Topo

Gaviões diz que polícia agiu de forma premeditada em confusão

Torcedores de Corinthians e Vasco trocam agressões nas arquibancadas do estádio Mané Garrincha - Adalberto Marques/AGIF
Torcedores de Corinthians e Vasco trocam agressões nas arquibancadas do estádio Mané Garrincha Imagem: Adalberto Marques/AGIF

Do UOL, em São Paulo

27/08/2013 20h15

A Gaviões da Fiel emitiu uma nota oficial, no fim da tarde desta quinta, lamentando a confusão entre corintianos e vascaínos no último domingo, em Brasília. No documento, divulgado no site oficial da torcida, a organizada diz que a ação da polícia e da organização foi premeditada.

“Dentro do estádio o que nos pareceu foi algo premeditado ou no mínimo incompetente. O fato de não haver divisão entre os torcedores devido ao histórico de rivalidade entre as torcidas, que é de conhecimento de qualquer órgão competente que lida com a segurança das praças esportivas, por isso, não compreendemos de outra forma a não ser uma premeditação de jogar a responsabilidade do ocorrido apenas nas costas das organizadas em serviço a elitização do futebol”, disse a torcida. 

A Gaviões chega a argumentar que "violência no futebol é cobrar R$ 160 em um ingresso em um país com um salário mínimo de R$ 678". Em outro ponto do texto, porém, lamenta o ocorrido e promete ajudar na investigação. 

"Deixamos claro que nossa diretoria está à disposição para colaborar com as investigações e, caso seja comprovado o envolvimento de algum associado, o mesmo sofrerá com as punições cabíveis", disse a nota. 

Ao menos dois membros da Gaviões foram identificados na confusão: Ramiro César Faustino, o Capá, vereador em Francisco Morato (PT), e Leandro Silva de Oliveira, o Soldado, que passou cinco meses preso em Oruro, na Bolívia, acusado de ter participado da morte de Kevin Espada. A briga nas arquibancadas do Mané Garrincha foi o grande destaque negativo do empate por 1 a 1 entre Corinthians e Vasco, no último domingo. 

Por conta da briga, os dois clubes podem ser punidos pelo STJD com perda de mandos de campo ou até partidas com portões fechados. A Gaviões, especificamente, voltou a entrar na mira do Ministério Público Estadual. Em entrevista coletiva nesta terça, Roberto Senise, promotor de direitos do consumidor, anunciou que tentará aplicar uma multa à torcida e reforçará o pedido de dissolução da mesma. 

A responsabilização da organizada pelos atos de alguns sócios está prevista no Estatuto do Torcedor, sancionado há mais de uma década, mas ainda incomoda a Gaviões. "Pedimos ainda que, no âmbito investigativo, a Justiça não procure punir generalizadamente, como normalmente é feito, pois acreditamos que tais punições tragam danos diretos a torcedores inocentes e, principalmente, prejudicam as festas nas arquibancadas. Punir a entidade como um todo se trata não apenas de uma medida injusta, como também ineficaz", escreveu a organizada. 

Leia abaixo a nota oficial completa da Gaviões: 
Os Gaviões da Fiel Torcida vem, por meio desta, prestar esclarecimentos em relação aos fatos ocorridos no jogo do dia 25 passado, disputado no Estádio Mané Garrincha, contra o Vasco.

Primeiramente, deixamos claro que nossa Diretoria está à disposição para colaborar com as investigações e, caso seja comprovado o envolvimento de algum associado, o mesmo sofrerá com as punições cabíveis.

Qualquer atitude que prejudique o esporte ou tragam riscos à integridade física dos torcedores nos estádios, não tem qualquer incentivo ou aprovação dos Gaviões da Fiel Torcida.

Pedimos ainda que, no âmbito investigativo, a justiça não procure punir generalizadamente, como normalmente é feito, pois acreditamos que tais punições tragam danos diretos a torcedores inocentes e, principalmente, prejudicam as festas nas arquibancadas. Punir a entidade como um todo se trata não apenas de uma medida injusta, como também ineficaz.

Ainda em relação à punição, cobramos que também seja investigada e punida a organização do evento, responsável pela segurança da partida e com total responsabilidade por qualquer ocorrido durante a mesma.

Acreditamos que os organizadores do Estádio Mané Garrincha não estejam habituados, ou até mesmo preparados, para lidar com partidas de grande porte. Os incidentes com torcidas e a má organização foram vistas em diversas partidas disputadas no estádio, como nos jogos entre Flamengo vs São Paulo; Santos vs Flamengo.

Os Gaviões da Fiel Torcida, como órgão fiscalizador do futebol, entende que a mercantilização de partidas, como a realizada pela diretoria do Vasco e uma empresa particular, é completamente prejudicial ao esporte e, conseqüentemente, à segurança dos torcedores.

Os Gaviões da Fiel ainda entende que a segurança no transporte das torcidas desde a chegada a Brasília foi feita nos conformes do evento. Mas, dentro do estádio o que nos pareceu foi algo premeditado ou no mínimo incompetente, o fato de não haver divisão entre os torcedores devido ao histórico de rivalidade entre as torcidas que é de conhecimento de qualquer órgão competente que lida com a segurança das praças esportivas, por isso, não compreendemos de outra forma a não ser uma premeditação de jogar a responsabilidade do ocorrido apenas nas costas das organizadas em serviço a elitização do futebol.

Como visto no último domingo, o efetivo policial não foi suficiente para evitar confusões, mostrando que os organizadores não tinham o conhecimento devido para administrar uma partida deste porte.

O que nos causa estranheza é o organizador do torneio mandar jogos envolvendo clubes de grande rivalidade com datas marcadas para o mesmo dia,  onde caravanas das torcidas correm o risco de se encontrarem até mesmo nas estradas durante o seu percurso, pois as torcidas utilizavam as mesmas rodovias para chegarem aos seus destinos. Em um país onde as organizadas sofrem preconceitos constantemente, nenhuma outra organização privada ou pública é penalizada por atos isolados de seus funcionários ou associados. Se utilizássemos a mesma lógica, teríamos que pedir a extinção do Congresso em escândalos políticos.

Reforçamos nossa disposição em ajudar na investigação, dentro do que nos for cabível. Os Gaviões da Fiel Torcida não compactuam com as cenas do jogo do dia 25 passado, entendendo que o nosso papel sempre foi e sempre será o de atuar nas arquibancadas, fazendo nossas habituais festas, e fora das arquibancadas cobrando quaisquer irregularidades oriundas da má gestão histórica do nosso futebol.

Violência no futebol é cobrar R$ 160,00 em um ingresso em um país com um salário mínimo de R$ 678,00, uma clara tentativa de tentar tirar o povo dos estádios em favor de interesses burgueses.

Diretoria dos Gaviões da Fiel Torcida