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Vasco e Atlético-PR criticam jogos com portões fechados: 'brigarão na praça'

Luiz Gabriel Ribeiro e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/12/2013 17h36

As recepções de Vasco e Atlético-PR pelas punições aplicadas pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) por conta da pancadaria generalizada em Joinville foram radicalmente contra ao elevado número de jogos com portões fechados. A decisão preocupou os advogados, que vão tentar mudar o rumo da história no dia 27 de dezembro, quando acontece o julgamento do recurso.

Atlético-PR e Vasco foram multados em R$ 120 mil e R$ 80 mil e perderam, respectivamente, 12 e 8 jogos de mandos de campo na temporada de 2014. Nos dois casos, os clubes farão a metade das partidas com portões fechados em suas praças tradicionais. Advogado do Atlético-PR, Domingos Moro fez questão de reafirmar a colaboração do clube por mais que a questão dos portões fechados não esteja prevista no código brasileiro.

“Você não pode aplicar em território brasileiro uma coisa que não está prevista. Portão fechado é um regimento geral da Fifa. Vamos aceitar com muito boa vontade. Fechamos os olhos para que o problema seja resolvido. Mas não podem tirar do clube mais da metade dos mandos que terá em 2014. Queremos contribuir, mas não com esse número de jogos. Os torcedores vão brigar na praça. Estou dando a notícia em primeira mão. Isso não resolve”, afirmou o advogado da agremiação paranaense.

“A perda de mando de campo feita desse jeito morreu para o futebol brasileiro no dia 8 de dezembro. Não se pode mais falar em perda de mando desse jeito. O portão fechado é uma execução traumática, mas talvez resolva. Só não podem ser tantos jogos assim e vamos tentar reduzir isso no dia 27 de dezembro”, completou.

Já a advogada Luciana Lopes, que representou o Vasco no julgamento, mostrou-se ainda mais descontente com a punição aplicada aos cariocas. Ela sustentou a defesa de que o Cruzmaltino nem sequer participou da organização do confronto.

“A aplicação da perda de mando causa prejuízos aos clubes e aos torcedores que comparecem e colaboram com programas de sócio. Isso não resolve o problema. Temos o prazo de três dias e o nosso recurso estará pronto até segunda-feira. Sabíamos que teria punição, as imagens são fortes, a violência é absurda. Mas achei excessiva para o Vasco, que não participou de reunião de segurança. Isso não foi levado em consideração em nenhum momento”, encerrou.

CONFIRA OUTRAS DECISÕES POLÊMICAS DO STJD

  • 2004 - São Caetano - São Caetano punido com a perda de 24 pontos no Campeonato Brasileiro pela suposta escalação irregular do zagueiro Serginho, que morreu cerca de uma hora após desmaiar durante jogo contra o São Paulo, no Morumbi.

    2005 - Brasileirão - O Campeonato Brasileiro de 2005 vivenciou uma das maiores polêmicas do futebol nacional, quando foi descoberto que o árbitro Edílson Pereira de Carvalho havia manipulado 11 jogos por um esquema de apostas. A polêmica aumentou porque o STJD decidiu anular os 11 jogos e repeti-los novamente. O Corinthians tinha dois de seus jogos entre os 11. Não havia feito nenhum ponto nestes duelos, mas, com a repetição, fez quatro. Foi campeão com três pontos acima do Internacional, o vice-campeão.

    2008 - Grêmio - O zagueiro Léo foi punido com 120 dias de suspensão, o também defensor Réver pegou gancho de três jogos, e o atacante Morales não poderá atuar por oito partidas. Os três jogadores foram julgados por lances ocorridos na partida contra o Botafogo, no último dia 4, em que o Grêmio venceu por 2 a 1. Léo, que foi expulso na oportunidade, foi indiciado por chutar Jorge Henrique, do time carioca, sem a bola estar em disputa. Já Rever foi punido por empurrar o meia Carlos Alberto, e Morales era acusado de fazer falta violenta no lateral Alessandro.

    2009 - Coritiba - O Estádio Couto Pereira será interditado até serem atendidas melhorias de segurança a serem determinadas pela CBF. Depois de cumprida esta pena, passa a valer a cassação de 30 mandos de campo, válida para os jogos da Série B e da Copa do Brasil. Além disso, o clube terá de pagar multa de R$ 610 mil. Acabou cumprindo dez perdas de mando.

    2009 - Botafogo - Pego no doping, o atacante Jobson foi punido com dois anos pelo STJD. Porém, depois teve pena abrandada para seis meses. Ele foi flagrado pelo uso de cocaína em dois exames antidoping realizados na reta final do Brasileirão- contra Palmeiras e Coritiba.

    2010 - Canedense - A briga que envolveu torcedores da Canedense e jogadores do Vila Nova-GO deixou um jogador do time visitante queimado e fora dos gramados por 40 dias. Após a confusão, o STJD resolveu interditar o estádio por 30 dias.

    Mamoré 2010 - Vitinho foi escalado de maneira irregular em jogos do Módulo II e o Clube Patense foi derrotado. Os auditores entenderam que houve a irregularidade e por 8 votos contrários decretaram o Mamoré culpado e decretaram a perda de 7 pontos dentro do Módulo II.

    2010 - Grêmio Prudente- A equipe do interior paulista escalou o zagueiro Paulão em partida contra o Flamengo, pela 3ª rodada do Brasileirão, no final de semana. O problema é que o defensor havia sido suspenso pelo STJD na sexta-feira, e não poderia ter entrado em campo no Macaranã. A defesa do Prudente alegou que o tribunal só notificou o clube na segunda-feira, mas não houve conversa: o time teve três pontos subtraídos e ainda teve que pagar multa de R$ 1 mil. Paulão também foi julgado e corria risco de ser suspenso por um ano, mas foi absolvido.

    2011 - Rio Branco, do Acre, foi desclassificado da Série C do Campeonato Brasileiro 2011. O clube foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e, além da eliminação, teve que arcar com mais de R$ 13 mil em multas. O time infringiu o artigo 231 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) ao mandar um jogo na Arena da Floresta, que havia sido interditada.

    2013 - Carlos Alberto - Carlos Alberto, atualmente sem clube, foi condenado a um ano de suspensão por doping.

    2013 - Paysandu - Perda de seis mandos de campo e mais R$ 80 mil de multa pecuniária. O clube foi julgado na sede do órgão, no Rio de Janeiro, por conta dos incidentes que aconteceram na partida contra o Avaí, no dia 18 de outubro, no Estádio da Curuzu. Na ocasião, um grupo de torcedores bicolores arremessaram objetos ao gramado, inclusive bombas caseiras, e a partida foi encerrada pelo árbitro Grazianni Maciel Rocha aos 37 minutos do segundo tempo.