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Seis meses depois, Mano Menezes finalmente terá a zaga que queria

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

21/08/2014 06h00

Quando Mano assumiu o Corinthians, a melhor zaga do Brasil tinha Paulo André pela esquerda e Gil pela direita. Desde que perdeu o primeiro para o futebol chinês, ele nunca teve o que queria na defesa. Seis meses depois, o técnico alvinegro finalmente poderá compor a defesa com um homem de marcação firme e outro com boa saída de bola, como sempre quis.

Anderson Martins foi revelado pelo Vitória, fez parceria com Dedé no Vasco e foi contratado do Al-Jaish, do Qatar, para ser titular. Com a ida de Cleber para o Hamburgo, ele terá caminho livre para formar a dupla do Corinthians ao lado de Gil, dando ao time a saída de bola que Mano tanto quis.

“A característica do Anderson equilibra mais a saída de bola pelo lado esquerdo. Pela entrada do Cleber, tivemos de recolocar Gil pelo lado esquerdo quando sabemos que ele é destro. Agora, podemos devolver o Gil para a direita e essa saída fica naturalmente tão boa pela esquerda quanto pela direita”, disse Mano Menezes, ressaltando que qualquer mudança tem "coisas boas e ruins". 

O treinador é polido e evita expor Cleber, mas internamente sempre admitiu a dificuldade que isso causava. Além dos lados trocados, pesam contra a dupla Cleber e Gil a dificuldade técnica com a bola nos pés. Ao lado de Ralf, eles fazem com que o início das jogadas do Corinthians fique deficiente.

O resultado é um time que aciona Guerrero mais vezes que em outros tempos, abusando da ligação direta. Nos jogos em que tentam o caminho mais difícil, não são raros os sustos na torcida, com erros de passe em áreas perigosas do campo.

A formação com Paulo André e Gil foi a melhor do Brasileiro do ano passado, sob o comando de Tite. Foram 22 gols sofridos em 38 jogos, 13 a menos que a segunda melhor defesa do torneio, do Grêmio. Além da marcação, a dupla servia para iniciar as jogadas do Corinthians, especialmente pelo lado de Paulo André.

Depois que o zagueiro foi para o Shanghai Shenshua, Mano tentou manter o modelo de zaga que queria. Enquanto a torcida pedia Cleber, comprado como revelação da Ponte Preta, ele apostou em Felipe, que estava encostado na reserva e nunca havia convencido. A ideia era dar espaço a alguém mais parecido com Paulo André do que com Gil, justamente para equilibrar as valências da defesa.

O problema é que o jovem zagueiro vacilou seguidas vezes e virou alvo da torcida. Cleber entrou e fez a torcida esquecer as críticas, com seu jeito de xerife e a parceria com Gil. Mano, ainda que quisesse, não podia simplesmente colocar Anderson Martins em campo, sob o risco de criar um atrito desnecessário com o público e o próprio time.

Isso não significa que ele quisesse Cleber fora do Corinthians. Para o treinador, o zagueiro estava evoluindo e poderia ser útil ao plantel. Sem ele, e com Gil na seleção, Mano terá novamente de recorrer a Felipe.