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Procurador diz que Palmeiras pode tentar anular jogo: "Mas será difícil provar ajuda externa"

Gilson Kleina reclama com o quarto árbitro, que se comunica pelo ponto com o juiz  - Alexandro Auler/Preview.com
Gilson Kleina reclama com o quarto árbitro, que se comunica pelo ponto com o juiz Imagem: Alexandro Auler/Preview.com

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

29/10/2012 06h00

O Palmeiras tem o direito de tentar anular a partida contra o Internacional, realizada no último sábado, e que teve uma grande polêmica em torno da anulação do gol de mão de Barcos, no segundo tempo. De acordo com Paulo Schmitt, procurador do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o clube alviverde pode entrar com um pedido de impugnação do jogo.

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A revolta do time paulista foi causada por uma cena na anulação do gol. O juiz do jogo, Francisco Carlos Nascimento, que havia validado o gol, conversou muito e esperou por dados da equipe da arbitragem (quarto árbitro e até delegado da partida), voltou atrás e marcou a falta. Mas, para que a partida seja invalidada, não é tão simples assim.

Schmitt explica que o Palmeiras terá, depois que ingressar com o pedido, reunir provas convincentes de que houve um erro de direito da arbitragem que prejudicou o time. A principal reclamação é que o delegado do jogo, realizado no Beira-Rio, teria consultado repórteres de TV se o gol, de fato, foi de mão. Baseado nas respostas positivas, ele teria informado ao quarto árbitro da ilegalidade do lance.

"O Palmeiras tem que indicar qual é a regra que foi violada para configurar o erro. Depois, vai provar como a regra foi violada. Eu, sinceramente, não lembro de ter visto alguma vez uma lei que não permita que haja a influência externa. Não sei se existe. Mas, mais difícil do que achar a regra, é provar que o árbitro se utilizou de um meio totalmente externo", afirmou o procurador do STJD.

Após a declaração de Paulo Schmitt, o UOL Esporte consultou o livro de regras da Fifa. E, de fato, a lei abre margens para interpretação. Um trecho do quinto parágrafo diz o seguinte: "O árbitro somente poderá modificar uma decisão se perceber que a mesma é incorreta ou, a seu critério, conforme uma indicação de um árbitro assistente ou do quarto árbitro, sempre que ainda não tiver reiniciado o jogo ou terminado a partida". 

Ou seja, a lei especifica somente que o juiz, no caso Francisco Nascimento, somente poderia anular o gol de Barcos baseado no que ouviu de um dos auxiliares ou do quarto árbitro. Não diz, por exemplo, que o quarto árbitro não poderia ouvir do delegado da partida, Gerson Baluta, independentemente de qual tenha sido o recurso que ele se utilizou para cravar que Barcos usou a mão para marcar - neste caso, a televisão, que caracterizaria o uso de recurso eletrônico, ou os jornalistas. 

Logo após a partida, Piraci de Oliveira, diretor jurídico do Palmeiras, utilizou seu blog pessoal para cogitar a anulação da partida. Segundo ele, a interferência externa no jogo seria 'averiguada à exaustão'. "Fatos: (i) O árbitro e o assistente deram o gol correndo para o meio do campo; (ii) depois de alguns minutos o árbitro anulou o gol por aviso do assistente externo", relatou Piraci.

""Há relatos de que o delegado da CBF teria perguntado para um repórter se o gol foi legítimo e, depois da resposta teria então avisado o quarto árbitro. Estamos averiguando essa informação e faremos isso à exaustão, pois, se confirmado, será caso de anulação da partida e responsabilização dos envolvidos. Desnecessário dizer que, certo ou errado, o resultado de campo não pode sofrer ingerência externa", postou o dirigente.

Paulo Schimitt diz que a possibilidade de sucesso do Palmeiras no possível processo dependerá da qualidade das provas apresentadas. Mas, na opinião dele, a chance é pequena: "A probabilidade é pequena, sim. Mas veja bem, essa é só minha opinião. Eu não julgo. Mas da procuradoria não partirá nenhuma denúncia do lance", esclareceu.