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Fla lucra milhões com jogos em novas arenas, mas elenco critica viagens

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/04/2014 06h10

Diretoria e jogadores do Flamengo não falam a mesma língua. Pelo menos no que envolve a escolha da administração Bandeira de Mello em mandar seis partidas do Campeonato Brasileiro nas novas arenas para a Copa do Mundo. O objetivo é reforçar os cofres com até R$ 7 milhões e ampliar o número de sócios-torcedores.

A decisão já havia causado prejuízo técnico no ano passado e foi reprovada pelo elenco antes e depois do empate sem gols com o Goiás, em Brasília, jogo que marcou a estreia rubro-negra na competição. Os atletas consideram equivocada a escolha de abrir mão do Maracanã e reduzir drasticamente o número de jogos como mandante autêntico.

Além da obrigação de atuar em praças nas quais não estão acostumados, os jogadores reclamam constantemente nos bastidores das longas viagens consideradas desnecessárias em fins de semana com mando de campo. Anteriormente, a insatisfação permanecia reclusa, mas os atletas e até o técnico Jayme de Almeida decidiram exteriorizar a frustração na expectativa de que mudanças aconteçam.

“Não foi bom sair tanto do Maracanã no ano passado. Sabemos que precisamos arrecadar. Mas não é o ideal. A viagem é cansativa e existe o desgaste psicológico. O atleta sofre com avião e deslocamento. Somos muito mais fortes no Maracanã, mas temos de superar as dificuldades. Não adianta reclamar de uma coisa que não tem jeito. Falo isso para os jogadores. É duro, é chato, mas vamos encarar as dificuldades”, afirmou o técnico antes da viagem para a estreia no estádio Mané Garrincha.

Já durante o desembarque no Rio de Janeiro, o atacante Alecsandro engrossou o discurso e deixou clara mais uma vez a preferência do elenco em permanecer na cidade e usar o Maracanã para somar pontos na tabela do Brasileirão.

“É uma postura da diretoria e não temos que colocar a culpa pelo desempenho no estádio. É lógico que não podemos esconder a vontade de jogar no Maracanã. É sempre bem-vindo e a preferência de todo o elenco. Mas temos que respeitar a decisão da diretoria. Se for para o bem do grupo e do clube, vamos ter que jogar em Brasília, Natal, Roraima, em qualquer lugar...”, encerrou o artilheiro rubro-negro na temporada.

Inicialmente, a diretoria não pretende modificar a estratégia para buscar novas fontes de receitas. Tanto que o cálculo foi feito em cima do lucro de R$ 1 milhão por jogo. Em 2013, por exemplo, o Flamengo arrecadou até R$ 1,2 milhão em alguns duelos como mandante longe do Rio de Janeiro. Desta vez, a expectativa é a de lucrar um total de R$ 7 milhões nos seis jogos fora de casa.

A administração reconhece a necessidade de ser "cirúrgica" nas escolhas, principalmente em razão de o acordo com Consórcio Maracanã S.A. permitir apenas dez jogos fora do Rio de Janeiro. Os mesmos não podem envolver semifinais e finais. Brasília ainda receberá mais uma partida no Brasileirão. Manaus, Cuiabá, Natal e Fortaleza também estão na lista.