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Ney esquece passado com organizadas e república do pão de queijo no Fla

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

15/05/2014 06h10

Ney Franco voltou ao Flamengo em meio ao turbilhão causado pela confusa demissão de Jayme de Almeida e convicto da missão em exorcizar fantasmas que o atormentaram na primeira passagem pelo Rubro-negro entre 2006 e 2007. Apesar de dois títulos - Copa do Brasil e Campeonato Carioca -, o técnico conviveu com críticas pelas indicações de jogadores e viveu momentos de desconforto em reuniões com líderes de torcidas organizadas.

Desta vez, o trabalho aparentemente será mais tranquilo em ambos os casos. Mais experiente, Ney já avisou que pretende tratar com cautela a questão envolvendo reforços. Conhecedor dos bastidores do clube, ele sabe que repetir a polêmica “república do pão de queijo” seria um atentado contra o próprio projeto.

Antes mesmo de o técnico ter sido contratado em 2006 pelo ex-dirigente Kleber Leite, o Flamengo já havia acertado com atletas de Minas Gerais: Walter Minhoca, Léo Medeiros, Diego Silva e Paulinho. No entanto, o fim da temporada reservou as indicações responsáveis por críticas e pressão da torcida.

Irineu, Moisés, Jailton, Luizinho, Leandro Salino, Thiago Gosling e Gérson Magrão chegaram ao clube na sequência após trabalhos anteriores com Ney Franco. Nenhum rendeu o esperado e o ambiente recebeu a denominação de “república do pão de queijo”, algo que atormenta o comandante até os dias de hoje.

“A passagem anterior foi muito significativa e abriu as portas do meu trabalho no futebol internacional. Recebi até um convite depois para trabalhar na seleção brasileira de base. Volto mais experiente. Todo treinador tem momentos bons e ruins. Vivi no Flamengo o que a maioria passa nos clubes grandes”, afirmou.

“Vamos resolver a questão dos reforços com calma. O clube tem o seu orçamento e não vai fugir disso. Uma coisa que faz diferença enorme a favor do Flamengo é a sua marca. É importante ser criativo para driblar as dificuldades econômicas quando se encontra um atleta com perfil para jogar aqui”, completou.

Além dos problemas com indicações de atletas, Ney Franco sofreu com a pressão oriunda de torcidas organizadas. Na época, o time treinava na sede social da Gávea e reuniões com líderes dos movimentos eram constantes. Em uma delas, dias antes da decisão da Copa do Brasil de 2006, o comandante mostrou-se desconfortável ao ouvir as cobranças exaltadas e pediu ajuda dos seguranças. Ele sempre reprovou o livre trânsito e acesso dos torcedores ao departamento de futebol.

Apesar da rejeição de parte da torcida e a possibilidade de cena como a anterior dificilmente se repetir, já que a equipe trabalha no isolado CT Ninho do Urubu, Ney tenta esquecer os problemas e esbanja confiança para escrever uma história diferente em seu retorno ao Rubro-negro.

“Minha esperança é a de que os torcedores me abracem, assim como os jogadores me abraçaram no primeiro treino. Vivi momentos bons no Flamengo e existe um respeito mútuo. No momento, qualquer treinador que estivesse sentado aqui sofreria respingos com tudo o que aconteceu recentemente”, encerrou.