionado”, disse ele, para depois dar a pausa para mais uma respiração.

“Eu estou louco para falar outras coisas, mas não posso. O que posso falar é que disse a ele: ‘Tua família e tu são do bem. Você vai enxergar quem é do bem e que não é que está com você ao longo do tempo’”, completou o treinador.

Paulinho teve uma boa proposta da Internazionale de Milão, mas acabou ficando no Corinthians após uma renovação de contrato até 2015 e um aumento salarial. Agora, 45% de seus direitos econômicos estão com o Grupo Pão de Açucar (Audax), 45% com o BMG e outros 10% com o Corinthians.

Para manter Paulinho, o Corinthians contou com a ajuda até de Ronaldo. O fato irritou José Carlos Brunoro, dirigente do Audax, e um dos responsáveis pela carreira do volante.

"A conversa com o Corinthians foi ótima, e nós respeitamos a vontade do Paulinho. Só acho que houve incoerência por parte do Ronaldo. Até outro dia ele ficava falando que todo mundo tinha que sair do país. E quando ele tinha 18 anos foi pra o PSV. Falei para o Paulinho não ouvir o que os outros dizem, sempre tem interesse pessoal”, afirmou Brunoro ao blog do Perrone.

“Não sei o que prometeram para o Paulinho, mas espero que cumpram tudo. Espero também que não tenham oferecido seleção brasileira para ele, porque isso seria muito perigoso para o futebol brasileiro. E para a carreira do Ronaldo, ele precisa entender que agora não é mais jogador, é um empresário”, completou o dirigente.

Com a divisão, o poder de decisão do clube fica diminuído em relação ao restante. Por causa disso, Tite reconhece que o que pode fazer é conversar e mostrar os caminhos a serem seguidos de acordo com a sua experiência.

“Eu converso com eles e abro a possibilidade de sair ou não. Eu tento dar um conselho, uma orientação, abrir uma possibilidade de mostrar o novo caminho. Eu digo que ele tem esse caminho ou aquele e que ele precisa escolher”, finalizou.