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Cruzeiro monta elenco mais caro de sua história e obtém retorno em campo

Dionizio Oliveira

Do UOL, em Belo Horizonte

29/07/2014 06h00

A campanha do Cruzeiro no Brasileirão, que o credencia a conquistar o bicampeonato consecutivo, é reflexo não só do bom trabalho realizado por jogadores e comissão técnica, mas também de uma política de grande investimento no futebol. Com as últimas aquisições de Willian, Manoel e Neilton, o clube celeste desembolsou quase R$ 60 milhões para formar o elenco atual.

O UOL Esporte realizou um levantamento com o valor da transação de todos os jogadores que hoje compõem o plantel estrelado para chegar à quantia de R$ 58,4 milhões. Em alguns casos o clube também contou com a ajuda de investidores, como nas compras do zagueiro Dedé, por R$14 milhões, e Marlone, por R$ 5,4 milhões.

Com a atual diretoria, o clube deixou a pecha de vendedor que carregava na era Perrella e se tornou mais comprador. Dos 30 atletas que formam o elenco, o Cruzeiro investiu para contratar 11, enquanto oito surgiram na base, outros dez chegaram sem ônus e um deles, Miguel Samudio, está no clube por empréstimo.

A prova do forte investimento é de que quatro jogadores do atual elenco integram a lista das cinco contratações mais caras da história. Dedé aparece em primeiro, tendo custado R$ 14 milhões. Willian, que foi adquirido em definitivo por R$ 10,5 milhões, aparece em segundo. Sorín, que custou R$ 9,4 milhões à época, é o terceiro da lista. Manoel e Dagoberto, com valores de R$ 7,5 milhões e R$ 7 milhões, respectivamente, completam o top cinco.

O clube ainda fez algumas contratações menos badaladas que acabaram dando grande resultado, como as aquisições de Everton Ribeiro, por R$ 4 milhões, junto ao Coritiba, Ricardo Goulart, que veio do Goiás por R$ 5 milhões, e Nilton, que custou aproximadamente R$ 2 milhões aos mineiros. Todos foram protagonistas na campanha do tricampeonato brasileiro, no ano passado.

A diretoria celeste não confirma os valores oficiais, mas admite que este é o elenco mais caro da história do clube, que em outras ocasiões teve até mais estrelas, como Alex, Edmundo, Rincón, mas que vieram de graça, a exemplo do que ocorreu com Júlio Baptista, que rescindiu com o Málaga no ano passado e foi contratado com custos de luvas e salário. 

No Cruzeiro desde 1997, o gerente de futebol Valdir Barbosa diz que a atual política de contratações foi um reflexo do ano difícil que a equipe teve em 2011 e o desejo de voltar a figurar na parte de cima da tabela.

“Foi uma política bem agressiva porque nós saímos de um período quase que de segunda divisão, escapamos por pouco. No ano seguinte, no primeiro mandato do presidente Gilvan, tivemos uma participação ruim no Brasileiro e o trabalho foi feito para que não caíssemos. Já em 2013 o Cruzeiro resolveu contratar, o diretor de futebol Alexandre Mattos mudou a política do clube e, avalizado pelo presidente, foi montado uma equipe que tivesse condições de ganhar o Brasileiro”, disse o dirigente.

O resultado pôde ser visto em campo com o título Brasileiro de 2013, mas o clube seguiu investindo em 2014 para tentar o título da Libertadores e para uma inédita (para o Cruzeiro) conquista consecutiva do Brasileirão. Apenas alguns clubes como Santos, Palmeiras, Corinthians, Internacional, Flamengo e São Paulo conseguiram tal façanha, sendo o tricolor paulista o único na era dos pontos corridos.

Valdir Barbosa considera o elenco atual com condições de conseguir o feito. “É o elenco mais caro, com certeza, e também um dos mais fortes (da história do Cruzeiro), porque você ganhar o Campeonato Brasileiro e no ano seguinte, já com 12 rodadas, liderar a competição, é uma situação bem sui generis. Dificilmente uma equipe ou poucas equipes conseguiram ganhar seguidamente a competição”, destacou o cartola.

O presidente Gilvan de Pinho Tavares também demonstrou confiança no título nacional pela força do elenco. “Realmente não montamos um time de 11 jogadores, mas um plantel que dá capacidade de disputar um campeonato difícil, com o Brasileiro, a Copa do Brasil, já ganhamos o Mineiro. Com esse plantel a gente enxerga a possibilidade de ser novamente campeão brasileiro. O desgaste das equipes irá sacrificar menos o Cruzeiro, porque temos dois jogadores para cada posição”, afirmou em entrevista à Rádio Itatiaia.

Com a contratação de novos jogadores para esta temporada, como Manoel, Marquinhos, Marcelo Moreno, Samudio e Willian Farias, o volante Nilton, que hoje está na reserva, vê o time atual ainda melhor que o do ano passado. “As estatísticas já demonstram isso. Em relação à 12ª rodada do ano passado, já fizemos mais pontos, mais gols, acabamos evoluindo dentro de campo. Nosso time está mais forte e esperamos evoluir para cada vez mais distanciar, como no ano passado”, ressaltou.

O bom rendimento dentro de campo também gerou retorno financeiro para o clube, que conseguiu ampliar o programa de sócio-torcedor e se tornar o terceiro maior do Brasil, com mais de 59 mil associados, atrás apenas de Internacional e Grêmio, o que ajuda a bancar a alta folha salarial na casa dos R$7 milhões.

Além disso, pôde segurar os principais atletas e realizar boas vendas, como R$ 11,5 milhões por 50% dos direitos econômicos de Vinícius Araújo e R$ 17,2 milhões pelos 60% que detinha do jovem zagueiro Wallace.

"A torcida tem colaborado de forma maravilhosa, fornecido para a gente a receita suficiente com os ingressos e a mensalidade, podendo bancar a folha de pagamento cara. É a torcida junto com a diretoria para bancar um grande time", ressaltou o mandatário celeste.