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Piadas sobre 'virada de mesa' e erro de cálculo fazem clubes recuarem

Renan Rodrigues e Vinícius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

25/11/2013 18h59

A ameaça de mudança da classificação geral do Campeonato Brasileiro nos tribunais perdeu força ao longo desta segunda-feira e não será levado adiante. O movimento se enfraqueceu com a repercussão negativa do tema, divergência de análise da CBF e até mesmo erro de cálculo das possíveis irregularidades de Portuguesa, Ponte Preta e Criciúma na inscrição de jogadores.

O Coritiba, que iniciou o estudo com seu departamento jurídico, entrou em contato com Fluminense e Vasco para tentar apoio na ação há algumas semanas. Os times cariocas estudaram o caso com seus advogados, mas resolveram recuar por dois motivos principais: comentários pejorativos sobre uma possível ‘virada de mesa’ nas redes sociais e falta de embasamento para conseguir a mudança na tabela.

O assunto foi totalmente vetado pelos presidentes Peter Siemsen, do Tricolor, e Roberto Dinamite, do Cruzmaltino. Eles orientaram seus departamentos a não se envolverem mais no assunto. Isolado, o Coritiba também abdicou de prosseguir com a reclamação no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

Inicialmente, a análise do time paranaense também apontava irregularidades em Ponte Preta e Criciúma. Depois, porém, a conta foi refeita e apenas a Portuguesa teria infringido a regra. O clube teria no elenco cinco jogadores emprestados de outros times da primeira divisão. A análise do Fluminense, porém, é de que nem mesmo o time paulistano cometeu algum erro.

“Checamos a questão e logo concluímos que não havia nenhuma irregularidade. As informações iniciais não se confirmaram, o entendimento é que o regulamento não foi descumprido”, disse o advogado do Fluminense, Mário Bittencourt.

A visão do especialista em direito esportivo Pedro Alfonsin é a mesma dos diretores da CBF. Se o jogador não havia atuado nenhuma vez pelo antigo clube no Brasileirão, o empréstimo ou transferência para a nova equipe não se enquadra no limite máximo de cinco atletas.

“Os responsáveis pela questão no Coritiba fizeram uma análise do parágrafo único independente do que foi esclarecido no artigo 9º. Qual equipe da primeira divisão não tem cinco jogadores que vieram de outro clube da série A? É muito ruim essa busca em interpretar o regulamento para que se encontre uma brecha, deixando de lado o princípio do esporte. Algo perigoso que não deveria ser utilizado”.

Ponte consultou CBF
A Ponte Preta chegou a consultar a CBF antes de confirmar a contratação do meia Elias, do Atlético-PR, em setembro. Com dúvidas no texto do regulamento, a equipe campineira optou por se certificar de que não teria problemas antes de fechar a negociação.

A Portuguesa também procurou a entidade máxima do futebol brasileiro após a divulgação do movimento, mas ouviu da entidade que não estava irregular. O time comandado por Guto Ferreira tem seis jogadores emprestados de times da série A, mas apenas quatro atuaram pelos antigos clubes. 

Carlos Alberto (Atlético-PR), Gilberto (Internacional), Henrique (Santos) e Willian Arão (Corinthians) disputaram partidas por seus ex-clubes antes de defenderem a Portuguesa. Cañete (São Paulo) e Bergson (Grêmio) não haviam sido utilizados no torneio nacional antes da transferência.

Veja o que diz o capítulo que causou polêmica no Brasileirão:

Art. 9º - Um atleta poderá ser transferido de um clube para outro durante o Campeonato Brasileiro da Série A, desde que tenha atuado em um número máximo de seis partidas pelo clube de origem, sendo permitido que cada atleta mude de clube apenas uma vez.

Parágrafo único - Cada clube poderá receber até cinco atletas transferidos de outros clubes do Campeonato da Série A; de um mesmo clube da Série A, somente poderá receber até três atletas.