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Vasco 'ignora' ação por mandos e insiste em reverter rebaixamento no STJD

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

13/12/2013 06h10

A negativa do presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) Flávio Zveiter ao recurso vascaíno para impugnar a partida contra o Atlético-PR resultou no esforço dobrado da administração Dinamite para impedir o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. O departamento jurídico decidiu entrar com um pedido de reconsideração para assegurar o julgamento do caso no Pleno.

A preocupação cruzmaltina é tamanha para conquistar os pontos do duelo marcado pela briga generalizada entre as torcidas nas arquibancadas da Arena Joinville, que a punição por até 20 mandos de campo em julgamento realizado nesta sexta-feira, é considerada internamente irreversível pelos cartolas. O Vasco vai utilizar provas de vídeo e testemunhas para reduzir o prejuízo.

A ideia é alegar falta de segurança no estádio e provar que a torcida do Atlético-PR foi a primeira a invadir o espaço para o confronto. Mas o principal foco é realmente impugnar a partida e reverter o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, já que a barbárie ocorrida na cidade catarinense rodou o mundo e servirá de exemplo na ótica do tribunal.

O departamento jurídico quer a reconsideração do presidente do STJD ao pedido como última possibilidade de êxito. Desta forma, será preciso que Flávio Zveiter recue da decisão para levar a questão ao julgamento direto no Pleno, sem que ocorra audiência nas comissões disciplinares.

“Queremos que a impugnação seja levada ao tribunal. O presidente do STJD disse que não havia justa causa para a impugnação, pois o árbitro era livre para continuar a partida. Ele entra no mérito para indeferir, mas entendemos o contrário. Tenho a certeza de que o Zveiter vai reconsiderar isso”, afirmou a advogada do Vasco Luciana Lopes à Rádio Tupi.

Procurado pela reportagem do UOL Esporte, o advogado especialista em direito esportivo Renato Brito Neto considerou delicada a missão do Vasco em conquistar os pontos do jogo no tribunal apesar das possibilidades.

“Impugnação de partida é algo incomum, mas a rejeição liminar do presidente Flávio Zveiter pode ser recorrida pelo Vasco. A matéria será elevada ao crivo dos auditores. Tem alguma chance de o clube vencer a questão, mas são obstáculos consideráveis. Acho, por exemplo, que o Vasco teria mais força se tivesse tirado o time de campo após mais de 60 minutos de paralisação. Poderia constar o protesto na súmula e junto ao delegado da partida pela falta de segurança”, explicou.

Foram 73 minutos de pausa, enquanto o artigo 21 do regulamento feito pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) estabelece um prazo de 30 minutos e mais 30 de acréscimo para situações desse tipo.

O texto do regulamento diz que o árbitro pode suspender o jogo mesmo que a segurança ofereça garantias. O Vasco ainda deseja provar que o Atlético-PR foi o responsável pela condição de realização da partida. Desta forma, o clube seria declarado vencedor nos tribunais, somaria três pontos, e anularia o rebaixamento, trocando de lugar com o Criciúma.

  • Reprodução/Divulgação

    STJD divulgou reprodução da decisão do presidente do órgão, Luiz Zveiter, nesta quinta

CONFIRA OUTRAS DECISÕES POLÊMICAS DO STJD

  • 2004 - São Caetano - São Caetano punido com a perda de 24 pontos no Campeonato Brasileiro pela suposta escalação irregular do zagueiro Serginho, que morreu cerca de uma hora após desmaiar durante jogo contra o São Paulo, no Morumbi.

    2005 - Brasileirão - O Campeonato Brasileiro de 2005 vivenciou uma das maiores polêmicas do futebol nacional, quando foi descoberto que o árbitro Edílson Pereira de Carvalho havia manipulado 11 jogos por um esquema de apostas. A polêmica aumentou porque o STJD decidiu anular os 11 jogos e repeti-los novamente. O Corinthians tinha dois de seus jogos entre os 11. Não havia feito nenhum ponto nestes duelos, mas, com a repetição, fez quatro. Foi campeão com três pontos acima do Internacional, o vice-campeão.

    2008 - Grêmio - O zagueiro Léo foi punido com 120 dias de suspensão, o também defensor Réver pegou gancho de três jogos, e o atacante Morales não poderá atuar por oito partidas. Os três jogadores foram julgados por lances ocorridos na partida contra o Botafogo, no último dia 4, em que o Grêmio venceu por 2 a 1. Léo, que foi expulso na oportunidade, foi indiciado por chutar Jorge Henrique, do time carioca, sem a bola estar em disputa. Já Rever foi punido por empurrar o meia Carlos Alberto, e Morales era acusado de fazer falta violenta no lateral Alessandro.

    2009 - Coritiba - O Estádio Couto Pereira será interditado até serem atendidas melhorias de segurança a serem determinadas pela CBF. Depois de cumprida esta pena, passa a valer a cassação de 30 mandos de campo, válida para os jogos da Série B e da Copa do Brasil. Além disso, o clube terá de pagar multa de R$ 610 mil. Acabou cumprindo dez perdas de mando.

    2009 - Botafogo - Pego no doping, o atacante Jobson foi punido com dois anos pelo STJD. Porém, depois teve pena abrandada para seis meses. Ele foi flagrado pelo uso de cocaína em dois exames antidoping realizados na reta final do Brasileirão- contra Palmeiras e Coritiba.

    2010 - Canedense - A briga que envolveu torcedores da Canedense e jogadores do Vila Nova-GO deixou um jogador do time visitante queimado e fora dos gramados por 40 dias. Após a confusão, o STJD resolveu interditar o estádio por 30 dias.

    Mamoré 2010 - Vitinho foi escalado de maneira irregular em jogos do Módulo II e o Clube Patense foi derrotado. Os auditores entenderam que houve a irregularidade e por 8 votos contrários decretaram o Mamoré culpado e decretaram a perda de 7 pontos dentro do Módulo II.

    2010 - Grêmio Prudente- A equipe do interior paulista escalou o zagueiro Paulão em partida contra o Flamengo, pela 3ª rodada do Brasileirão, no final de semana. O problema é que o defensor havia sido suspenso pelo STJD na sexta-feira, e não poderia ter entrado em campo no Macaranã. A defesa do Prudente alegou que o tribunal só notificou o clube na segunda-feira, mas não houve conversa: o time teve três pontos subtraídos e ainda teve que pagar multa de R$ 1 mil. Paulão também foi julgado e corria risco de ser suspenso por um ano, mas foi absolvido.

    2011 - Rio Branco, do Acre, foi desclassificado da Série C do Campeonato Brasileiro 2011. O clube foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e, além da eliminação, teve que arcar com mais de R$ 13 mil em multas. O time infringiu o artigo 231 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) ao mandar um jogo na Arena da Floresta, que havia sido interditada.

    2013 - Carlos Alberto - Carlos Alberto, atualmente sem clube, foi condenado a um ano de suspensão por doping.

    2013 - Paysandu - Perda de seis mandos de campo e mais R$ 80 mil de multa pecuniária. O clube foi julgado na sede do órgão, no Rio de Janeiro, por conta dos incidentes que aconteceram na partida contra o Avaí, no dia 18 de outubro, no Estádio da Curuzu. Na ocasião, um grupo de torcedores bicolores arremessaram objetos ao gramado, inclusive bombas caseiras, e a partida foi encerrada pelo árbitro Grazianni Maciel Rocha aos 37 minutos do segundo tempo.