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Perdida, CBF aguarda STJD dizer se ação de árbitro de caso Petros é legal

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

12/08/2014 17h21

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ainda não tem uma posição sobre a ação do árbitro Raphael Claus, que fez nesta terça-feira (12) uma retificação na súmula do clássico entre Santos e Corinthians, válido pelo Campeonato Brasileiro, disputado no último domingo. O juiz levou empurrão do meio-campista Petros, do time da capital, e não havia citado o caso na primeira versão do relatório da partida. A mudança no texto transformou o status dele, que pode deixar de ser apenas vítima, e a entidade nacional agora espera uma posição do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) para saber como proceder no caso.

A questão é que a iniciativa de Claus é tratada como inédita por todas as autoridades da arbitragem brasileira. Os árbitros têm 24 horas para revisão no texto das súmulas, mas normalmente só usam esse período para correções (nomes grafados de forma errada ou confusões de número de camisa, por exemplo). No episódio do clássico, o juiz alterou uma decisão técnica depois de ter visto o lance pela TV.

“É um fato novo. Eu não tenho capacidade para dizer se o tribunal vai punir o atleta ou não. A gente espera que a justiça seja feita, mas agora só dá para aguardar. Se o tribunal entender que esse procedimento não deve se repetir, a gente vai fazer uma orientação geral e clara para os árbitros”, disse Sérgio Corrêa, presidente da comissão de arbitragem da CBF.

O temor da entidade é que o STJD não concorde com o procedimento adotado por Claus. Na prática, o árbitro usou a tecnologia para rever uma decisão tomada em campo – algo que a Fifa, por exemplo, não aceita. Após ter ignorado o lance na primeira versão da súmula, ele fez um aditamento nesta terça-feira e tratou o episódio como “claro e intencional”.

“Minha opinião foi alterada após ver a partida no dia seguinte pela TV, como faço de costume”, relatou Claus no documento publicado no site da CBF.

Antes de fazer o adendo à súmula, Claus falou com a comissão de arbitragem da entidade nacional. A consulta foi feita para evitar que o STJD o denunciasse pela omissão.

“Eu disse que ele é o árbitro, e que por isso é responsável pelos documentos do jogo. Não entrei no mérito, nem apoiando e nem dizendo para não fazer. Não tenho poder de interferir”, disse Corrêa. “Não vou dar meu juízo de valor sobre o caso porque também não fiz isso para ele. Não tenho opinião formada”, completou.

O que a CBF espera, segundo Corrêa, é que o STJD se posicione sobre a ação de Claus: “Vamos ver o que os especialistas vão dizer e decidir. Nós vamos apenas ouvir e esperar”.

No entanto, a ação de Claus já motivou preocupação na FPF (Federação Paulista de Futebol), entidade à qual ele é vinculado. “É um precedente com o qual precisamos ter um pouco de cautela. Ele pode mudar e colocar o lance, mas eu acho que o que vale é o que está na súmula original. Aí o STJD julga e acabou”, afirmou o coronel Marcos Marinho, presidente da comissão de arbitragem da instituição estadual.

“O que ele fez é permitido. Não tenho nada contra, mas não sei o que aconteceu. Ele pode ter sido aconselhado, talvez até por um advogado, para não ser punido lá na frente. Já tivemos outras ações assim, mas por erros e não por revisão de julgamento técnico. Às vezes você interpreta o lance e acha que não é grave. Aí pode ser questionado e mudar. Esse é um perigo”, adicionou Marinho.

Petros empurrou Claus no primeiro tempo do clássico contra o Santos. Ele será denunciado pelo STJD por agressão ao árbitro, e por isso pode receber suspensão de até 180 dias. O Corinthians tenta desqualificar o artigo 254 e enquadrar o jogador em outra infração.