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Advogado do Flu vira 'craque' no STJD ao vencer Lusa emotiva e Fla técnico

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/12/2013 06h00

Um personagem ganhou a atenção dos torcedores do Fluminense que acompanhavam o julgamento da Portuguesa e do Flamengo no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) na última segunda-feira. Até mesmo um transeunte chegou a ser ovacionado por engano na porta do prédio do tribunal ao ser confundido com o advogado do Tricolor.

Além da euforia da torcida presente à portaria do prédio do STJD no Centro do Rio de Janeiro, Mário Bittencourt ganhou fãs também entre os torcedores que acompanhavam o julgamento à distância. Defendendo a terceira parte envolvida no caso - o interesse direto de punição da Lusa era da promotoria do STJD - o advogado foi exaltado pelos tricolores que comoravam a volta da equipe à Série A com as condenações de Flamengo e Portuguesa. Foi a Lusa que acabou rebaixada no lugar que inicialmente era do time das Laranjeiras.

A atuação firme de Mário Bittencourt no STJD foi um dos pontos que ajudaram nas condenações de Portuguesa e Flamengo na 1ª comissão disciplinar do STJD. Inscrito como parte interessada nos dois julgamentos, o Tricolor viu seu advogado pressionar os auditores com sucesso pelo cumprimento das punições previstas no CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva).

Torcedores do Fluminense vibravam a cada intervenção de Mário Bittencourt nos julgamentos, principalmente no caso da Portuguesa, que acabou por salvar o Tricolor do rebaixamento determinado após a última rodada do Campeonato Brasileiro. A empolgação foi tanta que alguns chegaram a pedir a candidatura do funcionário tricolor à presidência do clube.

“Agora entendo porque o Abel [Braga, ex-treinador do time das Laranjeiras] falou: ‘o Fluminense tem defesa para cinco anos!’ Tá aí: Mário Bittencourt”, disse no Twitter um dos torcedores do Tricolor, empolgado com a atuação do advogado.

No tribunal, Mário levou a melhor sobre dois adversários que utilizaram argumentações praticamente opostas. A Portuguesa apelou para a emoção dos auditores e pela aceitação de uma suposta comoção popular para sua absolvição, já que a punição determinaria seu rebaixamento. Já o Flamengo se baseou numa discussão técnica do regulamento.

TORCEDORES VIBRAM COM O ADVOGADO DO FLU NO TWITTER

  • Reprodução/Twitter

Utilizando a tese de que o regulamento deveria ser cumprido e os clubes penalizados com a perda de pontos, além de uma atuação em certos momentos até mesmo teatral, Mário Bittencourt conseguiu manter os auditores imunes às tentativas de convencimento de Flamengo e Portuguesa.

Durante o julgamento da Portuguesa pela escalação irregular do meia Héverton contra o Grêmio, Bittencourt interveio com tom mais incisivo sempre cobrando o cumprimento do regulamento, enquanto o advogado João Zanforlin tentava sensibilizar os auditores a fazerem o contrário. No fim, o Tricolor viu sua tese sair vencedora por unanimidade.

"Está se aplicando a regra, como sempre foi aplicada. Coincidentemente, poderá, sim, o Fluminense ficar na primeira divisão. O Fluminense não fez nada para isso que está acontecendo. Aliás, fez, sim. Trabalhou com o regulamento", argumentou Mário Bittencourt. "A questão técnica está resolvida. E tenho certeza que essa casa decide as coisas com a razão, e não com a emoção", disse o advogado, instigando os auditores a condenarem a Portuguesa.

O mesmo resultado veio no caso do Flamengo, que tentou provar que o regulamento permitia a escalação de André Santos na partida contra o Cruzeiro, na última rodada do Campeonato Brasileiro. Mesmo com a presença do ex-diretor da Comissão Disciplinar da FIFA Paolo Monteiro, o Rubro-negro levou a pior contra um contundente Mário Bittencourt.

Com prestígio dentro do clube, o advogado será mais uma vez responsável por representar o Fluminense nos julgamentos em instância superior de Flamengo e Portuguesa, no dia 27 deste mês, no Pleno do STJD. A estratégia de argumentação do Tricolor seguirá a mesma: o cumprimento do regulamento do Campeonato Brasileiro e a consequente perda de pontos da dupla.