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STJD tira mando de um jogo do Cruzeiro; Atlético é apenas multado

Do UOL, em Belo Horizonte

24/10/2013 17h25

Os problemas entre torcedores acontecidos no clássico em que o Atlético-MG venceu o Cruzeiro, por 1 a 0, no último dia 13, no Independência, resultaram na perda de um mando de campo para o time celeste, líder do Brasileirão, em pagamento de multa de R$ 30 mil. Já a equipe atleticana foi condenada  a pagar multa de R$ 20 mil, mas não deixará de jogar no Horto. De acordo com a Presidência da Comissão Disciplinar, a pena terá de ser cumprida contra o atual vice-líder Grêmio, em 10 de novembro.

O relator Vitor Butruce votou por multa de R$ 20 mil ao Atlético-MG e foi seguido por dois auditores. O presidente da Comissão, José Perdiz, elevou para R$ 30 mil o valor, mas foi voto vencido. Em relação ao Cruzeiro, além da multa de R$ 30 mil, o relator decidiu punir o clube celeste com perda de um mando de campo. Ele foi acompanhado pelo auditor Otávio Noronha. Felipe Bevilacqua discordou, aumento para R$ 60 mil a multa e três jogos de perda de mando. O presidente, por sua vez, ficou no meio termo: R$ 40 mil e dois jogos sem o mando. No final, no entanto, foi estabelecida a perda de um mando e o pagamento de R$ 30 mil. Segundo José Perdiz, a pena terá de ser cumprida no jogo com o Grêmio, marcado para 10 de novembro, no Mineirão.

O julgamento de Atlético e Cruzeiro no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, no Rio, na tarde desta quinta-feira, acabou se caracterizando pela extensão da rivalidade entre os dois clubes. As defesas de ambos tentaram responsabilizar o adversário pelos problemas que os levaram ao STJD.

Os clubes foram enquadrados no artigo 213, com pena de multa entre R$ 100,00 e R$ 100 mil e perda de mando de campo por até dez partidas. Antes do clássico disputado no estádio Independência, em que o Atlético venceu por 1 a 0, houve confusão entre torcedores de duas torcidas organizadas do Cruzeiro.
 
O julgamento começou pouco antes das 15h. Os advogados Lucas Ottoni e João Avelar representaram o Atlético, enquanto o time celeste foi defendido pelo advogado Carlos Portinho. Primeiramente foram exibidas provas em vídeo da procuradoria, mostrando as confusões para entrar no estádio e a pancadaria entre torcedores celestes no Independência, além de bombas atiradas contra os atleticanos.

O Atlético levou, para sua defesa, boletins de ocorrência, que comprovam a confusão envolvendo apenas torcedores celestes, sendo que dois foram presos e relatos de que a torcida do Cruzeiro atirou duas bombas na parte reservada para atleticanos, além de exibir vídeos com imagens do clássico mostrando as precauções quando joga no Independência.

João Avelar pediu a absolvição atleticana, por não ter nenhuma participação nos fatos. “Não vimos em nenhum lugar da mídia qualquer imagem ou relato que prove a participação de atleticanos. A torcida do Atlético-MG teve comportamento exemplar, mesmo recebendo objetos atirados na cabeça”, afirmou o advogado do time alvinegro.

Já o defensor cruzeirense utilizou como testemunha, o coronel Robson Queiroz,  da Polícia Militar, que chegou atrasado e adiou o início do julgamento, que estava previsto para ser o primeiro do dia e foi apenas o quinto.  O clube ainda apresentou como defesa vários boletins de ocorrência, um documento mostrando a punição às duas torcidas organizadas imposta pelo ministério público, além de provas de vídeo.

O material de vídeo feito pela defesa cruzeirense não pôde ser mostrado no DVD pelo fato de o aparelho não suportar o tipo de arquivo. Foi utilizado um laptop emprestado por um dos advogados que estava no tribunal. No material, havia imagens do mascote atleticano, o "Galão", provocando a torcida rival antes do jogo.

Em seu depoimento, o Robson Queiroz, que é responsável pelos eventos esportivos de Belo Horizonte, defendeu a ação da PM “por conseguir conter rapidamente a confusão” e destacou não haver registro de lesões por causa da briga. Ele também ressaltou que o estádio tem condições de abrigar o clássico e disse que os torcedores passam pela revista com bombas por escondê-las em orifícios do corpo.

Carlos Portinho, por sua vez, além de criticar a postura do mascote atleticano, disse que o Independência não tem condições de receber nem mesmo “a torcida do Atlético-MG”. Ele criticou a postura da defesa do clube rival: “Parece que o Atlético-MG, até premeditado, quer a punição do Cruzeiro. É triste essa conduta”, destacou. O advogado cruzeirense ainda garantiu que nenhum cruzeirense portava bomba finalizou defendendo a absolvição. Segundo ele, a culpa não é do Cruzeiro, mas de “terceiros”.