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Goiás aproveita falta de estrelas, vence e deixa Atlético na zona de risco

Do UOL, em Belo Horizonte

04/05/2014 20h20

Os torcedores atleticanos, que compareceram ao Independência, na noite deste domingo, viram um time com raça, mas com o mesmo futebol ruim que o eliminou precocemente da Libertadores. Sem Ronaldinho Gaúcho, lesionado, e Diego Tardelli, poupado, o Atlético-MG teve um time desentrosado. O Goiás soube se aproveitar, armou forte retranca e, depois de enervar os donos da casa, deu o bote certo para vencer por 1 a 0 e entrar no G4, na quarta colocação. Já o alvinegro mineiro está na 17ª posição para revolta de sua torcida, que apoiou em muitos momentos durante o jogo, mas, desabafou após a confirmação do tropeço.

A derrota no Horto, onde no ano passado foi imbatível, colocou o Atlético-MG na zona de rebaixamento e ampliou para seis o número de jogos sem vitória, levando-se em conta Campeonato Mineiro, Libertadores e Brasileiro. Neste período, são três derrotas, três empates, o título estadual perdido, a desclassificação da Libertadores, a troca de Paulo Autuori por Levir Culpi e o atrito entre Diego Tardelli e o novo treinador.

O Atlético-MG entrou em campo sem cinco titulares, que empataram com o Atlético Nacional, quinta-feira passada, em 1 a 1, resultado que o eliminou da Libertadores. Ronaldinho, com estiramento na coxa esquerda, não joga nem contra o Cruzeiro, no próximo domingo, pela quarta rodada. Já Diego Tardelli junto com Leonardo Silva, Pierre e Leandro Donizete foram poupados, de acordo com informação oficial do clube.

“Preciso observar alguns jogadores em situação de jogo para tomar algumas decisões”, afirmou Levir Culpi, antes de a bola rolar. Com apenas 15 minutos de partida, o Atlético-MG perdeu mais um titular. O atacante Jô, que pode estar entre os convocados de Felipão para a Copa do Mundo na próxima quarta-feira, levou pancada no joelho direito e foi substituído por Dátolo. “Nada demais, só uma dorzinha”, disse o atacante ao deixar o gramado.

Jô não foi a única baixa durante a partida. Guilherme não voltou para o segundo tempo, sendo substituído por André. De acordo com o médico Marcus Vinícius dos Santos, o meia-atacante atleticano sofreu uma entorse no tornozelo direito. “Decidimos tirá-lo de campo para avaliá-lo”, explicou. Dessa forma, aumentou para cinco o número de jogadores que estavam atuando pouco por motivos diferentes. Os outros são Réver, Fillipe Soutto, Claudinei e Dátolo.

Obrigado a vencer para amenizar a eliminação na Libertadores, o Atlético-MG iniciou o jogo já pressionando o adversário. Apesar disso, o primeiro ataque mais perigoso foi goiano. Tiago Real avançou pelo lado direito e cruzou rasteiro, sem que nenhum companheiro conseguisse finalizar. A partida seguia como espécie de ataque contra defesa, já que o Goiás priorizava a marcação.

O Atlético-MG quase marcou um belo gol, aos 13 min, quando Marion cruzou da esquerda, Jô ajeitou de cabeça para finalização, de bicicleta, de Réver, que acertou a trave esmeraldina. No minuto seguinte, Jô dividiu bola com o zagueiro Jackson, sentiu o joelho direito e deixou o jogo, sendo substituído por Dátolo, com Guilherme passando a atuar mais adiantado. O Goiás seguia recuado e usava como estratégia ofensiva chutes de longa distância. Aos 25 min, Thiago Mendes levou perigo.

A modificada equipe atleticana demonstrava vontade, mas não conseguia mostrar bom futebol. Tinha posse de bola, mas parava na forte marcação do Goiás. O resultado disso, era um jogo morno, com poucas emoções, sobrando lentidão e jogadas erradas dos dois lados. Para piorar o ‘espetáculo’, aos 33 min sobraram empurrões entre Alex Silva e Lima, na área esmeraldina. O lateral atleticano reclamou pisão do jogador adversário.

Quando a torcida atleticana aumentava o tom dos pedidos de “vaia”, o Goiás criou e desperdiçou duas boas chances de gols, aos 41 min e 42 min. No primeiro lance, Amaral recebeu cruzamento da esquerda e bateu para defesa de Victor. Logo depois, foi a vez de Araújo, que já passou pelo Atlético, fazer boa jogada individual e exigir outra defesa do goleiro atleticano. A etapa inicial acabou sem gols e com sonora vaia dos torcedores atleticanos.

O zagueiro Réver ressaltou o fato de a equipe nunca ter jogado junta. “Temos de nos doar mais, equipe totalmente desconhecida, é momento de superação, no finalzinho deixamos cair um pouco ritmo e a equipe do Goiás cresceu no jogo”, analisou o capitão atleticano. Já o meia Ramon, do time visitante, admitiu ter faltado um pouco de capricho nas finalizações e também de perna. “A gente está correndo muito, todo mundo voltando porque o Atlético está tentando impor ritmo forte, a gente consegue chegar à frente, mas falta um pouco de perna”, ressaltou.

Depois de vaiar e pedir raça ao final do primeiro tempo, na volta do time atleticano para o segundo, com André na vaga do machucado Guilherme, os gritos atleticanos foram um pedido ao zagueiro argentino: “Fica Otamendi”. O jogador tem contrato de empréstimo ao Atlético somente até o final de junho. O Goiás também voltou com uma alteração: Wellinton Júnior no lugar de Victor.

O cenário da partida, no entanto, não mudou muito. O Atlético com a posse de bola, mas sem conseguir penetrar no sistema defensivo goiano. A equipe da casa tentava, mas faltava eficiência para levar perigo ao gol defendido por Renan. Sem pressa, o Goiás procurava enervar torcida e jogadores do alvinegro, como parte de sua estratégia para tentar a vitória em um contra-ataque, em um possível erro cometido pelo anfitrião.  Não foi dessa forma, mas em um chute de longa distância, de David, aos 23 min, que colocou o time goiano em vantagem.

Perdendo o jogo, o torcedor atleticano perdeu  também a paciência e passou a vaiar muito, além de pedir raça “ao time todo”. Os jogadores atleticanos até que tentaram o empate.André, aos 28 min, teve ótima chance para empatar, mas o goleiro Renan evitou o gol. Na busca pelo empate, o Atlético cedeu espaços e a equipe esmeraldina criou chances para ampliar o marcador. Na reta final do jogo, no entanto, a maior parte da torcida voltou a apoiar a equipe, cantando o hino do clube e tentando levá-lo ao empate, que quase saiu, aos 45 min, em chute de Fernandinho, na trave.

ATLÉTICO-MG 0 X 1 GOIÁS

Local: Estádio Independência, Belo Horizonte (MG)
Data: 4/5/2014
Árbitro:  Marcelo de Lima Henrique (Fifa-RJ)
Assistentes: Rodrigo Henrique Correa (RJ) e Diogo Carvalho Silva (RJ)
Cartões amarelos: Claudinei, Victor (ATL); Thiago Real (GOI)
Gol: David, aos 23 min do segundo tempo

Atlético-MG
Victor; Alex Silva, Réver, Otamendi e Emerson Conceição; Claudinei, Filipe Soutto (Rosinei), Guilherme (André) e Marion; Jô (Dátolo) e Fernandinho
Técnico: Levir Culpi

Goiás
Renan; Victor (Wellinton Júnior), Jackson, Alex Alves e Lima; Amaral, David, Thiago Mendes e Ramon (João Paulo); Tiago Real e Araújo (Erik)
Técnico: Ricardo Drubscky