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Sindicato de padarias de SP ameaça boicotar patrocinadores do Brasileirão

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

13/12/2013 16h45

A chance de a Portuguesa ser punida pela escalação irregular do meia Heverton na última rodada do Campeonato Brasileiro pode gerar prejuízo para os patrocinadores da competição. O Sampapão, grupo que reúne a Associação dos Industriais de Panificação e Confeitaria, o sindicato do segmento e o Instituto de Desenvolvimento da Panificação e Confeitaria de São Paulo, tem um grupo que articula um boicote aos parceiros comerciais do certame nacional.

“É algo que está vindo de fora, que não é um movimento das entidades. Mas as entidades respeitam a vontade dos associados, e nós não sabemos o que pode acontecer. Vai depender do que eles decidirem”, explicou Antero Pereira, presidente do Sampapão, em entrevista ao UOL Esporte.

Segundo o mandatário, mais de 20 associados ligaram para a entidade nesta sexta-feira e cobraram reações ao que está acontecendo no futebol brasileiro: “Do jeito que o pessoal está, na semana que vem é possível que esse boicote aconteça”.

A Portuguesa foi denunciada por ter escalado o jogador Heverton na última rodada do Campeonato Brasileiro, em um empate sem gols contra o Grêmio. O meia entrou no segundo tempo, no lugar de Wanderson.

Heverton havia sido expulso contra o Bahia e tinha cumprido suspensão automática contra a Ponte Preta. Na sexta-feira que precedeu o duelo com o Grêmio, porém, o STJD aumentou para duas partidas a pena dada ao atleta.

Se for punida por ter escalado Heverton, a equipe paulista perderá o ponto obtido no empate e os três que estavam em jogo contra o Grêmio. A subtração de quatro pontos levaria a Portuguesa a 44, rebaixaria o time do Canindé para a Série B e salvaria o Fluminense, que terminou o Campeonato Brasileiro com 46.

“No meu entendimento, os patrocinadores não têm culpa por tudo isso. Mas o boicote é uma maneira de o torcedor se expressar e mostrar a indignação com essa situação toda. Até porque não existe outro jeito”, ponderou Pereira.

O presidente do Sampapão, oriundo de Portugal, vive no Brasil desde 1968. Torcedor da Portuguesa, ele é associado ao clube desde o ano seguinte.

“A maioria dos associados é formada por descendentes de portugueses, pessoas que são torcedoras da Portuguesa. Os torcedores estão cansados de serem roubados nos jogos. Foi uma dificuldade enorme para a Portuguesa ficar na primeira divisão e por causa de um tapetão o time vai dar lugar a outro? Não pode ser”, finalizou o líder do Sampapão.

Protestos dos representantes de panificadoras, aliás, não são novidade. Em 1995, o sindicato da área ameaçou boicotar produtos da Parmalat, então patrocinadora do Palmeiras, porque o zagueiro Tonhão havia pisado e cuspido em uma camisa da Portuguesa. Três anos depois, o grupo decidiu boicotar o grupo VR, patrocinador do Campeonato Paulista, como forma de protesto pela atuação do árbitro argentino Javier Castrilli na semifinal da competição.

O movimento contra a VR foi encabeçado por Vitor Diniz, integrante do sindicato, que em 1998 era diretor da Portuguesa. Ele também está à frente do movimento contra os patrocinadores do Campeonato Brasileiro neste ano.

CONFIRA OUTRAS DECISÕES POLÊMICAS DO STJD

  • 2004 - São Caetano - São Caetano punido com a perda de 24 pontos no Campeonato Brasileiro pela suposta escalação irregular do zagueiro Serginho, que morreu cerca de uma hora após desmaiar durante jogo contra o São Paulo, no Morumbi.

    2005 - Brasileirão - O Campeonato Brasileiro de 2005 vivenciou uma das maiores polêmicas do futebol nacional, quando foi descoberto que o árbitro Edílson Pereira de Carvalho havia manipulado 11 jogos por um esquema de apostas. A polêmica aumentou porque o STJD decidiu anular os 11 jogos e repeti-los novamente. O Corinthians tinha dois de seus jogos entre os 11. Não havia feito nenhum ponto nestes duelos, mas, com a repetição, fez quatro. Foi campeão com três pontos acima do Internacional, o vice-campeão.

    2008 - Grêmio - O zagueiro Léo foi punido com 120 dias de suspensão, o também defensor Réver pegou gancho de três jogos, e o atacante Morales não poderá atuar por oito partidas. Os três jogadores foram julgados por lances ocorridos na partida contra o Botafogo, no último dia 4, em que o Grêmio venceu por 2 a 1. Léo, que foi expulso na oportunidade, foi indiciado por chutar Jorge Henrique, do time carioca, sem a bola estar em disputa. Já Rever foi punido por empurrar o meia Carlos Alberto, e Morales era acusado de fazer falta violenta no lateral Alessandro.

    2009 - Coritiba - O Estádio Couto Pereira será interditado até serem atendidas melhorias de segurança a serem determinadas pela CBF. Depois de cumprida esta pena, passa a valer a cassação de 30 mandos de campo, válida para os jogos da Série B e da Copa do Brasil. Além disso, o clube terá de pagar multa de R$ 610 mil. Acabou cumprindo dez perdas de mando.

    2009 - Botafogo - Pego no doping, o atacante Jobson foi punido com dois anos pelo STJD. Porém, depois teve pena abrandada para seis meses. Ele foi flagrado pelo uso de cocaína em dois exames antidoping realizados na reta final do Brasileirão- contra Palmeiras e Coritiba.

    2010 - Canedense - A briga que envolveu torcedores da Canedense e jogadores do Vila Nova-GO deixou um jogador do time visitante queimado e fora dos gramados por 40 dias. Após a confusão, o STJD resolveu interditar o estádio por 30 dias.

    Mamoré 2010 - Vitinho foi escalado de maneira irregular em jogos do Módulo II e o Clube Patense foi derrotado. Os auditores entenderam que houve a irregularidade e por 8 votos contrários decretaram o Mamoré culpado e decretaram a perda de 7 pontos dentro do Módulo II.

    2010 - Grêmio Prudente- A equipe do interior paulista escalou o zagueiro Paulão em partida contra o Flamengo, pela 3ª rodada do Brasileirão, no final de semana. O problema é que o defensor havia sido suspenso pelo STJD na sexta-feira, e não poderia ter entrado em campo no Macaranã. A defesa do Prudente alegou que o tribunal só notificou o clube na segunda-feira, mas não houve conversa: o time teve três pontos subtraídos e ainda teve que pagar multa de R$ 1 mil. Paulão também foi julgado e corria risco de ser suspenso por um ano, mas foi absolvido.

    2011 - Rio Branco, do Acre, foi desclassificado da Série C do Campeonato Brasileiro 2011. O clube foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e, além da eliminação, teve que arcar com mais de R$ 13 mil em multas. O time infringiu o artigo 231 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) ao mandar um jogo na Arena da Floresta, que havia sido interditada.

    2013 - Carlos Alberto - Carlos Alberto, atualmente sem clube, foi condenado a um ano de suspensão por doping.

    2013 - Paysandu - Perda de seis mandos de campo e mais R$ 80 mil de multa pecuniária. O clube foi julgado na sede do órgão, no Rio de Janeiro, por conta dos incidentes que aconteceram na partida contra o Avaí, no dia 18 de outubro, no Estádio da Curuzu. Na ocasião, um grupo de torcedores bicolores arremessaram objetos ao gramado, inclusive bombas caseiras, e a partida foi encerrada pelo árbitro Grazianni Maciel Rocha aos 37 minutos do segundo tempo.