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Gottardo lida com 'guerra fria' e completa 1 mês de Botafogo sem descanso

Luiz Gabriel Ribeiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/08/2014 06h03

Ex-jogador do Botafogo e com experiência de ter passado por momentos difíceis em General Severiano na década de 1990, Wilson Gottardo voltou ao clube como dirigente há exatos 30 dias. O diretor técnico chegou com a missão de apaziguar os ânimos de um elenco fragilizado pelos atrasos salariais. Com apenas uma folga neste período, o ex-zagueiro trabalha quase 24h por dia para acalmar o time alvinegro. No entanto, ele é atrapalhado por uma “guerra fria” entre dirigentes e atletas do Botafogo.

Gottardo deixa claro que não tem a intenção de fazer a aproximação entre as duas partes. O seu trabalho é emergencial e focado apenas nos jogadores. O racha acontece pela sequência de promessas – não cumpridas – dadas ao grupo sobre pagamento das dívidas.

Com 100% de suas receitas bloqueadas, o Botafogo deve aos jogadores cinco meses de direitos de imagem, mais três de carteira de trabalho, além de FGTS.

Dar força aos atletas e pedir foco – sem tom de cobrança – para que os problemas particulares que cada um vive devido aos atrasos salariais sejam deixados fora de campo é a prioridade de Gottardo. “Tudo é muito complexo para o Botafogo neste momento. Não há tempo hábil para grandes mudanças e ideias novas. Faço ajustes, tenho pequenas conversas, mas sempre com objetivo. Os jogadores estão bem orientados”, comentou o dirigente ao UOL Esporte.

O ex-zagueiro ressalta que os conselhos que dá e os desabafos que escuta não são repassados para a alta cúpula alvinegra – alvo das insatisfações do elenco. O dirigente destaca que não há nenhum tipo de pressão para que um caminho ou outro seja traçado pelos atletas. “No futebol, as coisas são muito rápidas. Os jogadores estão bem orientados, com advogados e empresários. Não imponho nada a respeito da continuidade do trabalho, não tenho gerência nisso”, reforça.

A experiência de ter jogado pelo Botafogo e também ter amargado meses sem receber salários em General Severiano ajuda o diretor a ganhar a confiança do elenco alvinegro. “Passei até por coisa pior”, aponta Gottardo.

O dirigente, com três passagens pelo Botafogo e campeão brasileiro em 1995, elogia o bom ambiente entre os jogadores e diz fazer o possível para que eles não desistam. “Falo que o Botafogo depende deles neste momento. Nunca desisti do meu sonho. Aqui no Botafogo, eles sonham também. Os garotos querem a conquista de bens materiais. Tem gente que já conquistou, mas também quer mais. Existem extremos, mas todos têm um objetivo comum”, apontou.

O último domingo foi o único dia de folga de Gottardo desde que foi contratado pelo Botafogo. Apesar de ter o dia livre, o pensamento e as conversas estiveram nos problemas do dia a dia alvinegro. “É cansativo. Recebo ligações até às 23h todos os dias”, resume o diretor técnico.

Gottardo assegura que empresários não irão conseguir se aproveitar do momento conturbado do Botafogo. Há risco de debandada de jogadores, mas também existem os agentes que oferecem qualquer tipo de atleta como solução. “Os interessados em tirar nossos jogadores daqui têm que falar comigo, com a diretoria. E os empresários também me oferecem cada jogador. Não vão conseguir ‘tirar casquinha’ aqui”, finaliza o cartola.