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Flamengo pode perder R$ 3,5 milhões de patrocínio por punição no STJD

Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/12/2013 06h10

Em julgamento na noite da última segunda-feira, auditores e presidente da 1ª Comissão Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) decidiram punir o Flamengo com a perda de quatro pontos e uma multa de R$ 1 mil por conta da escalação irregular no jogo contra o Cruzeiro, na última rodada do Campeonato Brasileiro. O prejuízo financeiro do Rubro-negro, porém, deverá ser bem maior que aquele definido nos tribunais.

Por conta da queda para a 16ª colocação na tabela da competição, o clube da Gávea por perder até R$ 3,5 milhões da receita de patrocínio com a Adidas.

No contrato firmado com a fornecedora de material esportivo no final de 2012, a cláusula 13.2 diz que a empresa alemã pode reduzir o pagamento anual (R$ 35 milhões) em 10% caso o Flamengo não termine o Campeonato Brasileiro na zona de classificação da Copa Sul-Americana (entre a 5ª e a 13ª colocação).

Fla não acredita em punição
Na classificação antes dos julgamentos da última segunda-feira no STJD, o Flamengo ocupava a 11ª colocação, com 49 pontos, e não corria qualquer risco de perder parte da verba da Adidas.

No entanto, mesmo confirmando oficialmente a existência da cláusula que pode punir o clube, a diretoria do Flamengo mostra tranquilidade com o assunto e acredita que não perderá os R$ 3,5 milhões referentes aos 10% do valor anual.

Em conversa nos próximos dias com a Adidas, o Flamengo argumentará que, apesar da punição e da nova colocação, o clube não perdeu valor de mercado. Além disso, conquistou a classificação para a Copa Libertadores com o título da Copa do Brasil.

Na interpretação do Flamengo, a cláusula seria válida apenas em caso de não participação em nenhuma competição internacional na próxima temporada, o que não ocorrerá em 2014. Além disso, o clube ressaltará a quantidade de peças de uniformes e camisas comemorativas após o título da Copa do Brasil no final de novembro.

E mesmo com tanto otimismo de que a “punição” da Adidas não deve se consumar, o Flamengo se previne contra um possível desfalque nos cofres. O clube da Gávea informou que irá recorrer da decisão do STJD na última segunda, em uma tentativa de recuperar a colocação anterior no Campeonato Brasileiro e evitando qualquer imbróglio com a Adidas.

CONFIRA OUTRAS DECISÕES POLÊMICAS DO STJD

  • 2004 - São Caetano - São Caetano punido com a perda de 24 pontos no Campeonato Brasileiro pela suposta escalação irregular do zagueiro Serginho, que morreu cerca de uma hora após desmaiar durante jogo contra o São Paulo, no Morumbi.

    2005 - Brasileirão - O Campeonato Brasileiro de 2005 vivenciou uma das maiores polêmicas do futebol nacional, quando foi descoberto que o árbitro Edílson Pereira de Carvalho havia manipulado 11 jogos por um esquema de apostas. A polêmica aumentou porque o STJD decidiu anular os 11 jogos e repeti-los novamente. O Corinthians tinha dois de seus jogos entre os 11. Não havia feito nenhum ponto nestes duelos, mas, com a repetição, fez quatro. Foi campeão com três pontos acima do Internacional, o vice-campeão.

    2008 - Grêmio - O zagueiro Léo foi punido com 120 dias de suspensão, o também defensor Réver pegou gancho de três jogos, e o atacante Morales não poderá atuar por oito partidas. Os três jogadores foram julgados por lances ocorridos na partida contra o Botafogo, no último dia 4, em que o Grêmio venceu por 2 a 1. Léo, que foi expulso na oportunidade, foi indiciado por chutar Jorge Henrique, do time carioca, sem a bola estar em disputa. Já Rever foi punido por empurrar o meia Carlos Alberto, e Morales era acusado de fazer falta violenta no lateral Alessandro.

    2009 - Coritiba - O Estádio Couto Pereira será interditado até serem atendidas melhorias de segurança a serem determinadas pela CBF. Depois de cumprida esta pena, passa a valer a cassação de 30 mandos de campo, válida para os jogos da Série B e da Copa do Brasil. Além disso, o clube terá de pagar multa de R$ 610 mil. Acabou cumprindo dez perdas de mando.

    2009 - Botafogo - Pego no doping, o atacante Jobson foi punido com dois anos pelo STJD. Porém, depois teve pena abrandada para seis meses. Ele foi flagrado pelo uso de cocaína em dois exames antidoping realizados na reta final do Brasileirão- contra Palmeiras e Coritiba.

    2010 - Canedense - A briga que envolveu torcedores da Canedense e jogadores do Vila Nova-GO deixou um jogador do time visitante queimado e fora dos gramados por 40 dias. Após a confusão, o STJD resolveu interditar o estádio por 30 dias.

    Mamoré 2010 - Vitinho foi escalado de maneira irregular em jogos do Módulo II e o Clube Patense foi derrotado. Os auditores entenderam que houve a irregularidade e por 8 votos contrários decretaram o Mamoré culpado e decretaram a perda de 7 pontos dentro do Módulo II.

    2010 - Grêmio Prudente- A equipe do interior paulista escalou o zagueiro Paulão em partida contra o Flamengo, pela 3ª rodada do Brasileirão, no final de semana. O problema é que o defensor havia sido suspenso pelo STJD na sexta-feira, e não poderia ter entrado em campo no Macaranã. A defesa do Prudente alegou que o tribunal só notificou o clube na segunda-feira, mas não houve conversa: o time teve três pontos subtraídos e ainda teve que pagar multa de R$ 1 mil. Paulão também foi julgado e corria risco de ser suspenso por um ano, mas foi absolvido.

    2011 - Rio Branco, do Acre, foi desclassificado da Série C do Campeonato Brasileiro 2011. O clube foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e, além da eliminação, teve que arcar com mais de R$ 13 mil em multas. O time infringiu o artigo 231 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) ao mandar um jogo na Arena da Floresta, que havia sido interditada.

    2013 - Carlos Alberto - Carlos Alberto, atualmente sem clube, foi condenado a um ano de suspensão por doping.

    2013 - Paysandu - Perda de seis mandos de campo e mais R$ 80 mil de multa pecuniária. O clube foi julgado na sede do órgão, no Rio de Janeiro, por conta dos incidentes que aconteceram na partida contra o Avaí, no dia 18 de outubro, no Estádio da Curuzu. Na ocasião, um grupo de torcedores bicolores arremessaram objetos ao gramado, inclusive bombas caseiras, e a partida foi encerrada pelo árbitro Grazianni Maciel Rocha aos 37 minutos do segundo tempo.