Renato rechaça rótulo de 'motivador' e abusa de trocas táticas no Grêmio

Quando acertou com o Grêmio para sua segunda passagem no comando técnico, Renato Gaúcho levantou uma série de dúvidas. Será que o trabalho de motivação repetidamente elogiado em 2010 seria suficiente agora? Mas rebatendo questionamentos iniciais, o treinador tem mostrado amplo conhecimento tático. Até agora ele já utilizou cinco [3-5-2, 3-6-1, 4-4-2, 4-3-3 e 4-2-4] formações diferentes com variações dentro delas. E segundo os atletas, questões táticas não faltam.

"Se querem debater questões táticas, vocês juntam uns cinco jornalistas e eu debato a parte tática com vocês. Vamos ver quem conhece a parte tática. Convido para uma conversa, vamos falar sobre tática. Ficar dizendo isso mostra quem não entende de futebol", desafiou o técnico questionado sobre o rótulo de 'motivador' logo de sua apresentação.

Em campo, Renato variou muito até achar o melhor esquema para o Grêmio. Começou adotando 4-4-2 com losango no meio, utilizando dois meias e dois volantes. Posteriormente o 4-4-2 ganhou três volantes e só um meia. A terceira ação foi o 3-5-2, com dois volantes e um meia. Mais adiante o 3-6-1, e por fim a inovação do 3-5-2 com três volantes.

Mas nem as trocas constantes geraram reclamação. Pelo contrário, os jogadores elogiam as alternativas criadas e a maneira que os pedidos são feitos.

"Ele conversa conosco e debate o esquema. Pergunta quem sabe fazer. Os jogadores têm ajudado. Quando foi colocar três zagueiros, por exemplo, perguntou quem já tinha jogado assim. E no decorrer dos jogos vamos evoluindo", falou o zagueiro Rhodolfo.

E não foi só para começar o jogo. Renato já mudou taticamente a equipe no decorrer das partidas. Foi do 4-4-2 para o 4-3-3 e até no 4-2-4 chegou a colocar a equipe quando estava desesperadamente em busca de um gol.

"Ele é um ídolo, nos dá muitos conselhos, aponta erros e acertos. Isso facilita para nós. É difícil tomarmos um gol igual ao outro, porque ele mostra onde erramos em cada jogo e corrige. Ele elogia quando precisa, dá uma dura também quando é necessário. Nos dá força e o time já tem a cara dele", acrescentou Rhodolfo.

Outro estigma quebrado por Renato Gaúcho é a predileção por jogadores brasileiros. Em sua primeira passagem pelo Tricolor, ele dizia desaprovar a contratação de atletas de fora do país sem adaptação. Atualmente comanda quatro e todos têm oportunidade a todos.

"Ele nos passa muita confiança. Foi jogador e sabe o que o jogador gosta. Tem um efeito positivo sobre o grupo. O grupo está entendendo tudo que ele quer", salientou o paraguaio Riveros. "O time já tem o entendimento tático na cabeça. Pode até mudar o esquema, mas não pode faltar é sacrifício. Um corre pelo outro. Isso não se negocia. O treinador fala que não pode faltar garra em campo. Depois, o sistema ele decide qual o melhor. Mas começamos pela garra", completou.

Dos esquemas utilizados, o que mais deu certo foi com três zagueiros. Em 6 jogos foram 4 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Os 72% de aproveitamento resultou no terceiro lugar no Campeonato Brasileiro.

"Nosso time está entendendo a forma de jogar. Estamos no caminho certo e quanto menos gols sofrermos melhor. Porque sabemos que o ataque vai fazer. Temos muitos jogadores de qualidade e uma bola parada muito boa", finalizou o zagueiro.

O Grêmio encara o Santos nesta quarta-feira, às 21h50, na Arena. Será o jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil. Por ter perdido por 1 a 0 fora de casa, o Tricolor precisa vencer por dois ou mais gols de diferença para avançar no torneio.