História recente mostra que saída de Gareca não resolve falhas do Palmeiras
Ricardo Gareca avisou que tem limites e que não pretende ultrapassa-los no Palmeiras. O recado foi um claro sinal de que novas derrotas no Brasileirão podem ser decisivas para a sua saída do cargo. O torcedor, no entanto, tem mais motivos para lamentar a possibilidade do adeus do argentino do que comemorar. E a história recente palmeirense mostra o motivo.
A começar pela sucessão no comando recentemente na equipe alviverde. Recentemente, a história passa pelo nome de Vanderlei Luxemburgo, demitido por Luiz Gonzaga Belluzzo mesmo com o título do Paulista conquistado em 2008 por causa de insubordinação. Depois dele, passaram pelo cargo Muricy Ramalho, então nome aclamado como melhor do país, e de Luiz Felipe Scolari.
As escolhas significavam apostar e pagar caro em nomes com muita grife e que traziam um currículo de peso. As escolhas livravam os dirigentes de críticas e qualquer falha no trabalho seria direcionada e colocada nas costas dos treinadores. Entre altos e baixos, o máximo alcançado foi o título da Copa do Brasil de 2012, com Felipão, mas que foi seguido do seu abandono e do rebaixamento em sequência.
Além das apostas em nomes de peso, os torcedores palmeirenses já viram seus dirigentes apostarem em nomes emergentes, como era o caso de Gilson Kleina, que despontava no cenário paulista após uma boa campanha com a Ponte Preta. O ápice do treinador foi no Paulista de 2014, após o título da Série B no ano anterior, mas os constantes desmanches no time impostos pela política financeira acabaram com a chance de sucesso do comandante.
Além das sucessivas trocas de comando, o Palmeiras também já experimentou diferentes estilos de administração. Passando pela busca pelo título como prioridade, na gestão de Luiz Gonzaga Belluzzo, até a ideia de melhor saúde financeira, com Paulo Nobre. E, mesmo assim o futebol experimentou momentos de oscilação, ora com descontroles nos vestiários, com direito a desabafos de diretores de futebol, como foi o caso de Wlademir Pescarmona em 2010, ora com momentos de deficiência técnica, como foi no fim da Era Kleina.
Só nos últimos 20 meses, 35 jogadores foram contratados e alguns nomes nem jogaram. Há o caso de Victorino, que atuou apenas uma vez desde que chegou. Mesmo assim, ainda há falhas graves na formação do elenco. O time não conseguiu achar um lateral direito e precisa apostar no improviso de Wendel ou no quase indefensável Weldinho. No meio-campo, com todas as contratações, o único que realmente faz a diferença é Valdivia, que não consegue uma regularidade.
É justamente essas adversidades que o conhecimento de Ricardo Gareca tem conseguido vencer. As apostas no futebol argentino diminuem a necessidade de investimento, como é o caso de Augustín Allione, que mostra uma evolução a cada jogo.
Taticamente, a insistência de Gareca na compactação e obediência tática, imposta por diferentes estilos de treinamento, também já dá resultados. Não à toa, o time jogou por boa parte pressionando o atual líder Cruzeiro e só não venceu o São Paulo, que ostenta nomes como Kaká, Pato e Ganso, por falha técnica de Henrique, substituto para Alan Kardec.
O jogo desta quarta-feira, diante do Sport, pode ser o fim de um ciclo ou o marco para uma continuidade na mudança de trabalho. Ao contrário do que tem acontecido nos últimos anos, a zona de rebaixamento pressiona mais a diretoria do que o treinador. Curiosamente, pela primeira vez na história recente, há a unanimidade entre os conselheiros de que a culpa não está no comanda técnico.
Até por isso, diretores e torcida não picham muros e levantam faixas pedindo a saída do argentino. O alvo é Paulo Nobre e sua turma, liderada por José Carlos Brunoro e Omar Feitosa.
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