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Organizada culpa garota e o pai por tensão no Couto Pereira: "torcida é um barril de pólvora"

Fã pede camisa de Lucas, do São Paulo, no Couto Pereira - Reprodução TV Bandeirantes
Fã pede camisa de Lucas, do São Paulo, no Couto Pereira Imagem: Reprodução TV Bandeirantes

José Ricardo Leite

Do UOL, em São Paulo

01/10/2012 15h40

A torcida organizada Império Alviverde negou que tenha tido qualquer participação no episódio em que torcedores do Coritiba intimidam uma menina e seu pai nas arquibancadas do Couto Pereira depois que ela pediu a camisa do jogador Lucas, do São Paulo.

Um dos torcedores que estavam próximos da menina e reclamavam de sua atitude usava a camisa da organizada. Mas o presidente da facção, Reimackler Graboski, disse que a torcida em nada tem a ver com o fato.

“Não se pode falar da organizada, que nem participou desse fato ontem. Eram torcedores do povão do Coritiba que estavam lá. Tinha apenas um torcedor usando a camisa, e que não teve nenhuma atitude anormal. Só tinha um garoto por perto, que nem xingou”, falou Graboski em entrevista ao UOL Esporte.

ASSISTA AO MOMENTO EM QUE TORCEDORES AMEAÇAM MENINA FÃ DE LUCAS


O presidente da Império Alviverde deu razão aos torcedores que questionaram o atitude da garota e culpou ela e seu pai pelo princípio de confusão nas arquibancadas.

“Pode colocar a culpa total no pai e na garotinha. Ela  tem 13 anos e sabe o que acontece em estádio, quando se mexe com a postura e paixão de torcedor que tem inteligência. Se existe divisão de torcida, ela deveria estar do outro lado. Vai ali torcer para o time adversário? Isso aconteceria em qualquer lugar do mundo. O pai da menina é o verdadeiro culpado de pedir a camisa do time adversário da nossa torcida”, falou.

“Essa cena não tem o que se falar. A torcedora não deveria estar lá. A torcida do Coritiba não estava errada. A menina estava errada. A torcida é um barril de pólvora, e uma faísca sai uma explosão”, continuou.

O dirigente disse que o fato de Lucas ser um ídolo nacional e jogar na seleção brasileira não justifica o fato de se pedir a camisa do jogador em uma torcida contrária. Afirmou também que a garota é de fato são-paulina.

“E se bater nessa tecla de ser um ídolo, então tem que se pegar o exemplo do Neymar. Ele é ídolo [nacional] e fez dois gols na gente. Se ele joga a camisa dele na arquibancada, mandamos de volta no peito dele”, brincou. “Ela era torcedora do São Paulo e a culpa do pai poderia causar um ato de violência.”

A Império Alviverde teve alguns de seus integrantes envolvidos em um tumulto generalizado que ocorreu no estádio Couto Pereira no dia 6 de dezembro de 2009, logo após o Coritiba empatar com o Fluminense e ser rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro.


A torcida voltou a frequentar o estádio, e, de acordo com Reimackeler, tem trabalhado forte contra a violência. “Estamos fazendo trabalho forte contra a violência ainda mais agora. A crítica com a gente foi muito grande depois de 2009. Fazemos reuniões para isso e falamos que conquistamos espaço de novo e o clube nos aceitou”, finalizou.

Lucas defende a garota
 

Um grupo de torcedores do Coritiba partiu para cima da menina e do seu pai. Os dois foram xingados e ameaçados. Ao ver a cena, Lucas ficou preocupado com o que poderia acontecer.

Na sua conta do Twitter, Lucas classificou a cena como lamentável.  “Temos que tornar nosso país digno de receber uma Copa do Mundo e demonstrar que somos civilizados e grandes para o mundo mudar o conceito sobre nós”, escreveu o são-paulino.

“Fiquei triste e chateado. O futebol é de paz. Que bom que terminou tudo bem, que eles foram retirados sem serem agredidos”, afirmou o atacante em entrevista à rádio Banda B, de Curitiba.

A criança e seu pai foram retirados da arquibancada e conseguiram se encontrar com o jogador são-paulino na entrada do vestiário.

“Fiz questão de falar com ela, dar a camisa e tirar fotos. Eu fui ingênuo, joguei a camisa porque ela pediu, mas não sabia que os outros torcedores poderiam se irritar com aquilo”, disse o jogador.