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Cruzeiro contraria tese e mostra que grupo renovado pode ser campeão

Do UOL, em Belo Horizonte

13/11/2013 23h21

Com a conquista do Brasileirão nesta quarta-feira, o Cruzeiro contrariou a tese de que manter a base é essencial para ser campeão. Dos atuais 33 jogadores, 20 chegaram ao grupo comandado por Marcelo Oliveira nesta temporada. Enquanto 15 foram contratados, cinco vieram das categorias de base.

Desde o Corinthians de 2005 um time campeão não era tão modificado. Da formação considerada titular, sete foram contratados para a temporada – os zagueiros Dedé e Bruno Rodrigo, o lateral esquerdo Egídio, o volante Nilton, os meias Ricardo Goulart e Everton Ribeiro e o atacante Dagoberto. Os remanescentes são o goleiro Fábio, o lateral Ceará, o volante Lucas Silva (pouco aproveitado em 2012) e o atacante Borges.

Motivada pelas campanhas ruins na duas temporadas anteriores, quando o Cruzeiro quase caiu em 2011 e foi apenas coadjuvante no ano passado, a reformulação drástica gerou dúvida sobre o rendimento da equipe, principalmente em relação ao entrosamento.

A perda do título estadual para o maior rival, Atlético-MG, que manteve a base de 2012, parecia sinalizar que o time de Marcelo Oliveira não estava pronto. Porém, o Cruzeiro contrariou outra lógica, a de que a equipe se abateria com o revés no Estadual e teria dificuldades no Brasileirão.

Nem mesmo a eliminação da Copa do Brasil diante do Flamengo, nas oitavas de final, conseguiu atrapalhar a campanha celeste no Brasileiro. Sempre brigando na parte de cima da tabela, o Cruzeiro fez a melhor campanha do primeiro turno e deslanchou de vez na metade derradeira da competição.

Um dos fatores, talvez o principal deles, que levaram às mudanças no elenco foi a reabertura do Mineirão, no início de fevereiro. A diretoria celeste sabia que era a hora de ousar e promover uma reformulação mais intensa para que o fator campo virasse um aliado de peso do time em campo, como acabou ocorrendo.

“Como o Cruzeiro vislumbrava uma melhora de receita com a reabertura do estádio, precisava ser agressivo, mudar o elenco, não contratar apenas dois ou três jogadores”, disse o diretor de futebol Alexandre Mattos.

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A reformulação começou com o anúncio da contratação do técnico Marcelo Oliveira, aposta do presidente Gilvan de Pinho Tavares, que não recuou frente à rejeição ao nome do treinador, bastante identificado com o rival Atlético-MG.

Depois da perda do Mineiro, Marcelo Oliveira e a diretoria viram a necessidade de reforçar o elenco. Assim, o zagueiro Dedé foi primeiro a ser contratado. Depois foi Júlio Baptista, para a vaga de Diego Souza, negociado para o Metalist. Na negociação, o clube ucraniano emprestou o atacante Willian. Os três foram decisivos na campanha do título.

Com o grupo encorpado, a meta inicial de superar as duas campanhas anteriores no Brasileiro foi trocada pela possibilidade de título. “Havia uma expectativa neste ano de um trabalho melhor que nos dois anos anteriores, chegando a posições melhores no Brasileiro. Como as coisas foram acontecendo muito bem, o time encaixando, criou-se uma expectativa no Brasileiro de ficar entre os primeiros. Na medida em que conquistamos a vantagem, aí criou-se a expectativa do título”, disse Marcelo Oliveira.

Uma das apostas para esta temporada, o meia-atacante Ricardo Goulart, que só ganhou a vaga de titular após a saída de Diego Souza, acredita que será difícil alguma equipe repetir o feito celeste.

“O pensamento era positivo, sabia que poderia brigar por uma vaga, o Cruzeiro contratou grandes jogadores. Acho que foi o único clube que contratou 14 jogadores durante um período curto de um ano. O entrosamento que essa equipe teve este ano vai ser difícil acontecer com outro clube, até mesmo o Cruzeiro”, admitiu Goulart.