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Entre desespero do time, diretoria acuada e ameaças, Palmeiras já adota tom pessimista

Palmeiras amargou mais uma derrota e se vê em situação ainda mais preocupante - Fernando Donasci/UOL
Palmeiras amargou mais uma derrota e se vê em situação ainda mais preocupante Imagem: Fernando Donasci/UOL

Lucas Tieppo

Do UOL, em São Paulo

17/09/2012 06h00

A derrota por 2 a 0 para o Corinthians no clássico deste domingo no Pacaembu incendiou ainda mais o clima no Palmeiras. Após um primeiro tempo cheio de confusões, troca de empurrões e brigas nas arquibancadas, a situação parecia mais amena durante o intervalo quando um torcedor que acompanhava o clássico subiu os degraus até a divisa com o setor VIP e xingou o vice-presidente de futebol Roberto Frizzo.

A atitude do torcedor não foi isolada. Diversos torcedores aproveitaram a proximidade com um dos responsáveis pelo futebol alviverde do clube para reclamar do time. Dentro de campo, o mesmo desespero era visto nos jogadores a cada passe errado ou a cada chute sem direção. Confira alguns detalhes que mostram que a situação do Palmeiras na zona de rebaixamento - 19º colocado, com 20 pontos, o mesmo número do lanterna Atlético-GO, mas com uma vitória a mais - é cada vez mais complicada.

DESESPERO A CADA ERRO

  • O Palmeiras começou o clássico contra o Corinthians com a "faca nos dentes", porém, a vontade em excesso dos jogadores logo se transformou em afobação. E como consequência, erros atrás de erros. A cada passe errado ou cruzamento sem direção, os jogadores palmeirenses iam ao desespero e ficava claro o temor de ficarem marcados com a torcida como o responsável pela má fase. Nas arquibancadas, a reação era semelhante e os torcedores ficavam mais descrentes a cada falha do time.

JOGADORES NÃO SE ENTENDEM EM CAMPO

  • Pode parecer estranho dizer que falta de entrosamento entre os jogadores quando já se passaram 25 rodadas do Campeonato Brasileiro, mas não foram poucas as vezes em que os jogadores palmeirenses não se entendiam ao armar as jogadas durante o clássico. Valdivia abria o jogo, enquanto o Barcos esperava a jogada centralizada, ou então arriscava um passe em profunidade e Juninho não acompanhava. Até Marcos Assunção errou ao arriscar lançamentos para o camisa 9 alviverde e o argentino esperava outra jogada.

TROCA DE COMANDO NÃO TEM EFEITO ESPERADO

  • É comum ver um time reagir e apresentar melhores resultados por conta da mudança de técnico. Porém, com o Palmeiras foi diferente. O time até criou algumas chances, mas era nítido que o Corinthians estava muito melhor armado em campo. Apesar dos elogios de Cesar Sampaio ao trabalho do interino Narciso no campo emocional, nas quatro linhas poucas mudanças foram vistas na comparação com as partidas ainda sob o comando de Felipão.

DIRETORIA ACUADA E AMEAÇADA

  • O vice presidente de futebol Roberto Frizzo foi ameaçado nas arquibancadas durante o primeiro tempo, já o presidente Arnaldo Tirone ouviu gritos que prometiam violência em caso de queda à Série B. Porém, perto do fim do jogo, a situação ficou pior quando alguns torcedores tentaram invadir o camarote em que os dirigentes estavam. Era visível o temor dos dirigentes. Poucas horas depois do fim do jogo, o restaurante de Frizzo foi depredado por torcedores palmeirenses encapuzados.

VILÕES COMEÇAM A SER ESCOLHIDOS

  • Sempre que um time enfrenta a ameaça de rebaixamento, alguns jogadores são escolhidos como os vilões pelos maus resultados. Após o clássico com o Corinthians, Juninho e João Vitor aparecem como grandes favoritos ao posto. O volante nunca caiu nas graças da torcida e já chegou a ser agredido por membros da principal torcida organizada do clube, mas as críticas ficaram mais pesadas após a falha que resultou no segundo gol corintiano. Já o lateral esquerdo também foi muito criticado por ter perdido a bola para Romarinho, que abriu o placar.

RIVAIS REAGEM ENQUANTO O PALMEIRAS SÓ ASSISTE

  • A cada rodada que passa, a distância entre o Palmeiras e o primeiro time fora da zona de rebaixamento aumenta. Após a 25ª rodada, o Flamengo tem oito pontos a mais que a equipe alviverde. Além disso, times como Sport e Figueirense conseguiram bons resultados nas últimas rodadas e já deixaram o time alviverde para trás. Enquanto isso, a equipe não consegue vencer duas vezes seguidas e já soma três derrotas consecutivas para Atlético-MG, Vasco e Corinthians.

DECLARAÇÕES DOS JOGADORES EM TOM PESSIMISTA

  • O discurso padrão dos jogadores do Palmeiras costuma apontar para a esperança em sair da situação ruim da tabela, que o time tem qualidade para escapar do rebaixamento, porém, após a derrota para o Corinthians, os primeiros sinais de conformismo já começam a aparecer. Valdivia, por exemplo, alternou declarações de que o time vai lutar até o fim, com outras que mostram o time está entregue. “Está difícil. Não poderíamos perder. Nem em matemática estamos pensando mais. Não dá para falar mais da fase do Palmeiras. Está difícil, ruim. Sei que o torcedor quer que falemos menos e joguemos mais, e cada um de nós está tentando, se doando”, disse o chileno. “É complicada está situação, é difícil até falar, mas ainda temos chance”, afirmou o lateral Juninho.