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Cartola revoluciona futebol celeste e cai nas graças de elenco e torcida

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

17/10/2013 06h00

Diretor de futebol do Cruzeiro, Alexandre Mattos é considerado um dos principais responsáveis pela formação do elenco que tanto sucesso vem fazendo na temporada. Pelo êxito da equipe no Campeonato Brasileiro e por ter feito contratações de peso como as do zagueiro Dedé e do meia-atacante Júlio Baptista, além de bons negócios como a venda de Diego Souza, que permitiu a chegada do atacante Willian, o dirigente faz sucesso com os torcedores e chega a ser chamado de Alexandre 'Mittos'.

O trocadilho com o seu nome surgiu com a vinda do zagueiro Dedé, que tem o apelido de “Mito” e se tornou o negócio mais caro da história do clube mineiro. O Cruzeiro desembolsou cerca de R$14 milhões para contar com o defensor. Foi o a contratação mais festejada da temporada, com os torcedores indo ao aeroporto buscar o camisa 26, cena que se repetiu mais tarde, mas em menor número, com a contratação de Júlio Baptista.

Nas redes sociais, é comum ver os torcedores chamando o dirigente de Mito ou Mittos. Já foi criado até um perfil falso no Facebook, com o nome de Alexandre Mito. Em uma das brincadeiras dos torcedores pela troca de Diego Souza, que foi vendido ao Metalist, da Ucrânia, e Willian, que se adaptou rapidamente ao clube, Marcos Assis diz: “Mittos nosso futuro presidente”. Já Willian Silva Junior publicou: “Alexandre Mittos. Dinheiro é Mattos”.

A aquisição do ex-vascaíno faz parte da postura ousada de Alexandre Mattos, que chegou ao Cruzeiro em março de 2012 e em pouco tempo já implementou sua filosofia no clube. “Ele implantou uma política agressiva de contratações, entendia que somente com grandes equipes obteria grandes arrecadações e brigaria por títulos”, disse o gerente de futebol Valdir Barbosa.

Alexandre Mattos chegou ao Cruzeiro em um momento de dificuldades e transição. Em 2011, o time só escapou do rebaixamento para a Série B na última rodada. Já em 2012, quando ele assumiu o cargo, até pelo orçamento curto e a ausência do Mineirão, o clube passou por um período de reestruturação com uma equipe mediana para se manter na zona intermediária da tabela e não correr riscos de queda no Brasileirão.

Com a reabertura do Gigante da Pampulha, os planos se tornaram maiores e os investimentos cresceram na mesma proporção. “Como o Cruzeiro vislumbrava uma melhora de receita com a reabertura do estádio, o Cruzeiro precisava ser agressivo, mudar o elenco, não contratar apenas dois ou três jogadores”, explicou Alexandre Mattos.

O dirigente tem uma carreira ainda considerada curta no futebol. Com apenas 37 anos, jovem para a média dos cartolas brasileiros, ele trabalhou no cargo de gerente de futebol do América-MG de 2005 a 2011, quando decidiu trocar de ares e alçar voos mais altos. Chegou a receber propostas de outros clubes grandes, como o Vasco da Gama, e alcançou o seu objetivo ao ser contratado pelo Cruzeiro.

Seu trabalho é baseado na boa formação acadêmica, pois possui o curso de graduação em Administração com Gestão em Esportes, pela Faculdade Promove, e MBA em Gestão Estratégica em Esportes, pela Fundação Getúlio Vargas. Desta forma, organizou um planejamento com os demais membros da diretoria e também da comissão técnica que gerou excelente resultado em curto prazo de tempo. Mesmo com tropeços recentes, a equipe está próxima de conquistar o primeiro título da ‘era’ Gilvan de Pinho Tavares.

Alexandre cita os segredos do sucesso das contratações para a formação do plantel. “Ter convicção, agilidade, resolver pessoalmente, cercar todos os lados, jogadores família e empresários. Com muita competência e muita força para acontecer, tem que fazer acontecer, não pode ficar lamentando”, ressaltou o dirigente.

Entre outras táticas do diretor, o silêncio e a agilidade, como ele mesmo diz, chamam atenção. O meia-atacante Julio Baptista, por exemplo, rescindiu contrato com o Málaga e, em cerca de uma semana, entre a viagem para a Espanha e a conversa com o jogador, Mattos conseguiu convencer o experiente jogador a assinar com o Cruzeiro.

Os atletas também destacam o profissionalismo do dirigente, que, já no ano passado, tinha traçado o projeto para esta temporada. Com o volante Nilton, por exemplo, que vem sendo um dos destaques e foi um dos primeiros jogadores a serem contratados, ele apresentou uma lista de possíveis reforços, na qual acabou obtendo êxito em sua grande maioria. Ele adota uma postura franca e de negociação direta, sempre buscando o contato pessoal com os atletas e seus representantes.

O atacante Dagoberto, que foi o principal destaque do Cruzeiro no primeiro semestre, antes de lesionar a coxa esquerda, atribui a sua contratação ao dirigente. "Ele é a base de tudo, sem ele eu não estaria aqui. Ele que conversou com meus empresários e comigo, perguntei inúmeras coisas e ele me passou o projeto. Sempre está junto com a gente, merece o que estamos passando. Ele batalha e sofre muito. Só ele sabe com se vira nos 30 para colocar em dia tudo que vem acontecendo no Cruzeiro", afirmou o camisa 11.

O contato com os jogadores também é frequente, pois se trata de um profissional bem presente no dia a dia do futebol e é visto em uma relação de amizade, respeito e profissionalismo das duas partes. "É a melhor possível, vem no vestiário, faz reuniões conosco, se tem que cobrar cobra, se tem que encorajar ele encoraja", observou o lateral Ceará.

Pelo bom trabalho desenvolvido no clube, Alexandre Mattos tem a confiança total do presidente Gilvan de Pinho de Tavares e pode ser considerado um braço direito do mandatário do clube. No futebol, ele tem autonomia para adotar algumas atitudes sem a presença do presidente, como, por exemplo, cobrar dos jogadores.