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Zona de rebaixamento pressiona mais diretoria do Palmeiras do que Gareca

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

18/08/2014 06h01

Mais uma derrota, apenas um ponto somado no Brasileirão e uma sequência de nove jogos sem vencer no Nacional. O panorama do Palmeiras, por incrível que pareça, pouco abala a imagem de Ricardo Gareca. Quem sai perdendo é Paulo Nobre, o presidente, e José Carlos Brunoro e Omar Feitosa, nomes responsáveis pelo futebol palmeirense, que perdeu mais uma no último domingo (17), desta vez, para o São Paulo.

A situação reflete o fim da paciência com a atual gestão por parte da maioria do Conselho e da torcida, que foram dormir de cabeça inchada com a sua equipe entrando na zona de rebaixamento e revivendo o drama da queda, fato que já aconteceu em 2002 e 2012. 

Gareca ganha prestígio não só pela clara evolução de sua equipe dentro de campo e por novos métodos de treinamento na semana, mas também pela postura que adota nas entrevistas. No domingo, por exemplo, reconheceu que sua equipe está melhorando, mas que tem limites e cogitou a sua saída. Caso isso aconteça, a mudança será por sua livre e espontânea vontade, já que a alta cúpula não cogita demiti-lo.

Enquanto isso, a diretoria passa calada e omissa em meio ao momento de crise. Paulo Nobre até se pronunciou antes da partida, mas não deu uma palavra sobre a situação de sua equipe após o clássico, assim como Brunoro. 

O apoio a Gareca também reflete o que já aconteceu com o Palmeiras nos últimos anos. Passaram no cargo o multicampeão Vanderlei Luxemburgo, o tetra brasileiro Muricy Ramalho, e o, até então, ídolo Luiz Felipe Scolari. Já houve apostas, com Gilson Kleina, e até com a manutenção prolongada de interinos, como Jorginho e Alberto Valentim. E de nada adiantou. O time não apresenta um padrão de jogo, oscila muito e pouco ganha. O mais curioso é que a evolução mais clara no aspecto tático vem logo agora, nos dias mais conturbados do argentino no comando.

Paulo Nobre viveu os momentos mais intensos no "inferno verde" ao ver Alan Kardec fazer o gol da vitória. O atacante do São Paulo deixou o Palestra Itália por uma polêmica economia pedida pelo presidente. O que piorou a situação foi o fato de Brunoro chegar a acertar salários com o jogador. Não adiantou.

Antes disso, Nobre já tinha vendido Hernán Barcos, brigou com a torcida organizada e também com a construtora de sua nova arena. Tentou renovar o poder ao dar cargos para jovens conselheiros, mas pouco ouve seus pares e gosta sempre de ser o dono da palavra final. Aos poucos, perde o apoio de muitos dos que estiveram ao seu lado na última eleição e já até cogita não manter Brunoro em uma eventual reeleição. 

Sua vitória no pleito de novembro, aliás, já não é dada mais como certa, como era antigamente. O que lhe dá força é a rejeição que seu principal concorrente, Wlademir Pescarmona, ainda tem. Fato que vem diminuindo cada vez mais com o trabalho corpo a corpo que o candidato à presidência faz diariamente no clube. 

Os pedidos pela saída de Brunoro, Nobre e Omar já começaram há um tempo e ganham cada vez mais adeptos. Até mesmo a organizada poupa os jogadores e a comissão técnica, com exceção de Valdivia, para protestar apenas contra a direção. 

Na quarta-feira, após a partida contra o Sport, apesar de todo o prestígio, Gareca deixou claro que poderá "pedir o boné" e sair em caso de uma nova derrota. No domingo, ele avisou: "Eu tenho limites e cada vez menos créditos".