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Flu vê Lusa em 'clima de velório' e se prepara para 2ª guerra em 10 dias

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/12/2013 06h00

A primeira batalha entre Fluminense e Portuguesa no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) terminou com os paulistas em clima de bastante pessimismo diante da vitória do Tricolor no julgamento realizado na 1ª comissão disciplinar do órgão, na última segunda-feira, no Rio de Janeiro. Os dois clubes devem voltar a se encontrar nos tribunais no dia 27 deste mês, às 12h, em sessão extraordinária do Pleno da entidade.

A Portuguesa foi punida com a perda de quatro pontos e multa de R$ 1 mil pela escalação irregular de Héverton, meia que estava suspenso para a partida contra o Grêmio, que acabou empatada por 0 a 0 na última rodada do Campeonato Brasileiro. Com a sanção, a Lusa salvou o Tricolor da queda.

Na instância superior do STJD, o Fluminense deve voltar a repetir o mesmo expediente do qual se utilizou no primeiro julgamento e que determinou a perda de pontos da Portuguesa e, consequentemente, a manutenção do time das Laranjeiras na Série A. O Tricolor será mais uma vez representado pelo advogado Mário Bittencourt e repetirá a tese de que o regulamento deve ser cumprido em sua totalidade pelo tribunal.

O argumento do Tricolor venceu a tentativa do advogado da Portuguesa, João Zanforlin, de emocionar os auditores do STJD com o pedido de que fossem mantidos os resultados conquistados dentro de campo. Ao final do julgamento, os integrantes da delegação da Lusa mostraram claro pessimismo sobre o futuro do caso.

Um dos indicativos de que a Lusa já se preparava para o pior foi o fato dos seus dirigentes terem levado camisas com escudos da equipe e a frase “Dois pesos e duas medidas. Por que com a Lusa?” para o julgamento. Logo após a pena de perda de quatro pontos ser aplicada ao clube, jogadores e dirigentes vestiram o traje como forma de protesto.

“Eu teria esperança [de vitória] se fosse o inverso. O fato de ser a Portuguesa deixa ainda maior a indignação. Acho que a camisa mesmo que vestimos já diz tudo. O Fluminense foi favorecido em 2010 e podia ter perdido o título para o Cruzeiro. Vamos ficar na expectativa que a diretoria possa reverter o quadro”, disse o goleiro da Portuguesa Gledson, mostrando bastante pessimismo.

O desânimo entre os integrantes da Portuguesa era notório, principalmente pelo fracasso da tese defendida por seus advogados, baseada na emoção e na comoção de parte da população pela manutenção dos resultados no campo. Os atletas chegaram a lamentar pontos perdidos durante o Campeonato Brasileiro.

 

“Entramos na zona de rebaixamento só agora, então não temos muito que falar. Se é regra, está sendo cumprida. Vamos ver, não acabou ainda. Vamos recorrer. Nós jogadores estamos surpresos com a noticia. Por mais que tenhamos dado o suor em todos os jogos, vamos ficar pensando que poderia ter dado um pouco mais”, lamentou o lateral Bryan.

Já no Fluminense imperou o tom cauteloso. Nenhuma das mídias do clube fez qualquer tipo de alusão à volta da equipe à Série A, assim como o presidente Peter Siemsen não se manifestou sobre o assunto após o julgamento. O único a se pronunciar foi o advogado Mário Bittencourt, que tentou acalmar a euforia da torcida pela vitória judicial.

Já o Flamengo, também julgado na última segunda-feira, mostrou confiança apesar da derrota por unanimidade na primeira instância do STJD. Para o advogado Michel Assef Filho, existe uma clara confusão entre as regras sobre o caso da escalação irregular de André Santos.

“O que há aqui é uma grande confusão de normas que um clube não é capaz de um dia para o outro interpretar de uma forma que agrade a todos. Agrada a alguns, mas não agrada a outros. Não agradou a primeira comissão, mas poderia ter agradado outras”, argumentou Assef.

Além dos casos de Flamengo e Portuguesa, a reunião extraordinária do Pleno do STJD também servirá para a última análise do caso do Vasco, que pede a anulação da partida com o Atlético-PR por conta dos episódios de violência durante o confronto. O Cruzmaltino perdeu o duelo por 5 a 1 no campo e já teve o pedido negado duas vezes pelo presidente do tribunal, Flávio Zveiter.

CONFIRA OUTRAS DECISÕES POLÊMICAS DO STJD

  • 2004 - São Caetano - São Caetano punido com a perda de 24 pontos no Campeonato Brasileiro pela suposta escalação irregular do zagueiro Serginho, que morreu cerca de uma hora após desmaiar durante jogo contra o São Paulo, no Morumbi.

    2005 - Brasileirão - O Campeonato Brasileiro de 2005 vivenciou uma das maiores polêmicas do futebol nacional, quando foi descoberto que o árbitro Edílson Pereira de Carvalho havia manipulado 11 jogos por um esquema de apostas. A polêmica aumentou porque o STJD decidiu anular os 11 jogos e repeti-los novamente. O Corinthians tinha dois de seus jogos entre os 11. Não havia feito nenhum ponto nestes duelos, mas, com a repetição, fez quatro. Foi campeão com três pontos acima do Internacional, o vice-campeão.

    2008 - Grêmio - O zagueiro Léo foi punido com 120 dias de suspensão, o também defensor Réver pegou gancho de três jogos, e o atacante Morales não poderá atuar por oito partidas. Os três jogadores foram julgados por lances ocorridos na partida contra o Botafogo, no último dia 4, em que o Grêmio venceu por 2 a 1. Léo, que foi expulso na oportunidade, foi indiciado por chutar Jorge Henrique, do time carioca, sem a bola estar em disputa. Já Rever foi punido por empurrar o meia Carlos Alberto, e Morales era acusado de fazer falta violenta no lateral Alessandro.

    2009 - Coritiba - O Estádio Couto Pereira será interditado até serem atendidas melhorias de segurança a serem determinadas pela CBF. Depois de cumprida esta pena, passa a valer a cassação de 30 mandos de campo, válida para os jogos da Série B e da Copa do Brasil. Além disso, o clube terá de pagar multa de R$ 610 mil. Acabou cumprindo dez perdas de mando.

    2009 - Botafogo - Pego no doping, o atacante Jobson foi punido com dois anos pelo STJD. Porém, depois teve pena abrandada para seis meses. Ele foi flagrado pelo uso de cocaína em dois exames antidoping realizados na reta final do Brasileirão- contra Palmeiras e Coritiba.

    2010 - Canedense - A briga que envolveu torcedores da Canedense e jogadores do Vila Nova-GO deixou um jogador do time visitante queimado e fora dos gramados por 40 dias. Após a confusão, o STJD resolveu interditar o estádio por 30 dias.

    Mamoré 2010 - Vitinho foi escalado de maneira irregular em jogos do Módulo II e o Clube Patense foi derrotado. Os auditores entenderam que houve a irregularidade e por 8 votos contrários decretaram o Mamoré culpado e decretaram a perda de 7 pontos dentro do Módulo II.

    2010 - Grêmio Prudente- A equipe do interior paulista escalou o zagueiro Paulão em partida contra o Flamengo, pela 3ª rodada do Brasileirão, no final de semana. O problema é que o defensor havia sido suspenso pelo STJD na sexta-feira, e não poderia ter entrado em campo no Macaranã. A defesa do Prudente alegou que o tribunal só notificou o clube na segunda-feira, mas não houve conversa: o time teve três pontos subtraídos e ainda teve que pagar multa de R$ 1 mil. Paulão também foi julgado e corria risco de ser suspenso por um ano, mas foi absolvido.

    2011 - Rio Branco, do Acre, foi desclassificado da Série C do Campeonato Brasileiro 2011. O clube foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e, além da eliminação, teve que arcar com mais de R$ 13 mil em multas. O time infringiu o artigo 231 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) ao mandar um jogo na Arena da Floresta, que havia sido interditada.

    2013 - Carlos Alberto - Carlos Alberto, atualmente sem clube, foi condenado a um ano de suspensão por doping.

    2013 - Paysandu - Perda de seis mandos de campo e mais R$ 80 mil de multa pecuniária. O clube foi julgado na sede do órgão, no Rio de Janeiro, por conta dos incidentes que aconteceram na partida contra o Avaí, no dia 18 de outubro, no Estádio da Curuzu. Na ocasião, um grupo de torcedores bicolores arremessaram objetos ao gramado, inclusive bombas caseiras, e a partida foi encerrada pelo árbitro Grazianni Maciel Rocha aos 37 minutos do segundo tempo.