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Fabio e Abel Braga levam inédito título brasileiro de pai e filho e 'se evitam' no Flu

Abel Braga cumprimenta o filho Fábio durante partida do Campeonato Carioca - Dhavid Normando/Photocamera
Abel Braga cumprimenta o filho Fábio durante partida do Campeonato Carioca Imagem: Dhavid Normando/Photocamera

Renan Rodrigues

Do UOL, em Presidente Prudente (SP)

12/11/2012 11h00

O técnico Abel Braga pode ser considerado um homem de sorte. Não pela conquista do tetracampeonato do Fluminense, neste domingo, após a vitória por 3 a 2 sobre o Palmeiras, mas por poder comemorar um título nacional comandando o próprio filho, o volante Fábio, no elenco campeão. A emoção não é inédita para a dupla, já que no Campeonato Carioca deste ano, ambos tinham vivido a experiência, mas o fato ocorre pela primeira vez num Brasileirão.

“Aqui dentro tem um filho, mas lá fora não sou pai treinador, sou pai biológico, que é o mais importante. Tenho um amor enorme por ele. E para ele, por ser primeiro ano como profissional, assim como Higor, Samuel, Marcos Junior, será algo extremamente importante e que dará muita experiência daqui para frente”, disse o treinador do Fluminense.

No dia a dia, o relacionamento entre pai e filho é completamente profissional. Ambos chegam em carros separados, um pedido feito pelo próprio volante. No começo do ano, Abel revelou que chegou a pagar um táxi para o jogador, que estava sem carro. "Ele vem de táxi. E foi assim no Inter também. Pago táxi para ele não voltar comigo. Ontem [quarta] voltei com o Sandro e ele foi embora com o [Rafael] Moura", disse Abel.

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Durante o treinamento, nenhum contato mais afetivo ou próximo, nada de abraço ou tapinha nas costas. Fábio ouve as broncas ou elogios de Abel como mais um do elenco, e faz as atividades pedidas pelos preparadores da mesma maneira. Até mesmo na comemoração do Carioca, o máximo de intimidade esteve num abraço. Tudo para que ambos não sejam alvos de boatos sobre privilégios pela relação.

Casos entre pai e filho campeões no esporte são raros, ainda mais como treinador e jogador. Na seleção norte-americana, o meia Michael Bradley conquistou a Copa Ouro de 2007 sob o comando do pai, o treinador Bob Bradley. Ambos também estiveram juntos na Copa do Mundo de 2010, quando os Estados Unidos chegou às oitavas de final.

Na Croácia, a relação de treinador e filho acabou causando polêmica. Em 2006, o técnico Zlatko Kranjcar recebeu muitas críticas por supostamente ter privilegiado o filho, Niko Kranjcar, que defende atualmente o Dínamo de Kiev, no time titular durante a Copa do Mundo. A Croácia terminou eliminada na primeira fase e o contrato do treinador não foi renovado.

Fábio concedeu poucas entrevistas nesta temporada. Como ainda está no primeiro ano entre os profissionais, teve poucas chances como titular. No Brasileirão foram duas, além de outros cinco jogos saindo do banco. Pouco depois do Campeonato Carioca, o volante de 20 anos comentou como superou as desconfianças e a alegria de conquistar um título ao lado do próprio pai.

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“As pessoas sempre acabavam falando que eu só estava no Fluminense, e tendo chances de jogar, por ser filho do treinador. Nem me conhecem dentro de campo e já saem julgando. Foi muito especial para mim. Não é todo mundo que pode ser campeão em um time comandado pelo pai. E eu tirei um peso grande das minhas costas”, comentou Fábio.

Contra o Palmeiras, Fábio não foi relacionado e não viajou com a delegação para Presidente Prudente, mas postou uma foto nas redes sociais comemorando a conquista em sua residência, no Rio de Janeiro. Jean, Edinho, Valencia e Diguinho foram os volantes utilizados por Abel Braga contra a equipe paulista.

Além do estadual e do Brasileiro, Fábio, que também é utilizado pelo time de juniores quando não está servindo ao profissional, pode conquistar outro título. O Fluminense disputa atualmente a Copa do Brasil Sub 20 e está nas quartas de final do torneio. Se conseguir chegar à final, será o terceiro troféu do volante na temporada. Para Abel, o ano vencedora fará bem aos jovens que foram promovidos neste ano.

“Não deixa de ser diferente, gratificante, já foi assim na Taça Guanabara, depois Carioca. Tomara que possam passar pelo Coritiba no Brasileirão Sub-20, porque vai ser mais um título para ele também no Fluminense. Mas não deixa de ser legal, tanto para ele quanto para mim”, encerrou o treinador.

Para 2013, a concorrência para o volante será forte, já que Jean, em boa fase, e Edinho, 'xodó' de Abel Braga, começarão o ano como titulares. Também existe a possibilidade de Fábio ser emprestado para ganhar mais experiência em outra equipe. Em casa, porém, o jovem continuará tendo uma boa fonte de conselhos e dicas para deslanchar no futebol.